quarta-feira, abril 11, 2012

Da Primavera

Em prata sombreada, a Primavera veio tocar


sem que o arco-íris tivesse tempo para despontar

ou a rosa amarela para se duplicar.



E é quente, tão-somente

Breve quanto urgente.

O ensejo permanente.

Do Outono

Estalaste o outono em folhas castanhas e verdes. Como um arranjo de mesa numa festa permanente até o frio se entranhar nos ossos, gelando as sobremesas e as lágrimas em estalactites afiadas e que retalham o músculo carente.

terça-feira, março 13, 2012

Não sei se resisto à tua primavera

Foi um Novembro espesso e encorpado que se entranhou em nós, noite de trovões avassaladora e urgente, sem demoras, porque se sangrou a vida pelos dentes em forma de beijos, e beijos a fazer as vezes de promessas. As promessas de nunca mais a substituirem as chaves dos  afectos encacerados.
O vinho quente destronou a lágrima e Março aconteceu no café  que sobe nas esferas de vidro aromatizando lentamente a casa.  Ainda não sei se resisto à tua primavera. A lamparina continua acesa. Não preciso de mais nada.

segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Amanhã de ti

Chegarei a casa e darei por ti. Pela tua ausência mascarada pela falta
de uma peça qualquer. Sou mulher. Talvez por essa condição seja dada a
pormenores, perdoa-me por isso saber o lugar exacto onde estava então o teu
candeeiro artesanal feito com o tripé de uma antiga máquina fotográfica, os
postais, as revistas, os binóculos, os flyers da tua última exposição ou
quaisquer restos de ti.

Sei de tudo e sei que tudo vai embora. Fotografo tudo nos seus lugares de hoje, para que permaneça em algum lugar inalterável. Para que o tempo se suspenda neste momento e o amanhã não tenha que acontecer para nós. Para que não me sobrem apenas restos de ti.