Hoje mais velha.
Antes de ser gente, queria ser pedra. Pelo som da palavra. Depois poeta. Porque também gostava do som da palavra. Poeta, era o nome de todos os meus peluches. Antes de saber escrever, quis ser escritora, porque contava estórias a mim mesma para adormecer. O jornalismo, a profissão óbvia, foi apenas uma breve passagem. Fiquei-me pelo Direito. De usar as palavras. Pelos outros.
Hoje mais velha.
Ainda quero ser pedra. Pela dureza de que são feitas. Porque não se partem. Como eu que me lasco um pouco mais em cada queda. Já não quero ser poeta. Os poetas conhecem bem demais a textura das lágrimas.
Hoje mais velha.
Talvez ainda escritora. O sonho dos sonhos. Porque ainda me conto estórias para adormecer nos dias maus.
O Direito das palavras corre-me por entre os dedos e transparece-me na voz.
4 comentários:
Nossa, QUE texto. Gostei , mt mesmo. Identifiquei-me em inúmeras partes. Parabéns! a, to te seguindo ;*
Que bom (re)encontrar-te neste blog! Reencontrar a pedra que queres ser, a metáfora, as tuas palavras e sonhos. Muitos parabéns!
Muito inteligente!Nada melhor, com efeito do que [se]]se]
E se ouvisses Bob Dylan? Esse é que tinha a percepção correcta do Tempo interior: Oh! But I was so much older then, I'm younger than that now [bob Dylan]
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