sábado, janeiro 28, 2006

alone

porque sim. porque a estrada é comprida. e é de noite. não conheço o Caminho e não sei ler mapas nem decifrar códigos. sei de ti que não estás aqui, sei de mim que continuo em frente. corto as curvas e sigo às cegas. porque me procuro sem te procurar. porque já não me entendo. caio, tropeço. e já não sei nada. sozinha. porque sim. porque tem mesmo de ser. é o único caminho que conheço.


"Se não te deste a ninguém...magoaste alguém..."- Carta, Toranja

7 comentários:

Anónimo disse...

Já leste o Salinger? Sim, eu sei que o Hemingway te aborreceu mas tenta o Salinger: um homem foi à praia, tomou banho, observou por instantes como que enlevado o voo amplo e sonolento das aves no céu; em seguida, enroscou-se confortavelmente na cadeira de lona, fumou apreciativamente um último cigarro, apagou a ponta escaldante na areia a seus pés, afagou um rapazito que brincava por perto, levantou-se preguiçosamente, subiu ao quarto do hotel e deu um tiro na cabeça.
O absurdo com uma precisão tão minuciosa e cirúrgica que o torna um lugar quase de eleição entre as incontáveis razões para desesperar.

Rute Coelho disse...

agora sei que és mesmo TU e fico suspensa entre o a surpresa e a vontade de te falar. de quebrar o silêncio e perguntar o porquê de tanta coisa. Porque é que o tempo não espera?

Anónimo disse...

De facto, não espera, Maria da Lua: é trágico mas não espera mesmo...
Quanto ao resto: mas tu JÁ ESTÁS a falar, pequena!...
Outra coisa: tens feito lasagna?...Visto cinema do Canijo ("Noite Escura" «and the such»?)
Eu descobri recentemente um filme com coisas muito estimulantes e, com frequência, mesmo francamente comovedoras da Jane Campion, uma «coisa» do Fantas chamada "Um Anjo à Minha Mesa" e, sobretudo, uma outra «coisa» («espumante», excessiva e fabulosamente pícara, essa!) também do Fantas, chamada "Na Maior". Vê-me aquilo, «Maria»! É uma mistura soberba (por vezes empolgante, mesmo) de Kubrik, Anthony Burgess, Alan Sillitoe, John Osborne, Linsay Anderson (dos bons tempos em que ainda era "young man" e "angry" e fazia «objectos» impossivelmente belos e excitantes como o "If...") com muito "Lazarillo de Tormes" pelo meio. Um regalo, Princesa! Um pecado absolutamente imperdível e impossível de não cometer! Vê-me «aquilo» e continua a dizer-me coisas de ti.

Anónimo disse...

Mas diz mesmo, ouviste?...

Doctor Zob

Anónimo disse...

Ainda a propósito de "Na Maior": se os animais falassem (o Tony Blair, por exemplo) seria inevitavelmente naquela língua ácida e pungentemente desencantada: aquele É o cinema do «blairismo»! Se queres perceber como «funciona» o pântano-Inglaterra hoje-por-hoje, não «me» percas «aquilo», ham!

Anónimo disse...

A propósito: como vai a tua novela? Concorreste ao prémio? GANHASTE-LO?

Doctor Zob

Rute Coelho disse...

Não concorri. Deixei de fazer lasanha. deixei de dormir tarde.a vida mudou de curso. e o curso está a dar as últimas por isso tenho de me aplicar. é estranho falar por aqui. escreve. como dantes. fico á espera. como sempre.