como sangue que escorre pelo teu corpo. pele branca que encarna um novo corpo. um novo espírito. beijo-te a pele molhada e escuto junto ao silêncio das noites murmuradas as tuas dores. Quase tão físicas que o corpo se contrai a cada palavra que se solta. a medo. com dor.
os movimentos tornam-se mais lentos e a língua solta-se com palavras que ainda não aprendi a dizer mas que me saem sem querer. sentes? delicadas, fortes como o sabor do vinho que ainda sinto nos lábios.
quinta-feira, abril 29, 2004
quarta-feira, abril 28, 2004
Sorrisos
Aprende-se assim:vivendo. Vive-se assim:lutando. Inaugurei hoje um novo sorriso em mim. Um sorriso desconhecido ou raramente aparecido para mim própria. Não é de euforia, alegria, paixão ou amor. É um desses sorrisos de felicidade. Inteira. Íntima. Que vem de dentro e cá fora adquire um brilho próprio. Sorrio. Por mim. Comigo.
domingo, abril 25, 2004
Abril
Olhá-lo e saber que é verdade. Estamos juntos e sós. Num quarto escondido do mundo. Sem saber como nem porquê, rimos ás gargalhadas; de nós e dos outros que observamos pela janela. Brindamos com copos de papel cheios de água à nossa solidão. Matamos todos os que pertencem ao mundo lá de fora. Aqui, só importa o agora. Agora, só nos importamos connosco. Não, não somos egoístas. Afinal, lá fora, quem é que se importou connosco?
Tantos ou tão poucos, que fomos condenados a esta solidão interior, de existir apenas neste aqui e neste agora. Daqui a pouco tempo morreremos. Vão-nos matar. Assassinar a alma e os pensamentos. Vai restar o corpo. Esse, eles, deixam para mim. Eles não podem matar o meu corpo. É crime, e eles são profissionais respeitáveis. Mas o que vai restar de mim, depois?
Agora, ainda tenho tudo. Tenho a consciência de que perdi tudo. A família, os amigos, o trabalho e que amanhã vou perdê-lo. Mas lutei, lutámos contra o inimigo escondido em cada esquina, em cada rosto que passava por nós na rua. Resisti enquanto pude. Mas esta não é uma batalha só minha... o meu tempo esgota-se. Acredito e quero acreditar até ao fim que algum dia tudo vai mudar.
Estou sozinha com ele. O meu corpo está junto ao dele, de tal forma que o oiço viver, em batidas tão coordenadas que me dá vontade de chorar. Penso que amanhã, ou depois, quando descobrirem este lugar, não vão haver lágrimas. Eles não as merecem. Só ele. Que cansado, adormeceu, encostado a mim. Vão-nos separar. Esse vai ser só o princípio de tudo. Angustiados e exaustos, iremos confessar coisas inimagináveis. Estaremos já mortos nesses instantes.
Morreremos pela Pátria. Sem honras ou futuras lembranças. Seremos apenas mais dois que amámos a liberdade mesmo quando ela ainda significa a nossa morte.
Foram apenas dois amantes, a quem não deixaram esperar por Abril...
Tantos ou tão poucos, que fomos condenados a esta solidão interior, de existir apenas neste aqui e neste agora. Daqui a pouco tempo morreremos. Vão-nos matar. Assassinar a alma e os pensamentos. Vai restar o corpo. Esse, eles, deixam para mim. Eles não podem matar o meu corpo. É crime, e eles são profissionais respeitáveis. Mas o que vai restar de mim, depois?
Agora, ainda tenho tudo. Tenho a consciência de que perdi tudo. A família, os amigos, o trabalho e que amanhã vou perdê-lo. Mas lutei, lutámos contra o inimigo escondido em cada esquina, em cada rosto que passava por nós na rua. Resisti enquanto pude. Mas esta não é uma batalha só minha... o meu tempo esgota-se. Acredito e quero acreditar até ao fim que algum dia tudo vai mudar.
Estou sozinha com ele. O meu corpo está junto ao dele, de tal forma que o oiço viver, em batidas tão coordenadas que me dá vontade de chorar. Penso que amanhã, ou depois, quando descobrirem este lugar, não vão haver lágrimas. Eles não as merecem. Só ele. Que cansado, adormeceu, encostado a mim. Vão-nos separar. Esse vai ser só o princípio de tudo. Angustiados e exaustos, iremos confessar coisas inimagináveis. Estaremos já mortos nesses instantes.
Morreremos pela Pátria. Sem honras ou futuras lembranças. Seremos apenas mais dois que amámos a liberdade mesmo quando ela ainda significa a nossa morte.
Foram apenas dois amantes, a quem não deixaram esperar por Abril...
sexta-feira, abril 23, 2004
Depois de um beijo
Regresso ao beijo, ao abraço, às palavras e às ternuras para te dizer que depois não é preciso haver vazio, nem arrependimentos, nem promessas. Depois basta um sorriso para saber que valeu a pena. Basta ter o coração aberto. Depois basta voltar às nossas antigas vidas mesmo que não haja próxima vez. Depois é o hoje em que não sei muito mais o que te dizer de ontem. Depois ainda está por acontecer.
terça-feira, abril 20, 2004
Pele
sempre mais. Muito mais. As mãos avançam lentamente. A medo. Com muito medo. Mas prosseguem por trilhos estranhos e desconhecidos. Não percebo porque não tens medo das minhas mãos. Não percebo se as queres no teu corpo. Continuo. Sinto-te. Ouço-te. E no fim de tudo, reconheco-te como meu. És?
sábado, abril 17, 2004
sem pensar
... evito as chatices do costume e não penso. Deixo a lógica de lado. E esqueço os conselhos dos outros. E vivo. Sabe-se lá o quê. E por quanto tempo. Vivo. E isso é de tudo o mais importante.
quinta-feira, abril 15, 2004
de pés descalços...
... pintando à luz de um dia que ela teima em não deixar terminar. Só. De pernas sobrepostas. Em pose de artista. De vendida. Ao mundo dos sonhos. Ao que está para lá das tintas e das telas. Ao que está para lá destas palavras que a tentam descrever sem conseguir. As calças dela deixaram de ser brancas no momento em que as começou a usar para pintar. Agora são uma tela. Como uma ela. Que é Mulher. E só por isso linda. Os cabelos curtos conferem-lhe um ar maroto que os olhos de menina endiabrada confirmam. É arte. É paixão no corpo das formas que as minhas mãos precisam de agarrar. No sorriso que me prende a esta janela onde a observo sem pudor. Porque ela é minha. Porque a reinvento na minha solidão. Ela, de calças brancas, pés descalços pintando. Enquanto eu escrevo...
quarta-feira, abril 14, 2004
Incompletos e suspensos
Sei e tenho-o como uma verdade quase absoluta, dessas que provém apenas do coração que entre nós, não nem haverá mais do que isto. Estes momentos irrepetíveis em que toda eu tremo ao tocar o teu rosto. As minhas mãos percorrem os olhos fechados, constroem linhas imaginárias até ti. Linhas que nunca te chegam a alcançar.
Calas-te. Fechas os olhos. E o silêncio é o nosso. As palavras e os desejos emigraram para um qualquer lugar distante onde ficaram também os rótulos, as pessoas e tudo o resto que não faz parte de nós, mas que é parte integrante de mim e de ti. E que existe. Mas não hoje. Não agora.
Não preciso de confirmação. Isto somos nós. A música sai deste silêncio de palavras caladas, porque é de todo impossível confessar-te que talvez sejas tu, o tal. Aquele que me pode prender a uma realidade diferente. Tenho medo. Eu que sempre me orgulhei de não ter medo de nada. Tenho medo de ti. Medo de nós.
Medo das tremuras que sinto pelo corpo, medo da tua respiração acelerada, pelo ritmo das minhas mãos que te tocam em círculos lentos apenas pelo rosto, tocando levemente pelos lábios que nunca serão tocados pelos meus.
Assim sou eu. Assim somos nós. Num misto de certezas e de inseguranças, de carinho, de palavras e silêncios nessas madrugadas recheadas de tudo o que fica depois de um sorriso teu, de menino que apetece cuidar.
Mas não posso ser eu, pois não? Há um muro intransponível entre nós, feito de preconceitos, de ideais e de certezas que não podemos ultrapassar. Isso seria o caos, o qual acredito seria demasiado incontrolável para nós conseguirmos lidar.
Por isso fico por aqui. Por este espaço vazio. Por esta madrugada em que já te foste embora e te despediste como sempre, com um beijo na testa. Assim somos nós. Incompletos e suspensos
Calas-te. Fechas os olhos. E o silêncio é o nosso. As palavras e os desejos emigraram para um qualquer lugar distante onde ficaram também os rótulos, as pessoas e tudo o resto que não faz parte de nós, mas que é parte integrante de mim e de ti. E que existe. Mas não hoje. Não agora.
Não preciso de confirmação. Isto somos nós. A música sai deste silêncio de palavras caladas, porque é de todo impossível confessar-te que talvez sejas tu, o tal. Aquele que me pode prender a uma realidade diferente. Tenho medo. Eu que sempre me orgulhei de não ter medo de nada. Tenho medo de ti. Medo de nós.
Medo das tremuras que sinto pelo corpo, medo da tua respiração acelerada, pelo ritmo das minhas mãos que te tocam em círculos lentos apenas pelo rosto, tocando levemente pelos lábios que nunca serão tocados pelos meus.
Assim sou eu. Assim somos nós. Num misto de certezas e de inseguranças, de carinho, de palavras e silêncios nessas madrugadas recheadas de tudo o que fica depois de um sorriso teu, de menino que apetece cuidar.
Mas não posso ser eu, pois não? Há um muro intransponível entre nós, feito de preconceitos, de ideais e de certezas que não podemos ultrapassar. Isso seria o caos, o qual acredito seria demasiado incontrolável para nós conseguirmos lidar.
Por isso fico por aqui. Por este espaço vazio. Por esta madrugada em que já te foste embora e te despediste como sempre, com um beijo na testa. Assim somos nós. Incompletos e suspensos
segunda-feira, abril 12, 2004
Intimidades...
As roupas que caiem no chão. Atabalhoadamente. Com pressa. E sem jeito. É sempre a primeira vez, mesmo para nós, que já andamos nisto há alguns anos. Agora estamos assim: nus perante o outro. E olhamo-nos. Cessa o desejo. Pára o desatino. O tempo queda-se. Afinal é isto a intimidade. Descobres-me as cicatrizes e desvendas-me as rugas, enquanto eu em ti, procuro os primeiros cabelos brancos, uma qualquer tatuagem feita numa noite de loucura e paixão. E de repente, as mãos substituem-se aos olhos. E nesse mesmo repente já pensamos saber tudo um do outro. Pelo menos o que interessa. Que cada corpo é um corpo diferente. Que é sempre a primeira vez que as roupas caiem no chão, é sempre a primeira noite em que se sai a meio da madrugada, sem fazer barulho para não acordar o outro. É sempre mais um engano. Um prazer delimitado.
E que importam essas considerações agora? O teu corpo chama pelo meu. Pede-lhe ainda mais pele, com ainda mais ardor. E já não penso. Sou incapaz de realizar qualquer operação que não seja beijar-te ou ter-te. Ou beijar-te novamente.
E olhar-te. Cada pedaço de pele és tu. E eu quero-te. Mesmo que saias no meio de muitas madrugadas. Numa hás-de ficar. A tua roupa ficará no chão. O teu corpo enrolado no meu e os teus beijos serão os meus comprimidos para dormir, o teu ressonar será a minha canção de embalar, a tua pele será a minha almofada. Afinal, a intimidade também é isto.
E que importam essas considerações agora? O teu corpo chama pelo meu. Pede-lhe ainda mais pele, com ainda mais ardor. E já não penso. Sou incapaz de realizar qualquer operação que não seja beijar-te ou ter-te. Ou beijar-te novamente.
E olhar-te. Cada pedaço de pele és tu. E eu quero-te. Mesmo que saias no meio de muitas madrugadas. Numa hás-de ficar. A tua roupa ficará no chão. O teu corpo enrolado no meu e os teus beijos serão os meus comprimidos para dormir, o teu ressonar será a minha canção de embalar, a tua pele será a minha almofada. Afinal, a intimidade também é isto.
terça-feira, abril 06, 2004
Quando vens...
Vens. De braços abertos e desarmado, prometes tu. Vens com um sorriso inteiro que me abraça e me quer proteger. Dos outros e sobretudo de mim mesma. Dos meus medos. Que são muitos. Tantos que não te consigo enumerar. Ainda não te ganhei e já tenho medo de te perder.
Vens com a tranquilidade de um pôr-do-sol, prometes-me a noite, a madrugada, o dia, a vida inteira se for preciso. E enquanto vens e tornas a vir sempre com um sorriso eu fujo e tenho medo. Das armas que podes trazer escondidas, das mágoas que podem estar por vir, das feridas antigas que parecem nunca cicatrizar.
Vens com um beijo. Daqueles que não existem. Um roçar de lábios suave. A pele na pele. Lentamente. Vens e eu esqueço-me dos medos. De tudo. Esqueço-me das minhas defesas e dos meus enganos. Esqueço-me do que já fui. E só me lembro do que quero ser... contigo.
Vens com a tranquilidade de um pôr-do-sol, prometes-me a noite, a madrugada, o dia, a vida inteira se for preciso. E enquanto vens e tornas a vir sempre com um sorriso eu fujo e tenho medo. Das armas que podes trazer escondidas, das mágoas que podem estar por vir, das feridas antigas que parecem nunca cicatrizar.
Vens com um beijo. Daqueles que não existem. Um roçar de lábios suave. A pele na pele. Lentamente. Vens e eu esqueço-me dos medos. De tudo. Esqueço-me das minhas defesas e dos meus enganos. Esqueço-me do que já fui. E só me lembro do que quero ser... contigo.
domingo, abril 04, 2004
Afinal
os sábios tinham razão. A lua cheia não se aguenta por muito tempo. A minha já começou a mingar. Quem sabe se não é melhor assim. Fechar as portas, enterrar palavras, esquecer nomes, rostos e gestos. Queimar lembranças. E voltar a sorrir depois das lágrimas terem todas secado.
lua cheia
Garantem-me os sábios que a lua não fica cheia por muito tempo. Que vai mingar com o tempo e que é assim também o amor e os estados de alma. Que há altos e baixos. Em tudo. Mas hoje, esqueço-me de todas essas garantias e suspendo o tempo numa lua cheia que quero guardar para sempre. Em ti.
sexta-feira, abril 02, 2004
Ainda não acredito
nas palavras que caiem em nós, nos beijos que acontecem sem querer, sem um motivo, uma razão, porque tem mesmo de acontecer, sem enhuma explicação... depois quando é o meu olhar que sustenta o teu, sempre fixado em mim à espera. Ainda não acredito que haja este tempo tão presente, que acho sempre que se enganaram e isto, este presente, não é para mim.
Pegas-me na mão e sussuras-me baixinho: gosto de ti. E nessa altura, acredito em tudo. Acredito em ti. E acredito neste presente...
Pegas-me na mão e sussuras-me baixinho: gosto de ti. E nessa altura, acredito em tudo. Acredito em ti. E acredito neste presente...
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