Sei e tenho-o como uma verdade quase absoluta, dessas que provém apenas do coração que entre nós, não nem haverá mais do que isto. Estes momentos irrepetíveis em que toda eu tremo ao tocar o teu rosto. As minhas mãos percorrem os olhos fechados, constroem linhas imaginárias até ti. Linhas que nunca te chegam a alcançar.
Calas-te. Fechas os olhos. E o silêncio é o nosso. As palavras e os desejos emigraram para um qualquer lugar distante onde ficaram também os rótulos, as pessoas e tudo o resto que não faz parte de nós, mas que é parte integrante de mim e de ti. E que existe. Mas não hoje. Não agora.
Não preciso de confirmação. Isto somos nós. A música sai deste silêncio de palavras caladas, porque é de todo impossível confessar-te que talvez sejas tu, o tal. Aquele que me pode prender a uma realidade diferente. Tenho medo. Eu que sempre me orgulhei de não ter medo de nada. Tenho medo de ti. Medo de nós.
Medo das tremuras que sinto pelo corpo, medo da tua respiração acelerada, pelo ritmo das minhas mãos que te tocam em círculos lentos apenas pelo rosto, tocando levemente pelos lábios que nunca serão tocados pelos meus.
Assim sou eu. Assim somos nós. Num misto de certezas e de inseguranças, de carinho, de palavras e silêncios nessas madrugadas recheadas de tudo o que fica depois de um sorriso teu, de menino que apetece cuidar.
Mas não posso ser eu, pois não? Há um muro intransponível entre nós, feito de preconceitos, de ideais e de certezas que não podemos ultrapassar. Isso seria o caos, o qual acredito seria demasiado incontrolável para nós conseguirmos lidar.
Por isso fico por aqui. Por este espaço vazio. Por esta madrugada em que já te foste embora e te despediste como sempre, com um beijo na testa. Assim somos nós. Incompletos e suspensos
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