Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha
carne
Ele sem ela não é ninguém
(Música
Ele e Ela, letra de Carlos Canelhas)
“…Ela apareceu e a beleza dela desde logo o prendeu…”
O teu corpo é feito de mim. Por isso
cada centímetro da tua pele tem o meu código intrínseco. E as tuas mãos
conhecem-me devagar.
Nada nos distingue e, ainda assim, há
uma música branca e estranha, que se desprende do teu corpo. Que me faz desejar-te.
De cada vez que piso a terra molhada
deste pomar, sei sempre que estou em casa. Porque onde tu estás, será sempre o fim
do meu mundo.
Por vezes,
foges para lá dos meus dedos e do meu entendimento. Nesses momentos receio pela
nossa imortalidade.
“…Sei quem ele é, ele é bom rapaz, um pouco tímido até…”
O meu corpo é feito em ti e por isso os
meus dedos rasgam-te a pele sem mapas. Quase que somos iguais. Na carne e no
sonho. Quase que nos basta existir assim. Tu primeiro, eu depois.
Permanece em mim o insondável mistério.
Não entendo porque não me basta nosso beijo para apaziguar a minha sede. Para
mitigar o desejo. Do mais além que não conheço. Ter-te tatuado na minha pele
será sempre pouco.
“Só
fala nela cada momento, vive com ela no pensamento”
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Acho que poderíamos ter sido eternos se
o mundo não estivesse à nossa espera.
“Ele
sem ela não é ninguém”
Somos feitos de uma imperfeição
predestinada. E ainda assim somos pais de tanta gente.
* Nota. Todas as passagens em itálico são transcrições da canção “Ele e
Ela” com letra da autoria de Carlos Canelhas.
* Publicado na revista NConstrast em 2008