atravessei a estrada e agora há um mundo que nos separa. Lá longe ficaram os orgulhos, as desilusões, as esperanças adiadas e rios de palavras que se derramaram em forma de lágrimas que tu nunca presenciaste. sempre demasiado cobarde para as ver. sempre demasiado longe para as limpar. sempre demasiado perto para as fazer acontecer.
Agora já não. Mudámos de caminho. Mudámos de cafés. De roupa e de mundo. Já não nos encontramos. Já não há lágrimas entre nós. Só meia dúzia de memórias doces que um dia substituirei por outras. Mudámos a música. Cortámos laços. Agora mais sozinhos que nunca. Mudámos de amores. E já nem sequer nos reconhecemos na rua.
Bom para ti. Melhor para mim.
quinta-feira, março 31, 2005
sábado, março 12, 2005
Limites e fragilidades
Não sabes sempre tudo. Nem sempre as palavras querem dizer sentimentos. E nem os sentimentos que pensamos sentir são realmente nossos. São dos outros. Da forma como os vemos e os queremos ver e a sensação agradavél que isso nos porporciona. E como nos habituamos a isso. Pensa bem. Nem sempre tens razão. Nem mesmo quando o teu corpo chama ansioso pelo meu e em questão de segundos o desmancha. Mesmo que eu caia e aceda a todas as tuas loucuras. Nem sempre é por amor a ti. É por mim. Para testar os meus limites. Que sei cada vez mais frágeis em relação a ti. Afinal... no fim das contas, talvez acabes por teres razão... gosto demasiado de ti.
sábado, março 05, 2005
A Carta
Entregaste à Lúcia porque tinhas vergonha de me entregares directamente a mim. Ou medo da minha resposta. A uma carta que não pedia resposta. Apenas afirmava coisas. Sentimentos que me deixaram com um sorriso na cara e uns berlindes em vez de olhos. Tal era o brilho. As cartas sucederam-se umas a seguir às outras. em jeito de confissão. Como quando vinhas tarde, eu já estava a dormir e não tinhas tempo de me dizer que me amavas. Ou quando o Zé nasceu e tu embasbacado com ele nos meus braços não conseguiste dizer nada e as lágrimas caíam-te em silêncio. Nós os três. A carta. Que me deixaste em jeito de carinho quando o Zé foi pela primeira vez à escola e eu tive medo de o começar a perder. Quando ele teve a primeira namorada ou quando fomos à sua benção das fitas. Foram tantas cartas. Tantos momentos... E agora a Carta, porque estás longe. Num sítio distante em que as palavras não te alcançam e já nem sequer falas. Agora é a minha vez de ter ler e reler e por fim escrever esta carta. Em jeito de agradecimento. Por tudo.
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