(porque não sei responder à tua pergunta...)
o grito lacinante vindo do nada. abafado pelo choro contínuo dos demais. olho-os à minha volta. e não compreendem a minha dor. a furiosa pergunta que me destrói, me cansa, me revolta. porquê tu? porquê agora? cresce dentro de mim, sufoca-me a garganta. isto é tudo medo do depois. de como vão ser os dias sem ti. e medo do antes. de não ter dito vezes suficientes que te amava. que foste tudo. agarro-me aos outros procurando um consolo que não existe. murmuro palavras mecanicamente. entre o pesadelo e o terror de acordar e saber que tudo isto é verdade. esta sou eu.
nem se quero viver depois disto tudo, para quê insistirem comigo para eu beber, comer ou dormir. não quero ser forte. não quero ter calma ou paciência. nem aguento mais as condolências. é tudo tão definitivo hoje... preciso de ti. mais do que nunca. Onde estás? Porquê?
hoje dói ainda mais do que ontem. hoje vi-o pela última vez. agora não mais. vivo ou morto.