quinta-feira, julho 20, 2006

Até já

Agarro a porta. fechá-la é fechar também qualquer dentro e mim. de nós. admitir que alguma coisa se quebrou. que do encantamento de ontem sobrou apenas a despedida de hoje. as nossas mãos em cada lado da porta. tu a fechar. eu a tentar deixá-la aberta. para quem sabe um dia depois. depois da tua vida. depois da minha. Damo-nos por fim as mãos, depositas-me um beijo rápido nos lábios e fechas a porta com força. Corro até à janela para te ver. Atravessas a rua sem olhar para trás. eu sei. a vida não espera por nós. Deixo-me ficar a ver-te entar no carro e a disparar pelas ruas de lisboa. já te foste.



Até já

3 comentários:

Anónimo disse...

Pois não, a vida não espera por nós. Tens toda a razão.

Texto lindo =)
Beijinho*

Anónimo disse...

Isto está tudo errado, "Maria"!
Quando começamos a falar de portas que se fecham e abrem é porque, dentro de nós, inconscientemente, já as fechámos, definitivamente.
Não foram os "outros" que as fecharam: fomos nós, dentro de nós. O que se passa a seguir é apenas o lento processo de conferir a isso expressão objectiva, concreta, material.

"Um dia me darás razão"---comentaram os Sessenta Anos que haviam presenceado tudo, sorrindo um pouco ironicamente como se apenas vissem confirmada uma certeza sua, quase tão velha como eles...

Anónimo disse...

Really amazing! Useful information. All the best.
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