terça-feira, setembro 30, 2003

Se...

Aninho-me no edredon. Sinto ainda o teu cheiro. Sem esforco. O odor do whisky e do teu perfume. Se fechar os olhos, sinto o teu toque na minha pele nua. Se abrir a minha mao, pouso-a sobre o teu ombro nu e perfeitamente delineado. Se quiser sorrir, basta-me lembrar de ti. Das asas que me devolveste. E de um novo mundo que me mostraste. Se falar, quebro a cadencia desses beijos leves e doces que pintaram a nossa madrugada. Se quiser sorrir, basta-me lembrar de ti. Se falar, falo de ti, falo de amor.

quarta-feira, setembro 24, 2003

Sonhos & Amores

Este blog nasceu por amor. Amor a um sonho e a um sentimento. O sonho é o de escrever. Para mim e depois para os outros. Porque quem está do outro lado desta lua é importante porque é quem alimenta o meu sonho. Mas se por vezes esmorecem ou acabam os sentimentos, os sonhos continuam...
Têm de continuar...
Preciso de sonhos. Preciso de amor.
(Não precisamos todos?)

terça-feira, setembro 16, 2003

Ao meu desconhecido,

Escrevo-te porque não te conheço. Não sei a tua morada, o teu país ou o teu mundo. Nem tu me conheces. Mas esse é objectivo destas cartas. Quero que me conheças.Em cada palavra, está um pouco de mim. Descreverei-te o meu corpo para que o possas depois descobrir com as tuas mãos o quanto ele é teu.
Quero que saibas tudo sobre mim. Não quero perder tempo com intrigas pérfidas, inseguranças dramáticas, ou esperas dolorosas. Quando te encontrar quero que não precisemos de falar para nos sabermos ouvir. Quando te encontrar, quero-te.
Dias, meses ou mesmo anos. Mas talvez nessa altura possas ser simplesmente meu...

Ele & Ela

Ele: Gosto de mim. Gosto de ti.
Ela: Gosto do nosso nós.

segunda-feira, setembro 15, 2003

E se hoje fosse Inverno?

E se esta noite não fosse mais uma noite que passo sozinho? Poderias deitar-te ao meu lado e ajudar-me a adormecer. Espantar todos os fantasmas e esperar que o sono viesse de mansinho e me embalasse.
E se de manhã quando acordasse, fossem os teus cabelos a primeira imagem que visse na almofada? Beijar-te-ia suavemente e diria bom dia a mais um dia contigo. Prender-te-ia entre os meus dedos e serias uma vez mais minha. Só minha.
E se hoje fosse Inverno? Se a luz cinzenta que me acolhe o olhar fosse a desculpa ideal para ficarmos, assim deitados, encostados um ao outro, vivendo apenas de nós mesmos?
Dos beijos que damos e dos outros que prometemos não dar, das histórias que construímos nos vidros embaciados do nosso quarto. Da nossa casa.
E se hoje fosse Inverno? Seria apenas isso. Inverno. Esta seria só e apenas a minha casa e o meu quarto. E tu serias apenas o rosto da fotografia que guardo agrafada mim mesmo. Como uma recordação. De um Inverno. Que já passou. Mas que poderia ter sido hoje.

E se for isto o amor?

Á Neza porque
ainda acredita
no amor


Se for isto, então quero-o para sempre. Se for isto, esta suave letargia de ficar enrolada em ti, de ouvir o teu coração bater, das minhas mãos desenharem linhas imaginárias sobre o teu corpo (o caminho da felicidade?), se for isto, então quero-o para sempre. Não sei se contigo. Não sei se amanhã ainda cá estarás, ou se amanhã é já um dia novo e tu talvez já tenhas partido. Mesmo que reste o teu corpo (que conheço de cor), talvez amanhã já não haja momentos como estes. Em que me dou conta do quão isto é. Do quão isto pode parecer amor. Do quão isto pode ser amor.
Esqueço as perguntas, ignoro as respostas. Omito os pensamentos sobre o que seria suposto eu fazer para evitar, para me proteger. De quê? De ti, de mim? E se isto for o amor?

sábado, setembro 13, 2003

Tu

Vi-te. Viste-me. Num olhar de incredulidade, pensei, és tu. Depois de todas as nossas conversas, senti que tinhas de ser mesmo tu. Só podias ser tu, entendes? Só contigo é que me podia permitir certas liberdades. Só contigo. Agora olho e sei que não és tu. Não podes ser tu, pois não?

quarta-feira, setembro 10, 2003

Saio de mim

Saio de mim. Atravesso a rua. E agora sou outra. Sem lágrimas, sem dramas. Sem amores perdidos ou por esquecer. Sem lágrimas ou dores. Atravesso a rua. Mudo de casa, de bairro e de mim mesma. Mudo-me também de ti. Agora sou outra.

As minhas memórias no presente imperfeito

Vivo

na esplanada do café,
em que as nossas mãos,
se podem entrelaçar,
sem que te apercebas,
do quanto te quero,
aqui, junto, o mais perto possível de mim.

Respiro

O ar da cidade,
Das ruas quentes,
E das esquinas frias,
Dos lugares estranhos,
Onde me perco,
E dos outros onde finalmente te encontro.

Amo

Neste quarto escuro,
Onde as sombras,
São pedaços dos meus dias.
Onde viver é morrer,
Amar é apenas chorar.
Choro sempre, e sempre sozinha.

Lembro

Outras esplanadas,
Onde não existia o muro
Em que devagar lias,
O futuro na minha mão.
Inventavas a verdade
Enquanto eu tremia ao ouvir o fim.

Esqueço

Aqueles outros tempos,
Em que os nossos momentos,
Eram cinco segundos.
Habilidosamente roubados
E deliciosamente saboreados
Em silêncios profundos.


Dói

A mágoa que não se esvai,
O silêncio que ficou.
Os pequenos vidros,
Que se espetaram
Como pequenos punhais.
Vindo desse quase nada, que dói para sempre.

Queimo

As tuas malditas cartas,
Em fogueiras imensas,
Que ardem, ardem, ardem,
Se calhar para sempre.
Afinal se és o fogo
Eu sou a lenha que não pára de se queimar.

Olho

O meu reflexo absurdo,
No grande espelho.
De costas tensas,
Perco-me entre o azul do meu olhar,
E a pretidão das tranças fartas
Que enfeitam o meu rosto.

Acabo

Por fim, a minha história
Enquanto me beijas os dedos das mãos
E dizes que não gostas de dramas ou infelicidades
O final é assim só meu nesta esplanada de café.


(Este poema pertence ao baú das recordações, mas hoje deu-me para nostalgias e retirei-o do meu baú. Fiz bem?)

terça-feira, setembro 09, 2003

A outra Maria...

Obrigado pelas tuas palavras Maria. "Nunca a tinha lido. Fui ler. Acrescentei-a aos favoritos. Não resisto a umas belas palavras sentidas e tão femininas. Identifico-me com elas apesar de tanto as ouvir."
Soube-me muito lê-las, Maria. Também gosto das tuas palavras, do teu escárnio e do teu bem dizer.

Casas comigo?

À noitinha, na janela do nosso quarto, enquanto nos deliciávamos com as refeições de sempre (milho cozido com atum ou ovos estrelados e salsichas fritas), pediste-me:
“Casa comigo.” Lembro-me de olhar para os nossos pratos, de sorrir e de achar que sim, que poderíamos comer milho com atum para sempre, que o nosso T1, mal encaixado num dormitório de um subúrbio de Lisboa seria a sempre a casa dos nossos sonhos. Lembro-me de olhar para noite fria e escura e de achar que sim, que os teus braços poderiam ser sempre o meu porto-de-abrigo depois de horas de pé, amachucada nos transportes públicos. Lembro-me de achar que sim, que poderíamos ser felizes para sempre. Lembro-me de achar que sim e responder-te: “Agora não... mais tarde, meu amor.” E depois presentear-te com um beijo, como se fosse uma promessa, acreditaste tu. Como se fosse um pedido de desculpa, senti eu. E era, sabes, desculpa por te feito acreditado em outro tempo. Agora não... mais tarde.
Mais tarde, meu amor, quando eu me conseguir respeitar. Nesse dia maravilhoso em que deixarei de me violar por qualquer migalha de afecto. Quando deixar de depender do amor dos outros, para me amar.
Mais tarde quando eu me libertar de mim mesma. Da minha solidão, das noites de insónia em que ficava a ver-te dormir ali ao meu lado, seguro que de manhã, eu continuaria ali, acreditando, ou fingindo acreditar que eu, por mais tarde que fosse, casaria contigo.
Um dia, deixei-te ir. Libertei-te das amarras que te prendiam à nosso T1, ao milho com atum e a mim
Soube que casaste. Imagino que devas ser feliz. Que tenhas trocado o nosso T1 por uma vivenda em Sintra (o nosso sonho, lembras-te?!), que comas caviar em vez de atum, e imagino que já nem sequer te lembres de mim.
Eu continuo a ver a noite da mesma janela. A comer milho com atum. E hoje sei que esse mais tarde ainda poderia existir. Marco o teu número de telefone vezes sem conta. Falta a coragem de te pedir o que outrora me pediste sem medo e com olhar repleto de esperança. Essa mesma a que te roubei e troquei por um punhado de amor por mim mesma.
Atendes com uma voz ensonada. E, tremendo, como na primeira vez em que te pedi um beijo, em soluços, lá pergunto: Casas comigo?
A resposta pareceu-me absurda e impossível. Afinal não eras tão feliz como eu imaginava e o meu beijo, acreditaste sempre, que seria uma promessa. Foi-o. É-o. Milho com atum, respondeste tu.
Gosto de histórias felizes. Não tanto as que envolvem fadas, príncipes ou princesas, mas apenas aquelas que deixam no olhar um brilho de felicidade. Gosto daqueles sentimentos que nos fazem perder a cabeça e ultrapassar todos os limites. Mesmo os nossos. Gosto de gostar de outra pessoa que não apenas eu. É um desperdício gostar apenas de nós próprios. Gosto de sorrir. E de desatar a rir às gargalhadas sem mais nem menos. Gosto de acordar e ver o mundo lá fora. Dá-me sede. De o possuir. Nem que seja apenas um pequeno pedaço. Feito de azul e com o inconfundível cheiro a terra molhada que inspiro vezes sem conta, porque é o cheiro que me fala da felicidade. Depois das lágrimas. Mas a felicidade dessas histórias felizes que eu tanto gosto. Por gostar de ti. Sempre com um sorriso nos olhos.

segunda-feira, setembro 08, 2003

E pensar em ti...

E pensar em ti... assim, como um caminho que se percorre sem pressa de chegar. Mas com uma enorme vontade de te tomar. Nos meus braços, encolhidos entre os teus abraços. Pensar-te. E sem querer, acabar por te amar.

Amar-te

Amar-te
Sem saber como nem porquê
Onde ou quando

Numa rua escura
Cantinho deserto
Onde ninguém nos vê

Só sabemos nós os dois
Que o amor é isto

A pressa de existir
No tempo infinito de um beijo
No curto espaço de um toque.

sexta-feira, setembro 05, 2003

Na memória...

trago-te escondido. como um segredo. intímo e só meu. não quero análises, nem perguntas de mais ninguém. quero-te só para mim. durante uma hora, um dia, um mês. quero-te dentro de mim.
Na memória...

A minha resposta

Leio. Volto a reler. Uma e outra vez. As tuas palavras inscritas em papel de rascunho. E continuo sem saber o que te dizer. Mas não me canso de as ler. Tenho medo do avesso delas. E dos silêncios que as intervalam e que eu conheço de cor. São os mesmos silêncios das nossas conversas, os silêncios que ficam quando as palavras são demais e basta um sorriso, um olhar, um gesto. Mas tenho obrigação de as comentar, de lhes dar uma resposta. Contudo as palavras escapam-se entre os dedos e conduzem-me de novo ao abismo do silêncio. Desta vez meu. Porque não consigo dizer mais do que o meu olhar já diz. E ele não mente. Não a ti.

quinta-feira, setembro 04, 2003

Hoje

Quero parar de viver. Dissolver-me me. Ficar quieta a espera de uma onda que me leve e que de preferencia nao me traga de volta a isto.
Ao frio, ao vazio, ao medo de ser sempre assim. Hoje, só por hoje, queria parar. Deixar o mundo, as pessoas, deixar-me a mim mesma numa leve cadencia de abandono. Desaparecer. Sumir-me. Dissolver-me. Em qualquer lugar. Menos aqui.

Que dizer?

Que te tenho, ou que te tive? Agora que estas distante, bem longe de mim, na outra ponta do banco, mas longe de mim. Se quiser estender estender o braco nao vou poder tocar-te. Engano a solidao e digo que estou contigo. Estou?
Que dizer? Que te tenho ou que te tive?

quarta-feira, setembro 03, 2003

Viagens...

"Inscricao sobre as ondas

Mal fora iniciada a viagem
um deus me segredou que eu nao iria so.

Por isso a cada vulto os sentidos reagem,
supondo ser a luz que o deus me segredou."


David MourÃo- Ferreira

Assim caminho eu... procurando-te entre rostos e corpos que se aventuram pelo mundo. Assim caminho eu ate ti. Encontrar-te-ei?
Hoje a noitinha, encontras-te comigo? No si­tio do costume,na hora dos magicos cansacos, pode ser? Farei uma pausa para parar de viver. Ficarei suspensa entre este e o outro mundo, entrelacada nas tuas palavras e aninhada no conforto de te ter encontrado. Mesmo sem sequer saber se es tu, a luz que o deus me segredou.
Assim caminho eu... de braços abertos. Sem mapa, sem bussola. De olhos fechados.

segunda-feira, setembro 01, 2003

Se tu viesses

Se tu viesses...
Com um beijo, uma flor ou um carinho
Se enrolasses o teu dedo no meu mindinho
E caminhássemos pela rua
Eu seria somente tua

Se tu viesses...

Sonos e sonhos...

Ficas?
Não.
Só por hoje...
Não.
Até eu adormecer
Não.
É a tua última resposta?
Não.

Beijou-me. Desses beijos leves e doces que nos embalam à volta do tempo e nos trazem de volta a vontade de nos aninharmos em alguém e ficarmos assim... seguros e quase, quase felizes.
Hoje à falta de ti, porque hoje não ficaste para dormir, aninho-me na escuridão, nessa falta de ti, lembro os jogos de palavras e os braços. Os teus. Nesses abraços infindáveis que me levam para lá do sono. Em sonhos. Só meus.

Voltar...

Por norma, Setembro é o mês das partidas e dos regressos. E eu também não fujo à regra, volto em Setembro para outros lugares que não esta praia, volto para longe desta neblina que me acolhe todas as manhãs e para os outros rostos que não estes curtidos pelo sol e sal. Volto para os rostos stressados que se amontoam um pouco por todo lado em Lisboa, volto para a confusão em que me deixo perder. E volto para minha solidão que é feita de gente. Tanta gente...

Poderia viver assim...

Poderia viver assim: de ti. Da cor do teu sorriso, do silêncio das tuas palavras e do teu olhar de sonho, da tua pele que queima sempre que me toca. Poderia viver só disso: de ti. Das noites de conversas, carinhos, café e cigarros, que acabam por ser madrugadas de estrelas e luas vazias. Ou então das outras nossas noites. Ébrias. Em que bocas, olhos, odores e sorrisos se misturam. Nessas noites tenho medo. Medo de querer viver assim: de ti. Dos teus sonhos sussurrados que me parecem sempre contos de fada que nunca serão vividos por mim. Dos meus sonhos que me falam em coisas simples como acordar de manhã e ver-te ao meu lado. Poderia...

Poema mal acabado

Houve abraços guardados
que nunca te dei
sonhos inacabados
e beijos leves que não te roubei

Há silêncios obrigados
que se transformaram em lei
pensamentos vedados
onde só eu amei.

À noite...

A noite é uma estrada
que percorremos de mão dada

encontramos na madrugada
a cúmplice idealizada

somos dois, e um nada
contra a corrente transtornada

fazendo disto uma história demorada
mesmo já tendo sido avisada

que a nossa secreta madrugada
será substituída por uma diferente alvorada.