O que sei da vida: Que se acaba. Que se derrete no milésimo de segundo em que adormeceste e passaste o sinal vermelho. Eu ia morrendo e tu navegas pela morte à procura de um caminho na cama do hospital.
O que sei da vida: Que se acaba lentamente numa cadeira de rodas com um cancro a corroer-te o cérebro e coarctar-te para sempre os movimentos, a fala, a visão e a audição.
O que sei da vida: Que se acabou hoje neste cemitério.
Ainda é Verão e chove. A vida acabou-se por detrás dos óculos escuros que sustém as lágrimas que não podemos chorar à frente uns dos outros. E admitir que a vida se acaba assim depois de um transplante que prometia os anos em que poderias continuar por cá. A sorrir. Tinhas um sorriso lindíssimo de manhã quando chegavas ao trabalho e dizias que era bom continuar por cá.
Neste Verão parece que o que sei da vida se resume a isto: ela acaba-se.
(E talvez tenhas razão, é bom continuar cá... mas não nestes dias em que tudo se acaba.)
2 comentários:
Um beijo...
Tens uma escrita muito boa. A vida deve te ter ensinado mesmo sem tu perceberes que não é ter 15 28 ou 60 anos que vai fazer a diferença, mas sim tu saberes uzar a tua força! porque a força está sempre em nós.
um beijo
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