sexta-feira, setembro 03, 2004

E baixinho...

disse-te que sim, que estava triste. que me apetecia apenas ficar sentada no canto das paredes brancas, à espera. de quê. não da morte. mas da vida.
deixaste-te escorregar lentamente pela parede e ficaste sentado comigo durante algum tempo. quanto tempo não sei. não uso relógio. o meu tempo nunca é igual aos dos outros. ficámos ali. calados. meio envergonhados. se alguém nos visse... que diriam... dois patetas, de certeza!
o corpo pedia movimento. de tão quietos e calados que estávamos. à espera da vida. sabes, disse-me entretanto ele enquanto mudava de posição e se punha à minha frente, a vida não se espera, vive-se. despediu-se de mim, da casa, das paredes brancas e foi viver. eu continuei à espera. agora não da vida. mas da vida com ele. para a finalmente viver.

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