quarta-feira, junho 23, 2004

Ontem

Hoje ou amanhã. Ontem podia ter sido num dia como outro qualquer. As olheiras e a rouquidão de hoje poderiam ser de um outro dia perdido no calendário. Foram de ontem. Das lágrimas e dos risos. Das gargalhadas e das birras. Dos amuos e dos abraços sentidos. Das palavras que se disseram entre todos nós. Do muito que se viveu e sentiu.
Vida. Sonho. Adolescência. Somos imortais. Temos a vida na mão.Adiamos tudo. Tudo aquilo que deveria ser importante. Seremos irresponsáveis, sem dúvida. Porque ontem era tudo ainda mais possivél do que nos outros dias normais. Ontem éramos todos mais nós. Sem máscaras ou defesas. Com sono, com fome, com frio e ressaca de tabaco. Ontem fomos nós. Fomos o sonho de uma vida em que parece que já se viveu tanto e quando damos por nós numa varanda qualquer a rir de madrugada, percebemos que ainda não vivemos nada. Apesar de tudo. É bom sentir que sim. Que ainda é possivél sonhar. Ontem. Hoje ou amanhã. Fazem sentido estas olheiras e esta rouquidão. Porque faz sentido sonhar e sentirmo-nos imortais.

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