domingo, maio 21, 2006
os sons do silêncio
porque te escrevo. nestas palavras mudas. ambíguas. circulares. onde me perco e te tento encontrar. despertar-te para mim. e chegar ainda que devagar e a medo a ti. que habitas em qualquer parte. que podes ser qualquer um. que me intrigas e me surpreendes. me desafias e me abandonas. tudo em ti são palavras. silêncios que se perdem na distância. algures num local que não conheço e quero encontrar. ver. olhar. perceber. sentir o que sinto nas palavras. ouve-me aqui. escuta a impaciência de uma juventude que me atravessa o olhar e se crava nos olhos de quem vê. toca-me. sente a pele quente e enlouquecida. usa as palavras. o silêncio da música que preenche os espaços tão vazios entre mim e ti. encontra-me. espero por ti. no silêncio. que disfarço com as palavras. as minhas ou as tuas?
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9 comentários:
Imagino-te a escrever, sentada imóvel, debaixo da árvore dos silêncios (cujos ramos mais altos são a tarde em desequilíbrio
rolando pelo vento)
as palavras mordendo, uma a uma, a boca de esperança.
Murphy
queria pelo menos poder perder-me na imaginação e criar uma imagem de ti. não sei quem és. o que és. e porque me fazes escrever assim. a paixão nos dedos. de volta como há tanto tempo não sentia. conseguiste fazer renascer essa sede. o fogo. a dimensão do acontecer nas palavras dentro de mim. fizeste-me olhar para dentro. isso dói, sabias?
o que imaginas quando me imaginas?
EU sei o que imagino---mas não posso dizer-to, neste momento, porque acredito que «dizer as pessoas» sem as conhecer verdadeiramente equivale, de algum modo bem claro e violento, a colonizá-las---ou a entrar dentro delas para as oprimir de dentro de si mesmas, tentando que sejam um pouco menos elas.
Por isso, reservar modestamente para nós a nossa própria imaginação corresponde, de facto, a um acto (ou a um todo um programa) de verdadeira liberdade que não quero, em caso algum, trair.
Desculpa, pois, 'Maria'...
Vais, pelo menos para já, ter de imaginar tu mesma aquilo que EU imagino...
vou ter de ficar pela imaginação? por esta irrealidade de palavras que de algum modo preenchem os meus dias? algum dia serás realidade?
Ah, estavas aí, cachopa?...
Estavas a fazer a ti mesma a pergunta que a mim fazia: serei eu realidade?
Quem sabe!...
estou aqui. e tu onde estás?
No limbo, claro!
Estás na «tal» casa de que, afinal, não te desfizeste?...
No teu "pequeno paraíso pessoal rente à terra"?
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