quinta-feira, janeiro 22, 2004

de noite

sempre de noite. A luz ténue lá em cima. O convite expresso no sorriso dos teus lábios ainda húmidos do último beijo. Os cabelos desalinhados. A erva. A terra molhada pela chuva que nos apanhou desprevenidos e felizes. De noite. À noite, enquanto passeávamos pela serra e esperavámos conquistá-la. Não era difícil. Tudo parecia ser possível ali. Os beijos, os abraços, as promessas de olhares e as juras de silêncio à luz daquela Lua assemelhavam-se a qualquer coisa de eterno que ficaria sempre gravado nos troncos de àrvore em que deixávamos os nossos nomes e o sinal de + entre eles. Esquecemo-nos apenas de pôr o = . Ou se calhar, não esquecemos. Era de noite e estávamos distráidos. A chuva apanhou-nos desprevenidos. Éramos jovens. E não podíamos saber, ninguém nos avisou que as serras não se conquistam e que a seguir à noite, vem sempre o dia. Mesmo que venha devagar. A noite também morre. Como nós. Assim era este o resultado da soma que tanto quisemos gravar nos troncos das árovores. A nossa forma de eternidade. O sonho da noite. Antes mesmo do dia despontar no nosso horizonte com um sorriso ainda maior do que o nosso. É possivél?

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