quarta-feira, dezembro 20, 2006

esperar

esperava por ti. á janela. como talvez a minha avó fizesse quando namorava o meu avô e ficava horas perdidas à espera de o ver passar. eu também esperei assim como ela. fumava um, dois, três cigarros. às vezes o maço inteiro. eu não esperava que passasses simplesmente. eu queria que entrasses. de uma vez por todas. e ficasses. absolutamente tu. porque te queria imensamente. esperava apesar de tudo. porque sempre acreditei que depois de cada despedida tua por mais dolorosa que fosse, haverias de voltar. e um dia, longe ou perto, me segredarias: és tu. nesse dia haverias de entrar, fechar a porta e ficar. nunca entraste. limitaste-te a passar por debaixo da minha espera.

depois... um dia saí da janela e fui viver a minha vida...

Esperava que esperasses por mim sempre. para sempre. até eu ter tempo de crescer. correr mundo, deitar-me com todas as ninfas e deusas, viver mil aventuras e depois só no fim desse depois voltar para ti. esperava que te mantivesses fielmente à janela à espera do nosso amor. esse nosso amor que ninguém nos há-de roubar. porque há noites que serão só nossas, acredita. foi por esse amor que esperei sempre. foi por esse amor forte, címplice e tão absoluto que corri mundo porque esperava encontrar outro igual. não encontrei. só há o nosso. agora só meu. porque não esperava que não me esperasses.

sábado, dezembro 09, 2006

aconteceres

aconteça o que acontecer, nunca te vou esquecer...



eu também não. apeteceu-me dizer-te. mesmo que quissesse. tenho como uma daquelas certezas demasiado minhas. definitivas e absolutas. que não. não te vou esquecer. e confesso-te no silêncio desta madrugada, também a mim me apeteceu chorar. nessa ocasião como nunca. quando as tuas lágrimas se misturam com a pele do meu colo, quando os meus dedos se enrolaram com os teus caracóis de menino e eu te tive como ninguém te teve. acho que foi nesse momento que percebi que nos amávamos e que erámos impossiveis lá fora.



aconteça o que acontecer.