domingo, setembro 27, 2009

De luto...

Luto para que sejas tu. Na maior parte dos dias, fecho os olhos com muita força e tento esquecer esta luta. Porque é uma luta inglória. Não podes ser tu.
Sou tua.
Mas a alguém que me ofereça um sorriso, deixo escapar um gosto de ti telenovelesco. Se me abraçarem forte, digo sim a um eventual compromisso de vestido e grinalda.
E sim, vendo-me por pouco. Afinal tens tudo o resto.
E não podes ser tu. Luto diariamente para que não o sejas. Com uma vontade férrea. Esmago desejos e beijos. Engulo soluços e palavras. Encolho-me neste lado do silêncio.
Quero que sejas feliz. Quero ser feliz.
(ainda assim luto para que que sejas tu)

5 comentários:

Maria disse...

A tua última frase é, afinal, o mais importante...

Beijo

Anónimo disse...

Sim mas o texto todo é, de facto, notável!
"Isto", este singularíssimo "Luar" onde dá gosto cada um vir regularmente perder-se/achar-se, começa realmente a parecer-se cada vez mais com QUALIDADE e mestria textual puras!...

Rute Coelho disse...

Qualidade?!!!!

Nã!! Só escombros de incidêncios que se reacendem de quando em quando. Porque os rescaldos demoram eternidades. E tudo é sempre para ontem.

Anónimo disse...

Volto a dizer: quem é capaz de projectar as suas frustrações e as suas desilusões em textos com esta doridíssima eloquência não tem o direito de falar em "escombros"...
Sê-lo-ão na origem mas houve quem tivesse a coragem e o talento para sublimá-los em coisas belíssimas, pungentes, "em sangue"...

Anónimo disse...

Leio e releio e estes "flashes íntimos" estão cada vez mais fulgurantes!
Arrepiam, é o termo!