segunda-feira, dezembro 17, 2007

de olhos postos no céu

É Inverno eu sei. aliás sinto-o na pele. um Inverno díficil de aquecer. e entender. nos bolsos escasseiam as moedas para atirar um desejo a uma fonte. o pai natal já não me ouve há muito tempo. e os meus sonhos são simples.
Olho o céu à espera de ver essa tal estrela que tu vês. para acreditar. que o céu não pode ser negro para sempre. um dia tudo vai ser diferente. Levanto a cabeça uma vez mais. de olhos postos no céu. ainda a acreditar. na magia dos desejos de Inverno.

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Do beijo entre a tua e a minha vida

Pedes-me segredo. do quê, quero perguntar. mas não há voz suficiente para as palavras saírem. Encontramo-nos neste elevador todas as manhãs, à hora do almoço, depois à tardinha ou em noites de serão. nada mais. vivemos de olhares. festejamos os sorrisos e encontramo-nos em toques desajeitados, as parcas palavras que trocamos podem contar uma vida inteira. Mas uma vez, por uma única vez, hoje por sinal, parámos o mundo. dentro deste elevador. entre o teu e o meu andar. foi um beijo. aconteceu porque apeteceu. os rostos encontraram-se a meio de um sorriso. e não bastou. não mitigou o desejo. não queimou a paixão. as portas abrem-se. não há mais nada lá fora para nós. pedes-me segredo.

do beijo entre a tua e a minha vida

domingo, dezembro 09, 2007

qualquer coisa de imortal

É uma menina. Apenas uma menina com os seus oito anos, feitos já naquele quarto de cheiro a éter, deitada entre os lençóis com as siglas do hospital. E só essas três letras já dizem tanto. Já explicam tanto sobre ela estar aqui. Explicam a inexistência do cabelo, a cor amarelada da pele, os lábios gretados e os tubos a invadirem-lhe o pequeno corpo.
Sob a mesa de cabeceira há uma foto dela mais nova. Ela de cabelo louro caindo em cachos sobre os ombros ao pé de uma árvore de natal branca.
Era eu, explica-me.
És tu, respondo-lhe.
Acho que não, essa menina não sou eu, diz ela.
Olho novamente para a foto. Ela é capaz de ter razão. Essa menina loura não sabe o que é acordar com um sorriso nos lábios e ver a vida através desta cama. ter um diagnóstico que é quase uma setença de morte. Quase. Porque um sorriso nunca se acaba.
Um sorriso é para sempre, ensina-me , enquanto aperta com força a minha mão.
Amachuco, no bolso do casaco, os resultados do meu exame e tento sorrir como ela.
De repente já não tenho frio. só um pouco de medo.

Definitvamente há qualquer coisa de imortal nos sorriso deste hospital.