terça-feira, agosto 31, 2004

num outro qualquer tempo

releio-te e as palavras não encaixam em ti. foi num qualquer outro tempo que hoje não faz sentido. porque alguém mudou. não interessa quem. ou então não mudámos nada. e isso é apenas uma desculpa tola para dizer que acabou. foi o tempo que passou por nós. que levou o que tinha mesmo de levar e deixou pouca coisa.
o que releio á tua procura nem sequer sei se existiu, se eras tu quem estava por detrás das palavras ou se as palavras eram apenas o brilho das estrelas reflectido em ti. podia ser da maquilhagem, das roupas e das bugigangas com que enfeitavas as tuas palavras. podia ser isso tudo. ou podia ter havido mesmo esse sentimento. num outro qualquer tempo. que não vejo nem reconheço nestas palavras. em ti.

segunda-feira, agosto 30, 2004

voltar

uma e outra vez. Como se apesar de tudo ainda fizesse sentido voltar. ao lugar. às palavras Às emoções sem conseguir dizer o tão esperado e desesperado adeus. a distância agora é outra. desta não há regresso. não há saudade. há tempo. que teima em não passar e instala-se em mim como pedaço de vidro. que dói. devagar. lentamente. é impossivél não dar por ele. ainda por cima bate. o coração. a que volto quase sem dar por isso. como se apesar de tudo ainda fizesse sentido ouvi-lo. senti-lo. a voltar.

segunda-feira, agosto 23, 2004

(A)deus

Tão perto e tão longe, apetece-me dizer. Neste claustro onde o silêncio entremeia cada passo e cada palavra, onde basta sair para poder encontrar o mundo lá fora. Em que cada cela deste convento é um lugar mais perto de Deus. E do nosso Adeus. Que foi breve. Inteiro. E não precisou de muitas palavras.
Afinal aqui, neste claustro, onde o lago está seco o jardim ficou por cuidar, tudo isso é testemunho do abandono e de um outro adeus bem mais antigo e profundo do que o nosso. Pertencerei então aqui. Com a penitência de ainda te amar. Em silêncio. No (A)deus.

domingo, agosto 22, 2004

sometimes

tenho medo. dessas pessoas que entram sem avisar. não pedem liçença e apenas entram. e ficam. constroem castelos no ar. e depois sem avisar novamente partem. deixam saudades e pó nas coisas. que não me atrevo a limpar.
como plasticina. como brincadeira de criança, deixas-te moldar. seres em ti ou seres no outro. quando dás por ti já nem sequer sabes bem quem és. já foste. e nos olhos fica o brilho triste e melancólico de uma saudade. de uma vida que já torna.
assim, às vezes, tenho medo das pessoas. muito medo.

sexta-feira, agosto 20, 2004

Olhares

... olho-te nos entretantos do sonho e ainda sorrio ...

terça-feira, agosto 17, 2004

Ao tempo...

Ao F. e à S.


Confesso-te, houve tempos em que duvidei de tu e eu outra vez. Juntos. E nesses intervalos de tempos nasceram dores desconhecidas, passaram por nós outras vidas. Viagens. Descobertas. Sem amarras. Incessantes procuras. Do mesmo. Do que só havia em ti.
Ficaste-me na pele. Tatuagem dolorosa e impossivél de apagar. Dor impregnada num lugar desconhecido de mim. Imprimi-te em confissões regadas a álcool e a lágrimas. Gritos desesperados, apenas porque não estavas ali. Eram outros corpos. Outras pessoas. Não tu.
Agora, hoje, aqui comigo, tenho até medo de dizer que estamos juntos. Depois deste tempo. Depois de tudo. Tenho ainda medo de acreditar que estás aqui. Comigo. E amo-te, apetece-me dizer-te.

segunda-feira, agosto 16, 2004

E passou um ano...

Deveria dizer que não dei pelo tempo passar. Que os dias, as noites e as madrugadas que fizeram este Luar, aconteceram sem que eu desse por isso. Ficava bem. E talvez fosse bonito. Mas era mentira.
Os dias, as noites, as madrugadas passaram por mim. Deixaram marcas. Algumas boas, outras nem por isso. A maioria ficou registada aqui como espasmos de dor, sorrisos, ou ininteligíveis pedidos de socorro.
Passou um ano. Feito o balanço: foi muito bom estar aqui. Corrigindo-me: é muito bom continuar aqui.

quarta-feira, agosto 11, 2004

Já foste

já foste o sorriso no fim do dia. o sorriso que me apetece ver mesmo antes de adormecer. foste a voz que embala os sonhos mesmo ao telefone na escuridão de um qualquer quarto. foste o segredo confessado às amigas. os risos nervosos das mãos que se tocam. foste as lágrimas a despontar. foste o medo. a desilusão. a angústia. a ternura. o carinho. tudo em letras pequenas. daquelas que se perdem se não as vigiarmos bem.
já foste o cansaço das discussões desgastantes. foste a mais bonita reconciliação. a injustiça e o abraço. foste o dia-a-dia sem rotina. foste a noite feita madrugada tantas vezes que me esqueci de contá-las. foste a mão no ombro que avisa. foste o cheiro a que me habituei sem dar conta. foste as letras das minhas palavras. a emoção por detrás delas. foste nos meus olhos a imperfeição que aprendi a gostar de ter por perto. foste

segunda-feira, agosto 09, 2004

De férias

De férias...ao sol, tentando renovar a inspiração e tentando renovar-me a mim mesma. Boas férias para quem como eu está de papo para o ar e bom trabalho para quem fica!



P.s-Volto para o dia de Aniversário deste blog,ou seja dia 14 de Agosto.

domingo, agosto 01, 2004

Que palavras há

Ao C.

Que palavras há para pedir desculpas a alguém quando a dor causada é assustadoramente profunda? Que palavras há para que o desespero se cale e ansiedade dimunua e seja apenas mais uma voz entre a dos infindáveis fantasmas que me perturbam o sono. A tua voz é ainda viva demais. Magoa demais. As tuas palavras vibram demais. Queimam. Ferem.
Dói tocar na minha pele depois de tudo. Porque te sinto ainda em mim. Nos livros que ficaram. Nas músicas que dividimos a meias para que tudo fosse igualmente um do outro. Porque éramos dois. E tínhamos sonhos.
Que palavras há para te poder fazer de novo sonhar comigo e aplacar nem que seja um pouco a tua dor?