quinta-feira, janeiro 13, 2011

E se me faltarem as pernas?

E se me faltarem as pernas? Se os meus passos não forem suficientemente velozes para te alcançar? E se o comprimento do que nos separa se revelar no incumprimento das quimeras que alimentámos? Se a minha voz for apenas ruído para os teus ouvidos? E se as palavras que te deliciavam em noites de tédio se transformarem em repetivas e solitárias orações?

E se os meus olhos castanho de amêndoa te amarguarem os dedos no piano? E se o bolo de limão não crescer? Se o leite coalhar no meu peito? E se o meu ventre for apenas grande e oco? Se me fugires?

E se me faltarem as pernas para te alcançar.

1 comentário:

Vera de Vilhena disse...

Hmm...bela, a forma como esta angústia se explica. beijos...e que nunca te faltem as pernas, que a voz nunca se torne em ruído, que os bolos sempre cresçam, que o teu ventre nunca fique vazio.