domingo, setembro 05, 2004

A mulher de Inverno

De mãos nos bolsos percorre as ruas e as avenidas de cidade grande e crua. Veste-se de branco em pleno inverno. parece quase sempre uma noiva com as suas saias compridas ou vestidos sem mangas. é estranha. sem abrigo. maluca. não puta. nem drogada.
vive das palavras que espalha como pó branco de magia que entorna em cada rosto que pára. escuta. e olha abismado. dividido entre aquele ser diferente e o resto do mundo. dos dias. fracções de vidas que lhe passam. ao lado. num constante corropio. não lhe deixam marcas. Mas ela sim deixa, em cada ouvido que a escuta, em cada coração que ela encontra aberto. Canta, recita, improvisa palavras que se derramam em sangue vivo pelas ruas e avenidas da cidade grande e crua. Que já não pára. Para loucas como ela. A cidade já não tem tempo para sentir. Como ela de branco. Em pleno Inverno. Uma noiva abandonada. Louca definitivamente pelas palavras que nela são apenas e só poesia.

(Este post nasceu por acaso. E por respeito às leis da inspiração deixei-o ficar. Pode ser que um dia venha a ser conto. Quem sabe?)


Sem comentários: