segunda-feira, março 30, 2009

Espelho d' água.

Colhe-se a luz nas imagens que te enfastiam a memória. Não te escondas nos buracos negros das lembranças. Existimos mesmo um dia. Ainda que por uma noite. Fomos banco de madeira, veludo de cinema e cetim numa qualquer cama. Existimos porque estávamos sozinhos e precisávamos de nós mesmos. De nos ver reflectidos em alguém. As tuas lágrimas a final, não são por mais do que um espelho d’água. Onde me vejo e me encontro. Ainda mais negra do que antes. Antes de te ferir.

Lanço pequenas pedrinhas ao charco para que possas emergir dessa dor excruciante. Provoco-te. Faço-te à viva força lembrar que existo. E que existimos. E que tens que me esquecer.
Espelho d’água em pequenos rodopios de dores. Ainda assim um sorriso. Como eu te lembro.

Nessas nossas noites que ninguém há-de nos roubar.
Nem nós de esquecer.


Provoco-te. Porque me obrigo a esquecer-te. Sem querer.

3 comentários:

Carlos Machado Acabado disse...

Oh, "Maria", se tu chamas a um texto como este "plástico"!...´
Apenas o "fecho" não "fecha", na minha modestíssima opinião, com a força e aquela "carga" de surpresa ou de capacidade instintiva para levar o próprio empolgamento crescente do texto à culminância, que um texto destes pede, 'exige', justifica.
Mas (vai-te lá "amolar"!) o conjunto é MUITO bom, ouviste?...

Eclipse luar disse...

Bem So tu poderas perder essas noites. Realmente ninguem as pode roubar são tuas.
Gostei muito deste blog.Acho que vou acampar por aqui
bju

Peixinho disse...

Um dia ponho a mochila as costas e vou conhecer o mundo contigo! Um final deste genero é melhor. Mas adorei todos os poemas xD *