terça-feira, dezembro 13, 2005

sangue

A V. que me ensinou que...



... o amor não tem sangue...

terça-feira, dezembro 06, 2005

silêncio


o silêncio é a parte nua do amor que não queres revelar

domingo, dezembro 04, 2005

cansada

cansada de ver a chuva cair. cansada de saber que é necessária. cansada de te ver. ouvir e sentir. tão perto e tão demasiado longe. cansada das minhas lágrimas que teimam em não cair.




hoje queria apenas fechar os olhos e deitar-me em ti...

sexta-feira, novembro 18, 2005

precisava...

precisava de te escrever... de te dizer tantas coisas que depois se entalam na garganta. eu esqueço que elas existem. passo adiante. mas essas coisas, não sei como, mas encontram-me, moem-me por dentro. sufocam-me. quero gritar. a voz não sai. tento esquecer outra vez. pisar essas coisas. apagá-las. adiá-las. fazer qualquer coisa com elas. menos dizer-te o que vai aqui dentro. isso não. isso nunca.



E ando tão cansada de correr. de me esconder. dessas coisas. que são os meus sonhos. impossíveis. e só meus

quarta-feira, outubro 26, 2005

porquê?

(porque não sei responder à tua pergunta...)



o grito lacinante vindo do nada. abafado pelo choro contínuo dos demais. olho-os à minha volta. e não compreendem a minha dor. a furiosa pergunta que me destrói, me cansa, me revolta. porquê tu? porquê agora? cresce dentro de mim, sufoca-me a garganta. isto é tudo medo do depois. de como vão ser os dias sem ti. e medo do antes. de não ter dito vezes suficientes que te amava. que foste tudo. agarro-me aos outros procurando um consolo que não existe. murmuro palavras mecanicamente. entre o pesadelo e o terror de acordar e saber que tudo isto é verdade. esta sou eu.
nem se quero viver depois disto tudo, para quê insistirem comigo para eu beber, comer ou dormir. não quero ser forte. não quero ter calma ou paciência. nem aguento mais as condolências. é tudo tão definitivo hoje... preciso de ti. mais do que nunca. Onde estás? Porquê?



hoje dói ainda mais do que ontem. hoje vi-o pela última vez. agora não mais. vivo ou morto.

terça-feira, outubro 11, 2005

meias verdades

meias verdades ou meias mentiras. em que me quero esconder. afogar as lembranças em enganos mais ou menos credivéis. construo à minha volta um mundo do qual não saio. não é seguro. um passo em falso. e quem sabe? posso-me apaixonar. por ti, sim. que me dizes palavras demasiado bonitas para serem para mim. E, não, não acredito em ti. já te disse. não saio deste meu mundo.
Ameaças que me vens buscar. no fundo até acredito que poderias conseguir fazer-me correr riscos. até (nos dias bons) quase acredito que te posso amar. a verdade escondida nas minhas mentiras. pequeninas. para doerem menos. ( e mesmo assim já doem tanto...) amo-te mas não e digo. esta é a mentira que aprendi a disfarçar cada vez mais melhor. a verdade que não vais ouvir. nunca dos meus lábios. essa é a minha pequenina vitória. e é também a minha derrota.

domingo, outubro 02, 2005

"Inscrição sobre as ondas"


"Mal fora iniciada a viagem um deus me segredou que eu nao iria so. Por isso a cada vulto os sentidos reagem, supondo ser a luz que o deus me segredou"


David Mourão- Ferreira

sexta-feira, setembro 30, 2005

água apenas

o instante tornado eterno. em que tudo ameaça cair . em câmara lenta. para doer mais. devagar para poder doer em todo lado. água apenas. em mim. tens sede?

sexta-feira, setembro 16, 2005

"Quebrámos os dois"

"..afinal quebramos os dois...
...e é quase pecado o que se deixa...

...quase pecado o que se ignora..."


Toranja








sexta-feira, setembro 09, 2005

no limiar de ti


o silêncio engana


as palavras não as queres ouvir

quinta-feira, setembro 08, 2005

pede um desejo


tem cuidado com o que pedes, pode-se realizar...

terça-feira, setembro 06, 2005

desmorona-se

hoje é um dia triste. daqueles em que o sol realmente não brilha e é tudo tão negro que só apetece fugir. hoje o mundo quebrou-se no som quedo e mudo da primeira lágrima. hoje já não apetece pensar mais, nem sorrir, nem chorar. estou cansada. o meu mundo caiu. amanhã há que reconstruí-lo outra vez. de novo. sozinha. como sempre

sábado, setembro 03, 2005

Férias


Este foi um dos caminhos que percorri. Um dos muitos onde me perdi horas esquecidas sentada na relva verde apenas a contemplar. Longe de tudo. Fora de mim mesma. E perto de uma qualquer coisa que trouxe guardada comigo. Destas férias.

segunda-feira, agosto 08, 2005

não sabia

"Não sabia que ainda escrevias- Estrela do mar". Este blog está prestes a fazer dois anos. De muitas palavras. De muitas lágrimas e muitos sorrisos. Sobretudo sentimentos e emoções. Muitos comentários que entretanto se perderam com as mudanças e falhas técnicas. Mas este comentário tocou-me muito. Fiquei como se costuma dizer com um amargo de boca porque tive uma sensação de desilusão comigo mesma.Abandrar o ritmo de escrita poderia ser compreensivél, agora abandalhar o blog e deixá-lo quase ao abandono deixou-me triste. Daí a vontade de recomeçar depois das minhas férias. Com outras palavras. outras histórias. outros sorrisos. fica a promessa para que este comentário não se repita. Obrigado Estrela do Mar por ele!

terça-feira, julho 12, 2005

finalmente

será que o posso dizer com certeza? com toda aquela certeza que preciso para poder continuar. em frente num caminho. que nem sequer tenho a certeza se é o meu. senti a porta bater. Não nos despedimos desta vez. foi a primeira vez que isso aconteceu. ouvi só o estrondo. assim não te pude olhar nos olhos para ter a certeza de que foi a última vez que saíste assim de casa. a meio da noite. depois de mais uma conversa. sempre a última antes da próxima. finalmente. agora quero continuar. agora posso-me libertar do teu cheiro e da tua presença. em mim. na casa. nos livros. na memória e no coração. agora posso voltar a viver. finalmente?

domingo, julho 10, 2005


E tudo sempre tão depressa... Ficaram as saudades por matar e tanta coisa por te dizer ainda. o tempo já não espera por nós. Tenho o comboio para apanhar. À minha espera tenho a estação. Depois a casa vazia. Depois de tudo. Depois de ti. Porto- Lisboa. Sempre o mesmo regresso a casa. Posted by Picasa

E se tudo tivesse sido assim...

como os meus sonhos sonhados e transcritos neste espaço? e se realmente a poesia que nos uniu fosse a prosa simples de duas mãos entrelaçadas no escurinho de uma sessão de cinema? e se os meus olhos não fossem apenas faróis que te indicam que estou sempre aqui? e se o meu sorriso pudesse ter o sabor dos teus lábios em vez deste travo amargo de abandono e saudade? e se tudo tivesse sido assim numa qualquer dessas noites? e se o sono tantas vezes junto e misturado em lutas de almofada fosse apenas o amor costurado e preso às almofadas? e se?


e se tudo isto tivesse acontecido?


isto e mais qualquer coisa...


e se...?


haveria ainda sonho em nós?

sábado, julho 02, 2005

o meu luar

foi numa noite de lua cheia. numa noite sem sono. só sonho. o teu nome e o meu contaminados pela luz da lua. de mãos dadas a sentir. o mar. o oceano ali tão perto. as ondas a acabarem-se na espuma que faz cócegas nos pés. a tua mão que roça na minha. quero-a sentir mais perto. agarro-a, deixo-a prender-se nos meus dedos, soltar-se. sentir a textura dos teus lábios nos meus dedos, a barba mal feita... e depois os teus lábios nos meus. por fim. a noite é madrugada. depois manhã. a lua é sol. e tu és ainda o sonho de um luar.

segunda-feira, junho 27, 2005

a distância que se percorre

são sempre os mesmos quilómetros. o mesmo alcatrão. as mesmas portagens. as mesmas estações. a voz rouca no comboio que me deseja uma boa viagem. como pode ser boa se assim que aqui entro já tenho sempre o tempo contado para voltar. e depois encontrar-te. estranhar-te como sempre. e relembrar-me aos poucos e poucos porque é que és tu o abraço que sempre me aquece. depois de novo a estação. ou a entrada da auto-estrada. a despedida. as lágrimas que caiem. porque custa sempre partir quando se quer tanto ficar. porque há distância. porque é assim. porque passamos tempo a mais despedirmo-nos.

terça-feira, junho 21, 2005

Quando partes?

Porque é que há em mim tanto de ti. porque ficaram as palavras. os gestos? as manias. as preferências, o riso, o sono e o sonho? porque te entranhaste na pele? sempre disseste que não ias ficar. que um dia ia ver-te partir. Ficaste, foste ficando como quem adia só mais um dia a partida.Agora sou eu que quero que partas. Quero poder acenar-te da janela e saber que foi mesmo a última vez que te vi. Que escrevemos entre nós tudo o que havia a escrever. não quero este quase. este meio que não acaba. este desespero de saber que amanhã vai ser um dia igual a tantos outros e que te vou sentir na minha pele. tatuagem. ferida.



Quando partes?

segunda-feira, junho 13, 2005



Ao poeta: na hora de todos os silêncios Posted by Hello

sexta-feira, junho 10, 2005

A ti porque ainda és sangue em mim

porque és a crosta que nunca cicatriza. o ar gélido da manhã. o café forte e sem acúcar, por favor. o anjo mau. a espera na paragem de autocarro. o ensejo. a locura depois da saudade. os diapositivos de uma paixão. o lento apagar de um cigarro contra o cinzeiro. porque há tempo. há sempre tempo para tudo, acredita. um dia voltaremos-nos a encontrar.a promessa guardada. no nevoeiro fugaz. cosi-o na na bainha da camisa branca. era minha ou tua? trocámos tantas vezes de roupa, de corpo e de alma que já não sei. o café sem acúçar. o frio da pele agora, és sempre tão quente e agora?


Agora ainda és sangue em mim. Só em mim.

terça-feira, junho 07, 2005


és pele ainda. Em mim. Fujo. Escondo-me. Encontras-me. es luz.Quero tocar. Queimo-me. Depois no fim as lagrimas. Sempre minhas. Posted by Hello

sábado, junho 04, 2005

Um amor impossível

Falamos de amor. Do que pensamos ser o amor. Das emoções que nos descontrolam a mente e por vezes também o corpo. Sentimos. Trocamos as voltas aos sentimentos e agora já não sentimos nada. Passou tudo neste instante em que o cigarro se apagou e a cabeça pousou descansada na almofada para finalmente adormecer. Depois de tudo. Dos olhares, dos sorrisos, das palavras trocadas em conversas infindas.
Tirámos todas as conclusões. As possíveis. E as outras que só fazem sentido em nós. À luz do nosso amor. Que é sempre impossível. Por ser nosso.
O de todos os outros seres mortais é possível. Só o nosso é que não. Nunca poderá ser...


...Porque tu simplesmente olhas-me e não me vês
... porque não me dizes as palavras que quero ouvir
.... porque não me beijas quando tenho saudades
não me abraças quando são dos teus braços que mais preciso


porque existe um tu
porque existe um eu
porque existe um eu sem tu


Somos o mais que podemos ser. Damos mais do que temos. E depois nunca consegue ser de amor o olhar do outro. O gesto do outro. É sempre imperfeito. Traz sempre um quase agrafado a si. Um laço que nunca dá o nó. Que nunca agarra o outro e que acaba, por sem nós nos darmos conta, nos enforcar. Com a força desse tal amor. Impossível. Porque é apenas nosso.


E nunca teu...


Nunca nos teus gestos paixão.
Nunca nos teus olhos desejo
Nunca nos teus actos redenção
Nunca.


Apenas o vazio. Do depois. Do que nunca chega a ser. Do silêncios que sabemos de cor. Das oportunidades que poderiam ser e que nunca chegarão a ser. Das opções que decidiram uma vida. Dos arrependimentos. Os caminhos que se parecem fechar. As apostas fecharam há uma hora atrás. Os dados foram lançados. Caminho sem volta. Amor impossível. Apenas...


porque existe um tu
porque existe um eu
porque existe um eu sem tu

quarta-feira, junho 01, 2005

Foste

Foste a areia que sempre me escapou por entre os dedos. o horizonte que não consegui alcançar. A tela que tentei pintar vezes demais. a oração que não quiseste ouvir. Foste tudo isso. O sorriso. A lágrima depois. O riso. O desespero. A razão. E ainda mais o coração. Foste o olhar, o beijo e foste as palavras encadeadas em conversas difíceis de terminar. Foste tudo isso.



Talvez mais. Decerto demais.

domingo, maio 29, 2005

preciso do tempo

desse tempo que se estende para além de nós. do tempo antigo. dos telefonemas desesperados às amigas de madrugada, das solitárias noites de gelados, chocolates e filmes românticos. das choradeiras. do tempo em que te via e tudo em mim vibrava. preciso do tempo em que ficava horas a pôr-me bonita para tu me achares um bocadinho de nada diferente. preciso do tempo em que ver-te era a magia desse dia. da semana inteira.
preciso do tempo em que te ver não era acordar com o teu ressonar durante a noite. as nossas mensagens não era informações sobre o trânsito. preciso do tempo em que as nossas conversas não eram sobre a ementa do dia a seguir. preciso do tempo em que gastava o meu dinheiro em roupa para te seduzir e não electrodomésticos a crédito.preciso daqueles fins de tarde na praia num rapto inesperado e precioso ao contrário das idas ao supermercado e das limpezas em casa.



preciso do tempo em que sabia que te amava e isso bastava-me para viver.

sexta-feira, maio 27, 2005

a parede branca...

Antes era assim:



Dói
e dói vivermos sem ti. porque há agora um outro tempo na tua memória hoje. um tempo do qual já não faço parte nem sequer me reconheces se me vês. o teu mundo já não é o meu mundo. e os teus olhos já não brilham. agora és vazio. um vazio que dói olhar. porque já foi tudo tão diferente. porque já me ralhaste tanto. porque já me abraçaste tanto. porque as tuas mãos dadas com as minhas já percorreram tantas ruas de Lisboa. porque já rimos tanto as duas. agora parece incrivél ver-te confinada a uma cama. a um vazio. a um mundo do qual não posso. não consigo ser parte. o teu sorriso hoje são apenas músculos que se movem. ontem era a alegria do mundo. e dói vivermos sem ti...

Hoje é assim:


a parede branca. os sussuros das pessoas. as lágrimas que apesar de tudo ser tão natural e esperado. ainda dói. desculpa doer. mas ver-te aqui tão longe num mundo onde não mais te vou encontrar. fechada e trancada nessa madeira escura e àspera sem os beijos que tanto gostavas de receber de toda a gente. ainda dói. desculpa dizer. vai doer sempre. porque cada dor é assim. traz sempre as lágrimas. a comoção. cada morte é assim. a tua também foi. igual a todas as outras. foi uma parte de mim que se foi. a inocência e a beleza de uma infância que cada vez fica mais para trás. ainda dói. desculpa dizê-lo.

23 de Abril de 2005

domingo, maio 15, 2005

Gosto das tuas lágrimas silenciosas que percorrem o teu rosto de menino e acabam nos meus dedos. Dos teus caracóis que se enredam entre os dedos e acabam por se juntar à almofada onde todos os sonhos ficam depois do adeus.
Gosto do teu sorriso grande de surpresa quando são os meus lábios que te acordam na madrugada quente, suada e tão nossa no fim de contas.
Gosto da luz vaga que te ilumina o rosto fechado e absorto no vazio de um olhar que quero apreender na memória: é o único espaço onde ele cabe agora.

quinta-feira, abril 28, 2005

um dia destes

achou-me bonita. viu-me por ai numa naquelas noites cheias de sonhos, luzes e álcool. levou-me pra casa. beijou-me os olhos suavemente. adormeci na lenta melodia das suas palavras cheias de promessas. Acordei depois.
a casa ardia. tive apenas um momento pra decidir. partir ou ficar. viver ou recordar. Saí a correr. magoei-me. no hospital falaram em queimaduras de 1º e 2º grau.
passa com o tempo, disseram eles. Que assim seja... um dia destes talve passem as queimaduras e nos meus sonhos deixe de ouvir as suas falsas promessas.

segunda-feira, abril 25, 2005

depois da noite

foi noite, madrugada e manhã. na praia. a lua devagar. cor de prata no mar imenso onde as ondas se demoravam a acabar. sem pressa de chegar. vi-te a acontecer debaixo dos meus lábios. as mãos nas mãos. como se o tempo não pudesse passar enquanto o conseguissemos agarrar e termos-nos apenas na noite, madrugada que foi manhã. ainda sem dormir. com um café, um cigarro, um gesto pequeno de adeus. porque teve mesmo de ser.

domingo, abril 24, 2005

porque mudámos

de casa, de café. de atitude. de lágrimas. porque mudaste os meus sorrisos. porque mudaste o meu beijo. porque mudaste o meu café preto e azedo pela manhã. porque mudámos as vidas vezes sem conta. porque nos renovamos em cada minutos em sequer nos darmos conta. porque mudei. mudei também os aspecto do blog.

segunda-feira, abril 18, 2005

segredo

beijavas-me o cabelo e pedias-me segredo. segredo para que aquilo tudo fosse nosso. não precisavas de pedir segredo. no sítio onde eu te escondia, ninguém mais te poderia encontrar. mesmo assim. segredo. o teus dedos contornando os meus lábios. em silêncio. porque tínhamos de falar baixinho. as palavras dos outros não faziam parte de nós.
e sentia-me tão contente. porque te amava. tu amavas-me. mesmo que num amor confinado às paredes daquela pensão barata. numa cama de lençóis arrancados na força do amor. que fazíamos, desfazíamos e inventámos para nós. em horas. minutos em que eu precisava apenas de um beijo. pedias-me silêncio. depois segredo. e no fim. acabou o meu amor. porque desfiz o segredo e fugi de ti. gosto de amar em liberdade.

sábado, abril 02, 2005

o que vês?

O que vês?


Ele e ela. deitados


E que fazem?


Nada. limitam-se a estarem deitados. juntos. em silêncio.


Só assim? Sem mais nada?


Só eles. O silêncio. E o amor.

quinta-feira, março 31, 2005

mudámos de caminho

atravessei a estrada e agora há um mundo que nos separa. Lá longe ficaram os orgulhos, as desilusões, as esperanças adiadas e rios de palavras que se derramaram em forma de lágrimas que tu nunca presenciaste. sempre demasiado cobarde para as ver. sempre demasiado longe para as limpar. sempre demasiado perto para as fazer acontecer.



Agora já não. Mudámos de caminho. Mudámos de cafés. De roupa e de mundo. Já não nos encontramos. Já não há lágrimas entre nós. Só meia dúzia de memórias doces que um dia substituirei por outras. Mudámos a música. Cortámos laços. Agora mais sozinhos que nunca. Mudámos de amores. E já nem sequer nos reconhecemos na rua.



Bom para ti. Melhor para mim.

sábado, março 12, 2005

Limites e fragilidades

Não sabes sempre tudo. Nem sempre as palavras querem dizer sentimentos. E nem os sentimentos que pensamos sentir são realmente nossos. São dos outros. Da forma como os vemos e os queremos ver e a sensação agradavél que isso nos porporciona. E como nos habituamos a isso. Pensa bem. Nem sempre tens razão. Nem mesmo quando o teu corpo chama ansioso pelo meu e em questão de segundos o desmancha. Mesmo que eu caia e aceda a todas as tuas loucuras. Nem sempre é por amor a ti. É por mim. Para testar os meus limites. Que sei cada vez mais frágeis em relação a ti. Afinal... no fim das contas, talvez acabes por teres razão... gosto demasiado de ti.

sábado, março 05, 2005

A Carta

Entregaste à Lúcia porque tinhas vergonha de me entregares directamente a mim. Ou medo da minha resposta. A uma carta que não pedia resposta. Apenas afirmava coisas. Sentimentos que me deixaram com um sorriso na cara e uns berlindes em vez de olhos. Tal era o brilho. As cartas sucederam-se umas a seguir às outras. em jeito de confissão. Como quando vinhas tarde, eu já estava a dormir e não tinhas tempo de me dizer que me amavas. Ou quando o Zé nasceu e tu embasbacado com ele nos meus braços não conseguiste dizer nada e as lágrimas caíam-te em silêncio. Nós os três. A carta. Que me deixaste em jeito de carinho quando o Zé foi pela primeira vez à escola e eu tive medo de o começar a perder. Quando ele teve a primeira namorada ou quando fomos à sua benção das fitas. Foram tantas cartas. Tantos momentos... E agora a Carta, porque estás longe. Num sítio distante em que as palavras não te alcançam e já nem sequer falas. Agora é a minha vez de ter ler e reler e por fim escrever esta carta. Em jeito de agradecimento. Por tudo.

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

de fora

ficaste de fora do jogo porque os outros não te deixaram brincar com eles. eras diferente e disso eles não gostavam. ficaste então sentado ao meu lado no banco, vendo os outros meninos brincarem. rias com as quedas e sofrias com os golos que a tua equipa não marcava. vibravas com eles. mesmo sentado ao meu lado. com as bochechas vermelhas. emocionado e frustrado. quis-te abraçar. dizer-te que um dia essas dores iriam passar. mas não vão, meu querido. o que é diferente custa muito a ser aceite pelos outros. mesmo que em ti, as emoções sejam iguais aos demais, mesmo que sejas tão ou mais inteligente que os outros, mesmo que a tua história se possa confundir com a deles, eu sei que vai ser sempre diferente. Por isso não te posso abraçar agora. tenho de te deixar começar a a habituar ao olhar e à estupidez humana. porque isso como o resto faz parte do que será o teu mundo.
desculpa, não te posso mesmo abraçar. estás de fora.

sábado, fevereiro 19, 2005

passageiros

entram. acumulam-se. pequeninos. disfarçam-se de gente pequena e encaixam-se uns nos outros. como se fizessem realmente parte uns dos outros. uma massa estranha que se olha mas não se vê. que repara no mais pequeno pormenor do outro e faz disso o seu mundo até à próxima paragem. um sorriso. depois da próxima. o teu olhar ficou preso no meu. e não te conheço. nunca o vou conhecer. Lês a revista das novelas, e de vez em quando fechas os olhos. podias ser minha mão. com um pouco mais de pintura na cara, outras roupas e o cabelo pintado, podias ser a minha mãe. ou a Zulmira, a empregada lá de casa. és tão parecida com ela. as mesmas varizes nas pernas. o desmazelo nas roupas e o ar sonhador com que lê a revista das novelas.
Sorris-me. Podias mesmo ser a Zulmira. E nunca a minha mãe. Ela não sorri assim...

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

prometo

cuidar mais de mim. olhar-me mais vezes ao espelho e perceber que afinal também as lágrimas e os sorrisos fazem parte do meu rosto. prometo olhar mais vezes para as minhas mãos e perceber se elas afinal ficam bem entrelaçadas com as tuas ou não. prometo tocar-me mais vezes para sentir a minha pele quente à espera da tua. prometo falar menos de tudo e de nada e falar apenas de ti. prometo ir mais vezes ao cinema, dispensar as pipocas, ficar atenta ao filme e, depois contigo, dissertar sobre ele. prometo que te vou mandar mensagens. prometo que vou tentar que faças parte da minha vida. prometo que vou arriscar. prometo que não vou ter medo do escuro. prometo que o sofá e as músicas melancólicas vão deixar de fazer parte dos meus dias. prometo.



E prometo também que vou cuidar mais deste meu Luar...

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

corpos

o teu corpo compreende o meu. sabe quando é preciso um beijo mais prolongado no pescoço quase a beirar a orelha ( a direita, eu sei que já decoraste). sabe que preciso de um abraço raramente. mas sabe que preciso de o sentir a deleitar-se com o meu toque às vezes tão duro e tão exigente que não pareço eu. mas sou. e só o teu corpo sabe disso. dessa violência desprovida das sensibilidades a que todos se habituaram a esperar de mim. o teu corpo sabe como posso ser má. como posso querer que sejas mau. ou rápido. devagar como quem percorre uma estrada sem pressa de chegar. o teu corpo. marinheiro de tantos portos. e agora tão meu. preso à minha cama. de olhar vendado pelo lenço azul. e untado de mim.

terça-feira, janeiro 25, 2005

kisses

de um beijo teu na minha face de manhã. a meio da tarde como quem precisa de estar sempre a dizer olá. à noite na testa. a despedida terna de quem não precisa de esperar muito. de madrugada o teu beijo. nos meus lábios. dentro da minha imaginação. que voa muito eu sei. E como sei...


quarta-feira, janeiro 19, 2005

de volta

depois de muitos atropelos. de volta. cheia de saudades de voltar a escrever-me e de me perder novamente aqui. no meu canto. encanto e tão cheio de emoções. naufrágios sucessivos. num barco que se mantém sem rumo. sem bússola. orienta-se pela luz da noite. o luar e as estrelas. eu. só.