segunda-feira, dezembro 08, 2008

Deixa

Deixa que exista um pedaço de qualquer coisa onde eu possa apenas ficar quieta. onde as minhas lágrimas não pertubem o remoer dos dias. onde o meu silêncio não signifique gritos magoados e filtrados pela correnteza do dia-a-dia. Deixa a minha almofada, o lado esquerdo do colchão. O resto da casa é tua. Deixa-me as horas mortas da madrugada e o resto do dia será teu. Terei o mesmo sorriso de sempre, a comida à tua espera no prato e o maço de tabaco preto na mesa da sala, o chá quente para engolires os comprimidos. Mas deixa-me o quadro preto para que eu possa riscar o giz branco e ensurdecer-me com aquele ruído absurdo. Assim não terei que me ouvir. Deixa-me o espelho da casa de banho e o batom vermelho, para que escandolasamente e pela última vez, eu te possa escrever "amo-te". Deixa-me um recanto de história para que eu possa sentir saudades e voltar sempre que o mundo lá fora doa demais. Faz-me ser de outros homens, liberta-me do ensejo de ser tua e larga-me a mão.

6 comentários:

Anónimo disse...

é sempre com alegria que vejo cada post teu mesmo depois de semanas de ausência :)

tu ainda vais ser muito feliz, acredita!!!

K. disse...

Gosto sempre de como escreves.

c.bruno disse...

tens as melhores palavras de amor. seja para o encontro, para o enamoramento ou para a despedida :)

Anónimo disse...

não sou sol porque já não tenho chama.estrela também não porque deixei que se esvaísse o brilho que retinha em mim.abrigo-me agora neste luar.um beijo ardente.para ti.invicto.como tu.como eu.como todos os beijos deveriam ser.sempre.

delusions disse...

"Deixa-me um recanto de história para que eu possa sentir saudades e voltar sempre que o mundo lá fora doa demais."


porque gosto sempre de aqui voltar...



Bom ano*

Eclipse luar disse...

Muito sentido este. Mas quem tem de fazer esse recanto penso que só poderas ser tu.
bj