domingo, dezembro 09, 2007

qualquer coisa de imortal

É uma menina. Apenas uma menina com os seus oito anos, feitos já naquele quarto de cheiro a éter, deitada entre os lençóis com as siglas do hospital. E só essas três letras já dizem tanto. Já explicam tanto sobre ela estar aqui. Explicam a inexistência do cabelo, a cor amarelada da pele, os lábios gretados e os tubos a invadirem-lhe o pequeno corpo.
Sob a mesa de cabeceira há uma foto dela mais nova. Ela de cabelo louro caindo em cachos sobre os ombros ao pé de uma árvore de natal branca.
Era eu, explica-me.
És tu, respondo-lhe.
Acho que não, essa menina não sou eu, diz ela.
Olho novamente para a foto. Ela é capaz de ter razão. Essa menina loura não sabe o que é acordar com um sorriso nos lábios e ver a vida através desta cama. ter um diagnóstico que é quase uma setença de morte. Quase. Porque um sorriso nunca se acaba.
Um sorriso é para sempre, ensina-me , enquanto aperta com força a minha mão.
Amachuco, no bolso do casaco, os resultados do meu exame e tento sorrir como ela.
De repente já não tenho frio. só um pouco de medo.

Definitvamente há qualquer coisa de imortal nos sorriso deste hospital.

2 comentários:

Anónimo disse...

arrepio na espinha. uns respondem com guerras aos obstáculos. Outros viram-lhes as costas e seguem um caminho alternativo. Mas os mais fortes são os que respondem com esse sorriso às adversidades de uma vida que não pediram para viver, mas pela qual lutam dia após dia. E para eles, toda a força do mundo.

Anónimo disse...

Isto até parece cliché mas é a verdade: são episódios como estes que nos levam a entender pequenas grandes lições de vida e que nos dão força para sair sempre dos buracos que aparecem no nosso caminho. É preciso nunca não desistir...

Não posso deixar de me sentir muito pequenina ao lado dessa Menina igual a tantas outras.