Colhe-se a luz nas imagens que te enfastiam a memória. Não te escondas nos buracos negros das lembranças. Existimos mesmo um dia. Ainda que por uma noite. Fomos banco de madeira, veludo de cinema e cetim numa qualquer cama. Existimos porque estávamos sozinhos e precisávamos de nós mesmos. De nos ver reflectidos em alguém. As tuas lágrimas a final, não são por mais do que um espelho d’água. Onde me vejo e me encontro. Ainda mais negra do que antes. Antes de te ferir.
Lanço pequenas pedrinhas ao charco para que possas emergir dessa dor excruciante. Provoco-te. Faço-te à viva força lembrar que existo. E que existimos. E que tens que me esquecer.
Espelho d’água em pequenos rodopios de dores. Ainda assim um sorriso. Como eu te lembro.
Nessas nossas noites que ninguém há-de nos roubar.
Nem nós de esquecer.
Provoco-te. Porque me obrigo a esquecer-te. Sem querer.
segunda-feira, março 30, 2009
sexta-feira, março 13, 2009
Tão perto e tão longe
Se esticar o braço, toco-te. Se te tocar, ferves por dentro. Mas não mostras. Nunca.Quase nunca, por vezes, nessas mesmas vezes em que te enganas e me permites apanhar-te em falso. Nessas vezes arrisco tudo. O mundo, o sonho, a dor do depois. Quase tudo. Mas estás mesmo aqui ao lado. No toque quente que aquece o frio deste Inverno. No carinho da comida pronta quando se chega a casa tarde. Na felicidade insurrecta de fazer de uma fatia de bolo-rei dura, um delicioso bolo de anos. Na ternura primitiva que permite o aconchego das tuas mãos aos meus seios. Tão longe e tão demasiado perto.
Deixa que me confesse:
Nao mudaste apenas um ano no calendário do amor. Mudaste o amor. A forma e a textura do amor. Mudaste tudo. No fim e imperetivelmente, mudaste-me a mim.
Tão perto de mim, tão longe de seres meu...
Deixa que me confesse:
Nao mudaste apenas um ano no calendário do amor. Mudaste o amor. A forma e a textura do amor. Mudaste tudo. No fim e imperetivelmente, mudaste-me a mim.
Tão perto de mim, tão longe de seres meu...
quarta-feira, março 04, 2009
Faz um frio imenso, sabias?
é um bocado de adeus. é um pedaço do Verão tardio que se desprendeu de mim. é uma pequena despedida porque foi tudo tão pouco. é a página em branco onde dantes abundavam as palavras. é a ausência distante da presença. é o ruído ensurdecedor do silêncio. É o grito que se ignora. é um bocado de adeus. é uma dor agudinha. é o cigarro fumado sem perdão. é o hábito. é por isso um adeus. breve como tudo o que restou de nós. E faz um frio imenso, sabias?
aqui, dentro de mim. onde tu já não podes estar...
aqui, dentro de mim. onde tu já não podes estar...
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