segunda-feira, agosto 25, 2003

Livre...

Manhã de nevoeiro. É tão natural aqui. Quase banal. Aspiro a humidade que se mistura com o cheiro a maresia e que se cola suavemente ao corpo. Fecho os olhos. é bom estar assim... sozinha no vazio. Cheia de paz. Cheia de ti.
Depois quero mais. Descalço as sandálias e enterro os pés na areia fina e ainda fria... o vento despenteia-me o cabelo. Devo parecer um espantalho! Noutras alturas talvez isso fosse importante. Isso do cabelo. Isso da imagem. Da postura. Mas hoje. Agora. Não.
A água está gelada. Como também é natural aqui. Principalmente a esta hora. Quase madrugada.
Num impulso para o qual não me apetece arranjar explicações, desato a correr pelo extenso areal. Devia parar aqui. Sinto-me cansada. Mas continuo... Não quero. Não posso. Parar.
A praia é só minha. A linha molhada do horizonte é o meu limite. Quero alcançá-lo. Segurá-lo na minha mão. E continuar sempre. Entro na água. Mesmo vestida. Já não sinto frio. Já não sinto nada. Sou só livre.
Por hoje. Por agora. Aqui é só mesmo isso que importa. A liberdade.

Maria da Lua

Sem comentários: