Fala-me de tudo o que quiseres. Mas peço-te. Imploro-te, não me fales de amor. Fala-me de paixão, aventura e loucuras. Amor, não. Não me fales de amor, de partilha, de carinho. Podes-me falar de prazer, de carne e de calor. Jamais de amor. Proíbo-te. Não quero silêncios ou promessas. Juras ou compromissos. Futuros ou passados. Quero-te só aqui. Não, lá fora, com toda aquela gente a olhar-nos e a inventar-nos sentimentos.
Sem sombras nos olhos. Sem medo de amanhã ao acordar, não te ver. Sem medo de te tocar e não encontrar em ti, o que sempre encontrei. É este o medo. São estas as sombras que não quero ter. Sem perguntas desnecessárias, justifico-me. Sim, houve alguém antes. Se ficas mais descansado, dir-te-ei que sim, que esse alguém me fez mal, só assim compreendes que a culpa não é tua, e que não podes tentar-me convencer a falar, a querer falar de amor.
Não sei porque preferes as mãos dadas num jardim, quando podes ter o meu corpo junto ao teu numa qualquer cama, não entendo o teu gosto em sair a meio da tarde para me levar a um restaurante romântico e, no fim, dares-me um anel e declaraste eterno. Eu sei, tu sabes, todos sabem, a eternidade acaba num qualquer momento. Não te quero eterno. Não tanto tempo, não quero incorporar o teu cheiro no meu corpo. Não quero ser a tua princesa, nem quero que tu, o meu encantado príncipe, me salve das muralhas da solidão. São obra minha. Não do anterior alguém, o qual culpas por todos os “azares” da nossa relação.
Esse, só me embebedou com uma bebida doce, que engoli num só gole. Juntou amor, paixão e loucura. Noites, luas, mãos dadas nos jardins, promessas, juras, anéis e restaurantes. Porém, a verdadeira essência da bebida estava escondida, o poderoso álcool, só o descobri no fim, quando a doçura se transformou em amargura. Não, amor, não. Não me fales de amor. Tapo os ouvidos e esqueço-me de que falas. Tarde ou cedo, calar-te-ás. Espera, podes continuar. Não espero por nenhum amor. Tenho a eternidade para te ouvir.
Não sei se sabes, nem sei se é importante dizer, mas aqui vai: amo-te...
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