segunda-feira, agosto 13, 2007

Reler

Este espaço faz este mês quatro anos. Aproveitei para reler o que o tempo fez de mim nestes quatros anos e se traduziu em palavras escritas neste blog. Às vezes é bom olhar para trás...
As motivações durante estes quatro anos foram quase sempre as mesmas. A confissão, o diálogo interior, o pedido interno (ou externo?) de socorro, a expressão intíma da dor, da ternura, do amor e das minhas paixões. Este espaço não têm nomes, nem datas, nem idades ou raças. A escrita vale por ela mesma. Somos todos iguais não é? Ou pelo menos por dentro de nós sentimos todos da mesma forma e este espaço, ensinou-me isso mesmo. Por aqui cruzam-se pessoas de todas as idades, raças e géneros e todos eles de alguma forma se identificaram com as minhas palavras. É essa a razão pela qual este espaço ainda dura. É também uma das razões pelas quais escrevo noutros formatos e noutros lugares.

segunda-feira, agosto 06, 2007

A ti


O mundo tem uma dívida comigo. Uma dívida de amor, como me disse a minha psicóloga. Talvez ela tenha razão, no que diz respeito à dívida, mas não é com o mundo. É contigo.
Desde bebé, habituei-me a não acreditar nas palavras, nas minhas e sobretudo nas dos outros. Tudo isto tem uma explicação. Quando disse a minha primeira palavra, tu tinhas acabado de sair de casa. E eu precisava de alguém que me sorrisse, me pegasse ao colo e ficasse feliz por mim. Não tive nada disso. Ninguém se apercebeu de que eu tinha chamado por ti. Ao fim de uns poucos anos deixei de chamar. Percebi que não valia a pena. Pai, era apenas uma palavra sem significado, como tantas outras que fui aprendendo ao longo destes anos. Mãe, confesso que também já me disse mais. Um dia, há pouquíssimos anos, disse-me quase tudo, disse-me que era altura de desistir dela e deixá-la viver. Deixei-a viver o suficiente, para ela num dia lindo de Primavera, se suicidar. Ao princípio, pensei que fosse ironia, a Primavera, é a altura, onde tudo nasce. E ela morria. Descobri que não era ironia, era a altura propícia para ela renascer, num outro sítio. Onde e quando, não sei. E penso, sinceramente, que não quero saber. Prefiro agarrar-me a esta ideia de continuação e de renovação. Nada se perde, tudo se transforma.
Transformei a minha raiva em palavras, nas quais alguém acredita. Eu vou acreditando com o passar dos dias. Afinal uma mentira tantas vezes dita, torna-se verdade, ao fim de uns tempos...
Não ter pai, foi sempre a mentira, que me fizeram acreditar, hoje sei que é a verdade, com a qual tenho de conviver diariamente. Já sem medo. Quase sem dor.

quinta-feira, agosto 02, 2007

Porto


Porque é a outra metade de mim. Regresso amanhã para o reencontro de abraço apertado à minha outra cidade que amo como se fosse realmente minha. Quando atravessar o rio saberei que estou em casa. Como se nunca tivesse realmente saído. Das ruas estreitas e escuras. Da Ribeira. Da Foz. Do "Piolho", do Palácio de Cristal, de Sta. Catarina ou do Majestic. Volto à cidade dos abraços, dos encontros e das eternas despedidas. Um beijo para quem fica.