Natal. Apenas mais um. A minha lenda é já imortal. Sou o avô dos mais pequenos e o pai daqueles que nunca crescem. O Pai Natal. Este ano estou cansado, velho e triste. Melancólico também. Os anos passam por mim. As coisas transformam-se. E as pessoas que amo morrem. Eu não. Continuo bonacheirão, gordo e sentado junto de um pinheiro. Já distribui as minhas prendas e desta vez não esqueci ninguém, nem sequer as minhas renas que trabalham imenso nestes dias. Por isso e porque a idade permite estes pequenos luxos, deixo-me ficar sentado, junto da lareira, contemplando o meu pinheiro engalanado com os rostos de todos aqueles que por mim já passaram. Não quero saber de bolas esplendorosas, sinos pomposos ou mesmo de estrelas prateadas. Olho estas estrelas (as verdadeiras estrelas que brilham para sempre) e sei que elas são o meu verdadeiro céu. Na maioria, crianças. De sorrisos mágicos. Olhos cheios de sonhos e rostos repletos de histórias que ficarão por contar. São tantas... Ser uma lenda imortal tem destas coisas. Perde-se a noção de quanto tempo passou e quanto ainda falta passar. Continuo sentado no meu sofá. Desejando de novo mais um Natal. Mais sorrisos. Mais crianças. Apago a lareira e todas as luzes. É quase meia-noite. Espero silenciosamente. Bem-vindo Pai- Natal...
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