preto, carregado de franjas, histórias e mistérios. O xaile da minha avó. Que pus por brincadeira um dia para me assemelhar a ela. Naquelas brincadeiras de infância em que queremos ser grandes e parecidas com as pessoas de quem mais gostamos. Eu gostava dela e gostaria de ser como ela.
O xaile que me assenta como uma luva hoje é apenas um pormenor no muito que me assemelho à minha avó. O rosto e as minhas histórias parecem por vezes um decalque do que foi a vida dela. Cheia de franjas de um fado triste e vadio, de histórias de rua e mistérios de um coração que nunca nenhum homem acabou por verdadeiramente desvendar. Assim foi ela. Assim sou eu. Por acabar de desvendar.
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