domingo, julho 20, 2014

Por favor. Hoje e sempre. Obrigada

"Ela pediu por favor. Como lhe ensinaram em casa e depois na escola. Por favor. Iria agradecer, se possível. Por favor, gosta de mim. Sou loura, dizem que sou bonita, tenho os olhos claros, um corpo que algumas mulheres invejam e os homens reparam quando passam. Ela torna a pedir, por favor gosta de mim. Tenta desviar a alça do vestido para que se note a curva do ombro, como viu num filme que lhe parecera ser sensual e acabara bem. Neste fim, abrupto, finalizado com um “não quero” seco, uma pancada que soa oca no corpo pequeno, não pode dizer obrigada. Repete angustiada o por favor. Não encara isto como uma humilhação, é antes uma condição, de ser mulher, de ser ela, de ser gente. Sabe lá ser diferente. Não tem outro nome, outra identidade para oferecer. O “não quero, que poderiam ser um sem número de razões pérfidas escondidas, um “não” que poderia ser um sim, no mínimo “um talvez”, um amanhã, daqui a um mês o que achas posso voltar a tentar? Por favor. Se se sente um tapete, menos importante do que as outras mulheres, menos importante do que o homem que tem à sua frente e que nunca irá mudar de opinião. Não, não sente. Ela quer apenas dizer obrigada. É a sua esperança. Por favor gosta de mim."

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