quarta-feira, outubro 26, 2005

porquê?

(porque não sei responder à tua pergunta...)



o grito lacinante vindo do nada. abafado pelo choro contínuo dos demais. olho-os à minha volta. e não compreendem a minha dor. a furiosa pergunta que me destrói, me cansa, me revolta. porquê tu? porquê agora? cresce dentro de mim, sufoca-me a garganta. isto é tudo medo do depois. de como vão ser os dias sem ti. e medo do antes. de não ter dito vezes suficientes que te amava. que foste tudo. agarro-me aos outros procurando um consolo que não existe. murmuro palavras mecanicamente. entre o pesadelo e o terror de acordar e saber que tudo isto é verdade. esta sou eu.
nem se quero viver depois disto tudo, para quê insistirem comigo para eu beber, comer ou dormir. não quero ser forte. não quero ter calma ou paciência. nem aguento mais as condolências. é tudo tão definitivo hoje... preciso de ti. mais do que nunca. Onde estás? Porquê?



hoje dói ainda mais do que ontem. hoje vi-o pela última vez. agora não mais. vivo ou morto.

terça-feira, outubro 11, 2005

meias verdades

meias verdades ou meias mentiras. em que me quero esconder. afogar as lembranças em enganos mais ou menos credivéis. construo à minha volta um mundo do qual não saio. não é seguro. um passo em falso. e quem sabe? posso-me apaixonar. por ti, sim. que me dizes palavras demasiado bonitas para serem para mim. E, não, não acredito em ti. já te disse. não saio deste meu mundo.
Ameaças que me vens buscar. no fundo até acredito que poderias conseguir fazer-me correr riscos. até (nos dias bons) quase acredito que te posso amar. a verdade escondida nas minhas mentiras. pequeninas. para doerem menos. ( e mesmo assim já doem tanto...) amo-te mas não e digo. esta é a mentira que aprendi a disfarçar cada vez mais melhor. a verdade que não vais ouvir. nunca dos meus lábios. essa é a minha pequenina vitória. e é também a minha derrota.

domingo, outubro 02, 2005

"Inscrição sobre as ondas"


"Mal fora iniciada a viagem um deus me segredou que eu nao iria so. Por isso a cada vulto os sentidos reagem, supondo ser a luz que o deus me segredou"


David Mourão- Ferreira