sábado, janeiro 08, 2011

Mimos e motivos.

Fiz-te o café e as torradas com manteiga dos dois lados e mel a cobrir, mas só na face superior. Calcei os ténis, há tempo que não conheço outro tipo de sapatos, vesti a gabardine e peguei nas trelas dos cães. Agora é proibido deixá-los correr livremente. A liberdade até se proibe aos cães.
A tempo de fechar a porta, ouço o teu assobio matinal e adivinho  os teus passos que se encaminham para a banheira que já deixei cheia de água quente com os teus sais marinhos.
Sentes os meus passos apressados na escada de madeira, abres a porta e seguras-me a mão no último degrau. beijas-me a mão e dizes bom-dia. Ajeito-te a gravata e afasto uma poeira imaginária do teu casaco.

Não são mimos. São o motivo dos meus dias.

1 comentário:

Carlos Machado Acabado disse...

Um texto muito bem resolvido, como sempre!
Magnífico 'thriller existencial'!