no fim do ano. no fim de tantas e tantas emoções. imensos sorrisos e ilusões passageiras, lágrimas que pareciam durar eternidades até secarem, emoções que não passavam e sentimentos que teimavam em ficar. este ano houve de tudo.
>
agora estou quase, quase a ficar um ano mais velha. mais sábia. ou talvez não. ainda gosto demasiado. ainda corro demasiado. ainda vivo tudo intensamente. será que a idade algum dia vai mudar isto?
BOM ANO PARA TODOS!
segunda-feira, dezembro 27, 2004
sábado, dezembro 18, 2004
quanto tempo demoras?
http://www.olhares.com
Porque não há mais nada depois deste abraço. os nossos caminhos não se voltarão a entrelaçar. não haverão mais nós por contar e desatar. agora estamos sós. no nosso adeus. e no tudo que fica depois dele. apetece perguntar: ainda haverá tempo?
porque voltas. isso eu sei. os anos ensinaram-me. quanto tempo demoras então desta vez?
sábado, dezembro 11, 2004
onde me perco
onde me encontro. onde me volto a perder. em indefinições. tão minhas e tão tuas que me abraçam e silenciam as minhas palavras. depois disto sobrou pouco para te dizer.
o teu silêncio é a parte nua do amor que não queres revelar
assim quero eu acreditar...
o teu silêncio é a parte nua do amor que não queres revelar
assim quero eu acreditar...
sexta-feira, dezembro 03, 2004
Calmaria
http://www.olhares.com
deixa-te estar. assim. quieto. para eu te poder decorar. devagar. sem pressas como quase sempre que nos víamos. era sempre para ontem. os abraços angustiados. os beijos sôfregos. os toques rápidos. o fim. na pressa. os momentos que se ficaram lá atrás.
agora deixa-me apenas ver-te. não te quero tocar.
a paz na ausência
sem tempo
nem retorno
terça-feira, novembro 30, 2004
sábado, novembro 27, 2004
Ainda a voz
porque ainda não há corpo do outro lado do espelho. ainda não há nada de visivél sem ser o sorriso. o meu espelhado na voz que já conheces de cor. o teu, derramado nas infindáveis conversas que roubamos ao tempo que já nos conhece e nos trata por tu. há mais coisas. que não sei nem sequer me atrevo a nomear. sigo-te o exemplo e sou cuidadosa. mas ainda me continua a apetecer adormecer com o som da tua voz. e isso já é alguma coisa ou não?
quarta-feira, novembro 24, 2004
A voz...
Hoje apetecia-me confessar-te que gosto de ti. Dizer-te isso ao telefone. Com aquela voz que te acostumaste a ouvir antes de dormir. Aquela mesma voz ensonada que a custo te diz bom dia através do telefone. Aquela voz mesma voz que te faz sonhar com outras delícias e lentamente faz despir a imaginação ao ritmo dos teus sonhos. Lembras-te dessa voz?
Hoje apetece-me dizer, com essa mesma voz, que gosto de ti. E apetece-me falar contigo...
Hoje apetece-me dizer, com essa mesma voz, que gosto de ti. E apetece-me falar contigo...
sexta-feira, novembro 19, 2004
Outono
Porque é Outono ainda. A cor do teu corpo ainda não mudou. Eu ainda não envelheci como envelheço em cada Inverno. Porque ainda há tempo antes de escurecer. despe-me. muda-me. ainda é outono. depois... é sempre demasiado tarde.
quinta-feira, novembro 18, 2004
repito-me
sempre que falo de mim. ou de ti. ou mesmo de nós. repito-me. porque falo sempre de uma esperança. de um olhar ou de um gesto que se perdeu. falo do silêncio e de todas aquelas coisas estúpidas que um dia queria poder dizer-te. aquelas, tão mas tão rídiculas, que parecem feias ao serem ditas alto e à luz forte do dia. Talvez por isso só as diga em sonhos. à noite. Para que nem as tu as possas ouvir. repito-me. corto-me. espero. sangro. parto. a sós. com as minhas coisas estúpidas. porque não tu não as podes ouvir.
quinta-feira, novembro 11, 2004
Dói
e dói vivermos sem ti. porque há agora um outro tempo na tua memória hoje. um tempo do qual já não faço parte nem sequer me reconheces se me vês. o teu mundo já não é o meu mundo. e os teus olhos já não brilham. agora és vazio. um vazio que dói olhar. porque já foi tudo tão diferente. porque já me ralhaste tanto. porque já me abraçaste tanto. porque as tuas mãos dadas com as minhas já percorreram tantas ruas de Lisboa. porque já rimos tanto as duas. agora parece incrivél ver-te confinada a uma cama. a um vazio. a um mundo do qual não posso. não consigo ser parte. o teu sorriso hoje são apenas músculos que se movem. ontem era a alegria do mundo. e dói vivermos sem ti...
sábado, novembro 06, 2004
sem nome
sem nome. porque o perdi algures entre o teu quarto e o meu. sem nome. porque isso nunca foi importante. sem nome porque o silêncio foi sempre mais do que as palavras. sem nome. porque as cinzas que restaram de uma das nossas noites a senhora da limpeza varreu-as na manhã seguinte. sem nome. porque há milhões de átomos também sem nome. e nós somos apenas pequenas poeiras que teimamos em ficar suspensas num espaço. assim. sem nome. quase quase amor. mas sem nome. porque o nome estraga sempre tudo.
domingo, outubro 31, 2004
de ti
quis saber de ti. antes mesmo de querer saber de mim. quis saber do teu sorriso. mesmo antes de querer secar as minhas lágrimas. quis olhar por ti. sem sequer saber se me olhavas. quis saber de te tocar. sem sonhar que me pudesses tocar. quis saber de ti. antes mesmo de querer saber de mim. quis saber de ti. em vez de querer saber de mim.
sexta-feira, outubro 22, 2004
Em nós
perde-se o tempo. a fronteira que distingue o tempo. num mundo estranho. as sextas-feiras em que tudo é tanto que tudo que lá fora se esfuma através do vidro baço da janela da cozinha. encosto a cabeça ao frio e esqueço-me do calor dos teus braços que chegam por trás, me agarram e me levam de novo para o mundo dos sonhos. onde conseguimos existir apenas em nós. Sem para sempres. porque o tempo é curto e nós nem sequer devíamos ter este tempo.
terça-feira, outubro 19, 2004
de surdos
Ainda continuas aqui?
Ainda.
Porque é que ainda não desististe?
Gosto de escrever.
Não era a isso que me referia.
Eu sei. Mas foi a isso que me apeteceu responder. Ainda te amo, serve a resposta?
E de que cor é esse amor?
Verde escuro.
???????????
Esperança quase morta.
domingo, outubro 17, 2004
acho
Acho mesmo que já te disse. Mas volto a repeti-lo sempre que me quiseres ouvir dizer que: gosto do teus olhos no meus, o amor a despertar o sorriso e o riso, gosto das tuas mãos nas minhas, o princípio entranhado no fim, gosto do teu corpo no meu, desejo contra desejo, gosto dos teus sonhos na minha almofada, memórias perservadas ainda quentes das nossas ternuras. gosto dos teus lábios nos meus ouvidos dizendo coisas que não me atrevo a reproduzir.
acho que sabes... gosto de ti.
acho que sabes... gosto de ti.
sábado, outubro 16, 2004
E porque...
és um sol que despontou quando nada mais parecia haver para despontar. E porque és são os teus braços que me aquecem quando me sinto gelada de mim. E porque ouves-me nas entrelinhas destas palavras que ainda escrevo. E porque és o lugar onde posso ser apenas eu. por inteiro. sem máscaras. E porque és tu.E porque eu adoro-te aqui fica o recado: penso em ti...
sexta-feira, outubro 08, 2004
de novo
por um caminho. sems aber como nem porquê. de repente. como de tudo o que é de bom ou de mau. surpreendentemente. tu aqui quase, quase perto de mim. ainda sem me tocar. mas com uma vontade enorme que já seja amanhã. mesmo que não haja um depois de amanhã. mesmo que tudo se esgote nessa noite que há de um acontecer. Um dia mais tarde. de novo. apaixono-me por ti. és real? O que é em nós poesia? O que é em nós verdade?
Existo ou obrigas-me a existir no mundo que inventaste para nós os dois. que verdade há em tu isto?
Existo ou obrigas-me a existir no mundo que inventaste para nós os dois. que verdade há em tu isto?
sexta-feira, outubro 01, 2004
que o tempo parasse
ontem. por um momento apenas. parei-o. fi-lo parar. desliguei o coração. o meu e o teu. ficaram juntos e quietos. suspensos em si mesmos. à espera de nós. do que nunca acontece.
que o tempo parasse. que algo acontecesse. mesmo à escura de olhos fechados para o mundo e entregues a nós. a música tinha parado. a lareira ainda crepitava. e a noite ameaçava ser manhã. que o tempo parasse. porque não me apetecia saber do depois nem do antes nem do agora. que o tempo parasse. porque não quero saber das horas dos minutos ou dos segundos que um beijo demora a sair dos teus lábios. que o tempo parasse. porque nunca é demasiado tempo e não tenho tanto tempo.
que o tempo parasse. que algo acontecesse. mesmo à escura de olhos fechados para o mundo e entregues a nós. a música tinha parado. a lareira ainda crepitava. e a noite ameaçava ser manhã. que o tempo parasse. porque não me apetecia saber do depois nem do antes nem do agora. que o tempo parasse. porque não quero saber das horas dos minutos ou dos segundos que um beijo demora a sair dos teus lábios. que o tempo parasse. porque nunca é demasiado tempo e não tenho tanto tempo.
sexta-feira, setembro 24, 2004
nos olhos de quem vê
é a magia e o brilho. a beleza profunda antes do abismo. o caos antes da perfeição. o sentido de tudo o que nunca faz sentido nos dias que correm. a luz à nossa espera num túnel imenso. o eco das palavras e mesmo daqueles silêncios que ficam encastrados em nós à espera que a palavra s e solte e o verbo se desenhe nos lábios. São os olhos de quem vê. De quem ama e sabe. que os olhos dos outro são apenas reflexos dos seus. porque há nós de caos e perfeição, de beleza e abismo. nós muito apertados entre quem vê o amor nos olhos do outro. Porque há um nós em cada olhar teu.
segunda-feira, setembro 20, 2004
Quando ainda era Verão
dantes é que era bom. víamos o sol nascer da nossa janela, comíamos a fruta madura da nossa janlea e o mundo acontecia mesmo ali aos nossos pés, onde as ondas do mar nos tocavam e faziam cócegas. devagar. porque o tempo eram aqueles longos três meses de férias. porque as amoras estavam maduras e pediam para ser colhidas e comidas em segredo mesmo antes da hora do jantar.
dantes é que era bom. descalços, as silvas não nos incomodavam e a terra entranhada no corpo era prova da sintonia perfeita. eu e tu. num verão desses longos e irrestíveis. que não sabíamos que não se voltaria a repetir. porque crescemos. as silvas magoam. a terra é sujidade. e as amoras demasiado maduras fazem mal. trocámos a noite pelo dia e já não há três meses de férias. há apenas umas semanas intercaladas ao longo do ano. é tudo. nada como dantes. Quando ainda era Verão...
dantes é que era bom. descalços, as silvas não nos incomodavam e a terra entranhada no corpo era prova da sintonia perfeita. eu e tu. num verão desses longos e irrestíveis. que não sabíamos que não se voltaria a repetir. porque crescemos. as silvas magoam. a terra é sujidade. e as amoras demasiado maduras fazem mal. trocámos a noite pelo dia e já não há três meses de férias. há apenas umas semanas intercaladas ao longo do ano. é tudo. nada como dantes. Quando ainda era Verão...
domingo, setembro 19, 2004
vê
por detrás dos meus olhos a luz que me consome. por detrás das minhas mãos há uma fogueira contínua. queima. mata. porque não te alcança. quase nunca.
Atas poemas às paredes e teces em fios de seda palavras que não deixas ouvir. e que dizem baixinho para continuar aqui. deste lado do espelho onde nada é ainda possivél.
lanças-te à estrada em sonhos falhados.
por detrás um da voz um fio de dia a chamar a noite. de luar pequeno. as estrelas não brilham.
vê a cadeira de pedra. ausência de ti. fria e dura. penosa. ninguém lá se senta.
Atas poemas às paredes e teces em fios de seda palavras que não deixas ouvir. e que dizem baixinho para continuar aqui. deste lado do espelho onde nada é ainda possivél.
lanças-te à estrada em sonhos falhados.
por detrás um da voz um fio de dia a chamar a noite. de luar pequeno. as estrelas não brilham.
vê a cadeira de pedra. ausência de ti. fria e dura. penosa. ninguém lá se senta.
domingo, setembro 12, 2004
Hope
"I have lost my horse, my armor, my sword. I have lost my way. I have lost my strength. I have lost everything...I will not lose hope."- Excalibur
quarta-feira, setembro 08, 2004
Sem
sem saudade porque isso é ainda resto. sem depois porque já não regresso.
sem ontem porque aconteceu. sem amanhã porque não volta acontecer.
sem promessas porque nunca se cumprem. sem palavras porque somos feitos de silêncios.
sem mais nada porque afinal foi isso que ficou. sem adeus porque não gosto de despedidas.
sem ontem porque aconteceu. sem amanhã porque não volta acontecer.
sem promessas porque nunca se cumprem. sem palavras porque somos feitos de silêncios.
sem mais nada porque afinal foi isso que ficou. sem adeus porque não gosto de despedidas.
terça-feira, setembro 07, 2004
a kiss is just a kiss
os teus olhos fixos nos meus à espera de uma resposta. são apenas olhos. os olhos a fecharem-se lentamente. sentir a tua respiração tão perto. confundi-la com a minha. o teu dedo nos meus lábios. devagar. temos a noite toda. pelo menos esta. só esta. pára. quero ter os olhos abertos. quero guardar a tua imagem a beijar-me. pode ser que um beijo seja apenas e só um beijo. que os teus lábios sejam apenas uns quaisquer lábios iguais a tantos outros. e esta apenas uma noite em que se pisou o risco e se perdeu o tino. uma noite igual a tantas outras. com lua e estrelas. e nós apenas sós. Um beijo é apenas e só um beijo. um risco assumido. sem volta atrás. os nossos lábios sabem da nossa história. nós apenas sós. Still friends? a kiss is just a kiss, don't forget about that.
domingo, setembro 05, 2004
A mulher de Inverno
De mãos nos bolsos percorre as ruas e as avenidas de cidade grande e crua. Veste-se de branco em pleno inverno. parece quase sempre uma noiva com as suas saias compridas ou vestidos sem mangas. é estranha. sem abrigo. maluca. não puta. nem drogada.
vive das palavras que espalha como pó branco de magia que entorna em cada rosto que pára. escuta. e olha abismado. dividido entre aquele ser diferente e o resto do mundo. dos dias. fracções de vidas que lhe passam. ao lado. num constante corropio. não lhe deixam marcas. Mas ela sim deixa, em cada ouvido que a escuta, em cada coração que ela encontra aberto. Canta, recita, improvisa palavras que se derramam em sangue vivo pelas ruas e avenidas da cidade grande e crua. Que já não pára. Para loucas como ela. A cidade já não tem tempo para sentir. Como ela de branco. Em pleno Inverno. Uma noiva abandonada. Louca definitivamente pelas palavras que nela são apenas e só poesia.
vive das palavras que espalha como pó branco de magia que entorna em cada rosto que pára. escuta. e olha abismado. dividido entre aquele ser diferente e o resto do mundo. dos dias. fracções de vidas que lhe passam. ao lado. num constante corropio. não lhe deixam marcas. Mas ela sim deixa, em cada ouvido que a escuta, em cada coração que ela encontra aberto. Canta, recita, improvisa palavras que se derramam em sangue vivo pelas ruas e avenidas da cidade grande e crua. Que já não pára. Para loucas como ela. A cidade já não tem tempo para sentir. Como ela de branco. Em pleno Inverno. Uma noiva abandonada. Louca definitivamente pelas palavras que nela são apenas e só poesia.
(Este post nasceu por acaso. E por respeito às leis da inspiração deixei-o ficar. Pode ser que um dia venha a ser conto. Quem sabe?)
sexta-feira, setembro 03, 2004
E baixinho...
disse-te que sim, que estava triste. que me apetecia apenas ficar sentada no canto das paredes brancas, à espera. de quê. não da morte. mas da vida.
deixaste-te escorregar lentamente pela parede e ficaste sentado comigo durante algum tempo. quanto tempo não sei. não uso relógio. o meu tempo nunca é igual aos dos outros. ficámos ali. calados. meio envergonhados. se alguém nos visse... que diriam... dois patetas, de certeza!
o corpo pedia movimento. de tão quietos e calados que estávamos. à espera da vida. sabes, disse-me entretanto ele enquanto mudava de posição e se punha à minha frente, a vida não se espera, vive-se. despediu-se de mim, da casa, das paredes brancas e foi viver. eu continuei à espera. agora não da vida. mas da vida com ele. para a finalmente viver.
deixaste-te escorregar lentamente pela parede e ficaste sentado comigo durante algum tempo. quanto tempo não sei. não uso relógio. o meu tempo nunca é igual aos dos outros. ficámos ali. calados. meio envergonhados. se alguém nos visse... que diriam... dois patetas, de certeza!
o corpo pedia movimento. de tão quietos e calados que estávamos. à espera da vida. sabes, disse-me entretanto ele enquanto mudava de posição e se punha à minha frente, a vida não se espera, vive-se. despediu-se de mim, da casa, das paredes brancas e foi viver. eu continuei à espera. agora não da vida. mas da vida com ele. para a finalmente viver.
quinta-feira, setembro 02, 2004
Pó e poeiras
cansada de aqui estar. de me vestir de lágrimas. de me obrigar a ser pedra. bruta. que já ninguém tem coragem de moldar. cansada de não poder ser trovão. cansada de ser a chuva miudinha que cai sem que ninguém dê por isso.
hoje cansada por ser de pó. que basta soprar para desaparecer. cansada do asfalto duro e negro. cansada da poeira que teima em não assentar. cansada de uma liberdade mais parecida com a solidão do que com a felicidade. cansada de ser de pó. cansada de me soprarem.
hoje cansada por ser de pó. que basta soprar para desaparecer. cansada do asfalto duro e negro. cansada da poeira que teima em não assentar. cansada de uma liberdade mais parecida com a solidão do que com a felicidade. cansada de ser de pó. cansada de me soprarem.
quarta-feira, setembro 01, 2004
de cor e magia
Estou cansada dos trapezistas. De saltos em saltos. De espírito aberto para a possibilidade de partirem o pescoço. Estou cansada dos equilibristas que se desenrascam na corda bamba. Viagens sem regresso. Nem rede. Preciso de um mágico. Não quero saber como faz os truques. não me importo que sejam apenas truques. Quero apenas magia. E uma ilusão.
Uma ilusão cheia de magia. Daquelas que são tão reais que se confundem connosco. Que afinal não somos mais do que uma invenção feita pelos olhos dos outros. Os mágicos. Que amam. Criam ilusões. Perfeitas de cor e magia. Os outros. Esses mágicos...
Uma ilusão cheia de magia. Daquelas que são tão reais que se confundem connosco. Que afinal não somos mais do que uma invenção feita pelos olhos dos outros. Os mágicos. Que amam. Criam ilusões. Perfeitas de cor e magia. Os outros. Esses mágicos...
terça-feira, agosto 31, 2004
num outro qualquer tempo
releio-te e as palavras não encaixam em ti. foi num qualquer outro tempo que hoje não faz sentido. porque alguém mudou. não interessa quem. ou então não mudámos nada. e isso é apenas uma desculpa tola para dizer que acabou. foi o tempo que passou por nós. que levou o que tinha mesmo de levar e deixou pouca coisa.
o que releio á tua procura nem sequer sei se existiu, se eras tu quem estava por detrás das palavras ou se as palavras eram apenas o brilho das estrelas reflectido em ti. podia ser da maquilhagem, das roupas e das bugigangas com que enfeitavas as tuas palavras. podia ser isso tudo. ou podia ter havido mesmo esse sentimento. num outro qualquer tempo. que não vejo nem reconheço nestas palavras. em ti.
o que releio á tua procura nem sequer sei se existiu, se eras tu quem estava por detrás das palavras ou se as palavras eram apenas o brilho das estrelas reflectido em ti. podia ser da maquilhagem, das roupas e das bugigangas com que enfeitavas as tuas palavras. podia ser isso tudo. ou podia ter havido mesmo esse sentimento. num outro qualquer tempo. que não vejo nem reconheço nestas palavras. em ti.
segunda-feira, agosto 30, 2004
voltar
uma e outra vez. Como se apesar de tudo ainda fizesse sentido voltar. ao lugar. às palavras Às emoções sem conseguir dizer o tão esperado e desesperado adeus. a distância agora é outra. desta não há regresso. não há saudade. há tempo. que teima em não passar e instala-se em mim como pedaço de vidro. que dói. devagar. lentamente. é impossivél não dar por ele. ainda por cima bate. o coração. a que volto quase sem dar por isso. como se apesar de tudo ainda fizesse sentido ouvi-lo. senti-lo. a voltar.
segunda-feira, agosto 23, 2004
(A)deus
Tão perto e tão longe, apetece-me dizer. Neste claustro onde o silêncio entremeia cada passo e cada palavra, onde basta sair para poder encontrar o mundo lá fora. Em que cada cela deste convento é um lugar mais perto de Deus. E do nosso Adeus. Que foi breve. Inteiro. E não precisou de muitas palavras.
Afinal aqui, neste claustro, onde o lago está seco o jardim ficou por cuidar, tudo isso é testemunho do abandono e de um outro adeus bem mais antigo e profundo do que o nosso. Pertencerei então aqui. Com a penitência de ainda te amar. Em silêncio. No (A)deus.
Afinal aqui, neste claustro, onde o lago está seco o jardim ficou por cuidar, tudo isso é testemunho do abandono e de um outro adeus bem mais antigo e profundo do que o nosso. Pertencerei então aqui. Com a penitência de ainda te amar. Em silêncio. No (A)deus.
domingo, agosto 22, 2004
sometimes
tenho medo. dessas pessoas que entram sem avisar. não pedem liçença e apenas entram. e ficam. constroem castelos no ar. e depois sem avisar novamente partem. deixam saudades e pó nas coisas. que não me atrevo a limpar.
como plasticina. como brincadeira de criança, deixas-te moldar. seres em ti ou seres no outro. quando dás por ti já nem sequer sabes bem quem és. já foste. e nos olhos fica o brilho triste e melancólico de uma saudade. de uma vida que já torna.
assim, às vezes, tenho medo das pessoas. muito medo.
como plasticina. como brincadeira de criança, deixas-te moldar. seres em ti ou seres no outro. quando dás por ti já nem sequer sabes bem quem és. já foste. e nos olhos fica o brilho triste e melancólico de uma saudade. de uma vida que já torna.
assim, às vezes, tenho medo das pessoas. muito medo.
sexta-feira, agosto 20, 2004
terça-feira, agosto 17, 2004
Ao tempo...
Ao F. e à S.
Confesso-te, houve tempos em que duvidei de tu e eu outra vez. Juntos. E nesses intervalos de tempos nasceram dores desconhecidas, passaram por nós outras vidas. Viagens. Descobertas. Sem amarras. Incessantes procuras. Do mesmo. Do que só havia em ti.
Ficaste-me na pele. Tatuagem dolorosa e impossivél de apagar. Dor impregnada num lugar desconhecido de mim. Imprimi-te em confissões regadas a álcool e a lágrimas. Gritos desesperados, apenas porque não estavas ali. Eram outros corpos. Outras pessoas. Não tu.
Agora, hoje, aqui comigo, tenho até medo de dizer que estamos juntos. Depois deste tempo. Depois de tudo. Tenho ainda medo de acreditar que estás aqui. Comigo. E amo-te, apetece-me dizer-te.
segunda-feira, agosto 16, 2004
E passou um ano...
Deveria dizer que não dei pelo tempo passar. Que os dias, as noites e as madrugadas que fizeram este Luar, aconteceram sem que eu desse por isso. Ficava bem. E talvez fosse bonito. Mas era mentira.
Os dias, as noites, as madrugadas passaram por mim. Deixaram marcas. Algumas boas, outras nem por isso. A maioria ficou registada aqui como espasmos de dor, sorrisos, ou ininteligíveis pedidos de socorro.
Passou um ano. Feito o balanço: foi muito bom estar aqui. Corrigindo-me: é muito bom continuar aqui.
Os dias, as noites, as madrugadas passaram por mim. Deixaram marcas. Algumas boas, outras nem por isso. A maioria ficou registada aqui como espasmos de dor, sorrisos, ou ininteligíveis pedidos de socorro.
Passou um ano. Feito o balanço: foi muito bom estar aqui. Corrigindo-me: é muito bom continuar aqui.
quarta-feira, agosto 11, 2004
Já foste
já foste o sorriso no fim do dia. o sorriso que me apetece ver mesmo antes de adormecer. foste a voz que embala os sonhos mesmo ao telefone na escuridão de um qualquer quarto. foste o segredo confessado às amigas. os risos nervosos das mãos que se tocam. foste as lágrimas a despontar. foste o medo. a desilusão. a angústia. a ternura. o carinho. tudo em letras pequenas. daquelas que se perdem se não as vigiarmos bem.
já foste o cansaço das discussões desgastantes. foste a mais bonita reconciliação. a injustiça e o abraço. foste o dia-a-dia sem rotina. foste a noite feita madrugada tantas vezes que me esqueci de contá-las. foste a mão no ombro que avisa. foste o cheiro a que me habituei sem dar conta. foste as letras das minhas palavras. a emoção por detrás delas. foste nos meus olhos a imperfeição que aprendi a gostar de ter por perto. foste
já foste o cansaço das discussões desgastantes. foste a mais bonita reconciliação. a injustiça e o abraço. foste o dia-a-dia sem rotina. foste a noite feita madrugada tantas vezes que me esqueci de contá-las. foste a mão no ombro que avisa. foste o cheiro a que me habituei sem dar conta. foste as letras das minhas palavras. a emoção por detrás delas. foste nos meus olhos a imperfeição que aprendi a gostar de ter por perto. foste
segunda-feira, agosto 09, 2004
De férias
De férias...ao sol, tentando renovar a inspiração e tentando renovar-me a mim mesma. Boas férias para quem como eu está de papo para o ar e bom trabalho para quem fica!
P.s-Volto para o dia de Aniversário deste blog,ou seja dia 14 de Agosto.
P.s-Volto para o dia de Aniversário deste blog,ou seja dia 14 de Agosto.
domingo, agosto 01, 2004
Que palavras há
Ao C.
Que palavras há para pedir desculpas a alguém quando a dor causada é assustadoramente profunda? Que palavras há para que o desespero se cale e ansiedade dimunua e seja apenas mais uma voz entre a dos infindáveis fantasmas que me perturbam o sono. A tua voz é ainda viva demais. Magoa demais. As tuas palavras vibram demais. Queimam. Ferem.
Dói tocar na minha pele depois de tudo. Porque te sinto ainda em mim. Nos livros que ficaram. Nas músicas que dividimos a meias para que tudo fosse igualmente um do outro. Porque éramos dois. E tínhamos sonhos.
Que palavras há para te poder fazer de novo sonhar comigo e aplacar nem que seja um pouco a tua dor?
sábado, julho 31, 2004
Regressos
De novo em Lisboa e já com saudades do Porto. Das ruas inclinadas. Dos cafés onde ainda reina o fantástico ambiente de tertúlia e convivência. Do mercado. Do Palácio de Cristal com as suas varandas para o rio. Do cais de Gaia. Das pontes que talvez um dia sejam o meu futuro. Das lojas de bairro onde me apetece sempre perder. Do cubo da Ribeira. E das pessoas. Dos sorrisos e dos abraços. Que encontrei desta vez no Porto.
quarta-feira, julho 28, 2004
Porto... ainda.
Ainda no Porto. Com saudades. Mas sem vontade de voltar. Com o sotaque já muito alterado. Embrenhada nas névoas misteriosas e nos quelhos que não levam a lado nenhum. Nas pessoas que cativam à primeira. Porque o Porto ainda me encanta em cada viagem. Em cada regresso... apetece dizer...
quinta-feira, julho 22, 2004
verdades
A verdade? !
Encontra-a tu. às vezes não sei mesmo onde a deixei. Se existe. Já não sei distinguir o que é realmente daquilo que eu gostaria que fosse. Não sei até que ponto não somos as personagens que escrevemos na nossa história. Para não nos esquecermos de nós, dizes-me tu. E tenho medo que seja verdade, sabes? Que isto seja verdade. E que eu acabe mesmo por nunca me esquecer de ti. Que a verdade ultrapasse a nossa ficção e que uma das verdades a minha ou a tua subsista apesar de tudo. Ainda acreditas em finais felizes? Como vai ser o nosso? Ficção ou verdade? A tua ou a minha.
Encontra-a tu. às vezes não sei mesmo onde a deixei. Se existe. Já não sei distinguir o que é realmente daquilo que eu gostaria que fosse. Não sei até que ponto não somos as personagens que escrevemos na nossa história. Para não nos esquecermos de nós, dizes-me tu. E tenho medo que seja verdade, sabes? Que isto seja verdade. E que eu acabe mesmo por nunca me esquecer de ti. Que a verdade ultrapasse a nossa ficção e que uma das verdades a minha ou a tua subsista apesar de tudo. Ainda acreditas em finais felizes? Como vai ser o nosso? Ficção ou verdade? A tua ou a minha.
terça-feira, julho 20, 2004
as tuas palavras
as tuas palavras agarram as minhas e prendem-me ao sonho. Escapam-se beijos com sabor a cerejas e promessas com sabor a eternidade. Os silêncios suspendem olhares. E o tempo queda-se mudo a ver o amor acontecer. em nós.
sábado, julho 17, 2004
hoje
hoje quero ser apenas um barco no mar
perdido e naufragado nos teus braços
que me acolhem sempre com um sorriso renovado
hoje quero ser a âncora que se prende em ti
a janela que se abre para o mundo
a flor que faço desabrochar
serenamente... hoje... em ti
barco amarrado ao cais
perdido e naufragado nos teus braços
que me acolhem sempre com um sorriso renovado
hoje quero ser a âncora que se prende em ti
a janela que se abre para o mundo
a flor que faço desabrochar
serenamente... hoje... em ti
barco amarrado ao cais
terça-feira, julho 13, 2004
O vento veste os cabelos, rasga a voz; é eco... sabe de nós. Ricardo Mariano
O vento veste os cabelos, rasga a voz; é eco... sabe de nós. Ricardo Mariano É a única testemunha das esquinas frias onde nos despedimos a medo. Ninguém nos pode ver. Ou pressentir. Que isto existe. Que existimos. Que não é apenas o vento de um fim de tarde de inverno que me despenteia os cabelos. São as tuas mãos que os puxam. São os teus dedos que se enrolam nos meus caracóis.
É o vento desse final de tarde que me devolve à outra vida. É esse mesmo vento que me sacode por dentro. Me faz ter calor por todas as entranhas de mim e desejar-te. Aqui e agora. Mais do que um eco. A tua presença. E vento que sabe sempre de nós...
É o vento desse final de tarde que me devolve à outra vida. É esse mesmo vento que me sacode por dentro. Me faz ter calor por todas as entranhas de mim e desejar-te. Aqui e agora. Mais do que um eco. A tua presença. E vento que sabe sempre de nós...
domingo, julho 11, 2004
no chão
de tijoleira, ela senta-se de pernas cruzadas e desenha. A carvão. Traços pretos que definem caminhos, rostos e sonhos. Os dela. Os de ambos. Porque ele sentado, também no chão, toca. Com as cordas inventa e reinventa acordes. Melodias que penetram no ouvido e ficam. A martelar. A desenhar os riscos a carvão que ela traça nas infindáveis folhas brancas que enchem o chão. De tijoleira. Fria. A única testemunha deles. De como fazem, numa forma única e singular, amor. E arte. Numa comunhão perfeita em que se ilude o tempo lá de fora e se caminha de mãos dadas. Ali e só ali. Naquele canto a dois. Onde o amor acontece. E arte se mistura. A dois.
quinta-feira, julho 08, 2004
São só palavras
disse-me ela quando pela primeira vez me leu. Aceitei calada. Tinha razão. Fui para casa reformular o texto, tentando-lhe inventar um estilo e reinventar as palavras. Não resultou, a professora de português cotou a minha composição com um insuficiente sem apelo nem recurso. Não quis desistir. Mas sabia que um dia teria de o fazer. Que não se pode inventar o que não se tem, neste caso, talento. A professora deveria ter razão. Eu não sabia escrever.
Os anos passaram. Hoje, admito, ela tem razão. O que escrevo são só palavras. Que vêm de dentro. Que me corroem, me agridem e me fazem sorrir. Escrever é um prazer. Inimaginavél para quem está do outro lado do espelho. Enfrento os fantasmas de antigamente e dedico-me a escrever. Por agora aqui. Há quase um ano...
Os anos passaram. Hoje, admito, ela tem razão. O que escrevo são só palavras. Que vêm de dentro. Que me corroem, me agridem e me fazem sorrir. Escrever é um prazer. Inimaginavél para quem está do outro lado do espelho. Enfrento os fantasmas de antigamente e dedico-me a escrever. Por agora aqui. Há quase um ano...
sábado, julho 03, 2004
Obrigado
Não era suposto escrever hoje. Nem sequer vir aqui ao blog. Aconteceu lê-lo de ponta a ponta como nunca o tinha feito. Ler e reler posts e comentários. Num acto de narcisismo puro ou de tentativa de elevar o ego. No fim de todas as leituras ficou apenas uma imensa gratidão a todos os que comentam, aos que me escrevem e a todos outros que ainda se detém a ler as minhas palavras. Obrigado.
quinta-feira, julho 01, 2004
apetece-me
Apetece-me um café. Um copo de vinho tinto. A minha música. Uma longa conversa. E uma boa companhia.
quarta-feira, junho 30, 2004
Margaridas
by
Renalva Resende
D. Margarida. Já ninguém a chama por outro nome. Já ninguém na aldeia se lembra que ela tinha outro nome ou mesmo outra vida para além dos seus enormes campos em que plantava margaridas. É um negócio de sucesso. Porque as suas flores são únicas. Viçosas como nenhumas. Não precisam de aspirinas nas jarras para durarem mais tempo. Duram longe da terra quase um mês. Depois morrem, porque como D.Margarida, explica, murcham porque não aguentam as saudades. São flores famosas estas margaridas, acreditem. Até vem pessoas de fora para as verem. O segredo que não é segredo nenhum, contou ela a uma jornalista dessas revistas de domingo, o segredo é o amor. O amor com que se cuida delas, perguntou a jornalista. E D. Margarida com o seu sorriso de garota ainda cândido e ternurento, respondeu-lhe: Esse também é importante. Mas há outro amor. Bem mais forte do que esse. O amor que me levou a plantá-las. Porque o único homem que amei antes de morrer, comparou-me a uma margarida. Bela, discreta e simples, como uma margarida, disse ele. Ele partiu. Eu fiquei. Nasceram as margaridas. Em memória desse amor. Belo, discreto e simples. Como deveriam ser todos. Como uma margarida...
Renalva Resende
D. Margarida. Já ninguém a chama por outro nome. Já ninguém na aldeia se lembra que ela tinha outro nome ou mesmo outra vida para além dos seus enormes campos em que plantava margaridas. É um negócio de sucesso. Porque as suas flores são únicas. Viçosas como nenhumas. Não precisam de aspirinas nas jarras para durarem mais tempo. Duram longe da terra quase um mês. Depois morrem, porque como D.Margarida, explica, murcham porque não aguentam as saudades. São flores famosas estas margaridas, acreditem. Até vem pessoas de fora para as verem. O segredo que não é segredo nenhum, contou ela a uma jornalista dessas revistas de domingo, o segredo é o amor. O amor com que se cuida delas, perguntou a jornalista. E D. Margarida com o seu sorriso de garota ainda cândido e ternurento, respondeu-lhe: Esse também é importante. Mas há outro amor. Bem mais forte do que esse. O amor que me levou a plantá-las. Porque o único homem que amei antes de morrer, comparou-me a uma margarida. Bela, discreta e simples, como uma margarida, disse ele. Ele partiu. Eu fiquei. Nasceram as margaridas. Em memória desse amor. Belo, discreto e simples. Como deveriam ser todos. Como uma margarida...
sábado, junho 26, 2004
atrás de ti
há um mundo de fantasmas e de sombras que são impossíveis de escrever. Há o racíocinio frio e incontestavél de quem não quer se arriscar a sair do mesmo lugar. Há o não. Sempre frio e insensivél. Há lógica derretida no momento para sempre suspenso de um beijo. Há a certeza firmada em dezenas de palavras. Há tudo isso e ainda mais aquilo atrás de ti. Á tua frente, estou eu. Ainda à tua espera...
quinta-feira, junho 24, 2004
rasgos
... rasgaste-me o sonho. Que era um sol enorme que amanhecia comigo todas as manhãs, que me afastava os caracóis dos olhos e me obrigava a ver o dia. De forma diferente. Indiferentemente da cor que o céu tivesse. Rasgaste-me o sonho, arrancaste-me a pele quando já estava seca e curtida pelo sal de anos de mar, arrasto e solidão. Esventraste caminhos e perseguiste esperanças em mim. Quando sabias que em mim havia apenas espaço para o meu céu, o meu mar e o meu chacimbo de cereja. Inevitavelmente fechaste, com a palma das tuas mãos esguias e silenciosas, os meus olhos. Deixei de me ver. Passei-me a encontrar apenas no seguimento dos teus dedos e fiquei até te ver deslizar de novo por entre as águas devolvendo-me por fim ao meu tabaco de cereja, ao meu mar e ao meu céu. No final das contas os meus companheiros de sempre.
quarta-feira, junho 23, 2004
Ontem
Hoje ou amanhã. Ontem podia ter sido num dia como outro qualquer. As olheiras e a rouquidão de hoje poderiam ser de um outro dia perdido no calendário. Foram de ontem. Das lágrimas e dos risos. Das gargalhadas e das birras. Dos amuos e dos abraços sentidos. Das palavras que se disseram entre todos nós. Do muito que se viveu e sentiu.
Vida. Sonho. Adolescência. Somos imortais. Temos a vida na mão.Adiamos tudo. Tudo aquilo que deveria ser importante. Seremos irresponsáveis, sem dúvida. Porque ontem era tudo ainda mais possivél do que nos outros dias normais. Ontem éramos todos mais nós. Sem máscaras ou defesas. Com sono, com fome, com frio e ressaca de tabaco. Ontem fomos nós. Fomos o sonho de uma vida em que parece que já se viveu tanto e quando damos por nós numa varanda qualquer a rir de madrugada, percebemos que ainda não vivemos nada. Apesar de tudo. É bom sentir que sim. Que ainda é possivél sonhar. Ontem. Hoje ou amanhã. Fazem sentido estas olheiras e esta rouquidão. Porque faz sentido sonhar e sentirmo-nos imortais.
Vida. Sonho. Adolescência. Somos imortais. Temos a vida na mão.Adiamos tudo. Tudo aquilo que deveria ser importante. Seremos irresponsáveis, sem dúvida. Porque ontem era tudo ainda mais possivél do que nos outros dias normais. Ontem éramos todos mais nós. Sem máscaras ou defesas. Com sono, com fome, com frio e ressaca de tabaco. Ontem fomos nós. Fomos o sonho de uma vida em que parece que já se viveu tanto e quando damos por nós numa varanda qualquer a rir de madrugada, percebemos que ainda não vivemos nada. Apesar de tudo. É bom sentir que sim. Que ainda é possivél sonhar. Ontem. Hoje ou amanhã. Fazem sentido estas olheiras e esta rouquidão. Porque faz sentido sonhar e sentirmo-nos imortais.
sábado, junho 19, 2004
Incompletos e suspensos
Ainda continuamos assim. Talvez ainda mais do que dantes. Quando tudo era ainda um sonho por acontecer. Descoberta, novidade, paixão. Ainda és tudo isso. E já passou tanto tempo. És talvez mais. És tudo. O sonho de ontem, o acontece de hoje e um futuro demasiado imprevisivél de amanhã.
Serás tudo isso. Somos o que somos. Incompletos e suspensos. Como sempre. Para sempre?
Serás tudo isso. Somos o que somos. Incompletos e suspensos. Como sempre. Para sempre?
quinta-feira, junho 17, 2004
A ti
que sabes sempre quem sou. Que não me perdes mesmo que me ache perdida. Que me encontras em qualquer lugar. Que não te esqueces de procurar em mim os sorrisos. Os olhares de cumplicidade. Que despertas o riso num dia triste. Que me ouves mesmo quando não temos nada para falar. A ti... porque quase nunca há palavras para te agradecer. A ti... porque sim.
quarta-feira, junho 16, 2004
o calor
que me aquece. me enlouquece. me faz querer-te. hoje. cada vez mais. numa noite como esta. o sumo de limão. ácido e frio. a azia de uma despedida. antes o sorriso e a promessa que me forço a adivinhar. voltas? sem me arrefecer. porque agora quero definitivamente o calor. o teu. não me importo a que preço. já paguei tanto. não me importo de pagar tudo. o que ainda resta. para ti. sempre. com calor.
quarta-feira, junho 09, 2004
cansaço
cansaço. muito. um peso incomensuravél nas costas que se curvam perante mais uma rua sem saída. porque sim. porque é preciso pôr-nos de novo em movimento. porque é preciso esquecer ou tentar pelo menos ignorar o cansaço e fazer marcha atrás. regressar ao ponto de partida. a mim. e voltar de novo a olhar em frente. talvez não hoje. porque tudo ainda foi agora. porque as lágrimas cansam quando assomam aos meus olhos e se estendem pelo meu rosto. ainda de menina. ainda cheio de sonhos. de fé no futuro. nesse mesmo que pode ser bem pior do presente que me deixa tão cansada. mas pode ser melhor. bem melhor. é essa a fé. é esse o futuro que procuro em mim. e depois só tão depois em ti.
hoje ainda não. dá-me tempo. deixa que as lágrimas caiam. dá-me o teu ombro. preciso de fechar os olhos. descansar e acreditar. em mim.
hoje ainda não. dá-me tempo. deixa que as lágrimas caiam. dá-me o teu ombro. preciso de fechar os olhos. descansar e acreditar. em mim.
segunda-feira, junho 07, 2004
lembras-te?
Lembras-te do sabor dos meus lábios, da curva do meu pescoço onde descansavas depois de tudo, lembras-te do cheiro a laranja e a chocolate que os meus sentidos absorviam encantados enquanto os teus lábios se demoravam nos meus? Lembras-te das noites de verão em que não conseguíamos dormir e nos deliciávamos com as cervejas geladas bebidas na janela da cozinha, enquanto o mundo acontecia à nossa volta. Lembras-te do resto. Dos ombros que se despiam rapidamente quando a urgência era o nosso único ritmo ou lembras-te das conversas que pareciam sempre diálogos intermináveis dignos de um livro de poesia. Porque afinal de contas escrevíamos nessas conversas a nossa história. Passaram anos. Apetece-me perguntar-te: ainda te lembras?
quinta-feira, junho 03, 2004
do meu quarto
do meu pequeno mundo onde me escondo. me abrigo das injustiças, das desilusões e de todas aquelas outras tristezas que conhecemos de cor todos os dias. do meu quarto onde lisboa à noite parece uma cidade incrivelmente calma. deserta. onde me perco de olhos fechados. e me encontro nas ruelas e travessas. num jogo. às escondidas contigo. que me procuras. me foges. e nunca me achas. do meu quarto. onde os cheiros se misturam com as músicas que enchem o ar. do meu quarto onde o profano do teu corpo seduz o sagrado de um amor. do meu quarto onde nos inventamos e fazemos de conta mais uma vez. prometo que é a última. a última antes da outra. do meu quarto, onde escrevo e sorrio. do meu quarto onde é a tua imagem que permanece fechada em mim.
terça-feira, junho 01, 2004
Encantamentos
encantei-me. encantaram. o sorriso delas. que me seduziu assim que as vi. pequenas e curiosas a pedirem um instante de atenção exclusivo para elas. são crianças. iguais a tantas outras. que me fizeram deixar de olhar ao espelho. de me ver e rever continuamente. o riso delas despertou o meu. o sorriso delas renovou o meu. e o olhar pequeno e terno encantou o meu. agora sei. foi pouco tempo. apenas uma tarde em que lhes falei da magia das letras. em que tentei lhes enfeitiçar o espiríto com livros e estórias. nalgumas sei que consegui. a paixão por ouvir e contar estórias foi despertada. agora só espero que continue nelas. e em mim...
domingo, maio 30, 2004
despedidas
Gosto de despedidas porque lembram que toda a gente é sozinha. É assim que me sinto pelo menos uma vez por dia. a despedir-me de ti. não há um momento final. o último adeus. nada em nós se extingue. só aumenta. transforma-se em coisas que não sei dizer. tenho medo. de te fazer chorar. e queria. juro que queria. saber despedir-me de ti.
ou então ficar contigo. mas sem doer. o amor não dói, prometeu-me a minha avó. ela devia saber do que falava. então isto não é amor. não é a dois. sou eu sozinha. que não me consigo despedir de ti.
ou então ficar contigo. mas sem doer. o amor não dói, prometeu-me a minha avó. ela devia saber do que falava. então isto não é amor. não é a dois. sou eu sozinha. que não me consigo despedir de ti.
quinta-feira, maio 27, 2004
on the road
como bagagem as latas de cerveja, alguns maços de tabaco, óculos escuros e duas mudas de roupa. não precisa de mais nada. o carro. a estrada. ele. as folhas brancas onde rascunha palavras ou pinturas. do lado de lá o inóminavél destino em forma de precípicio ou montanha. a música que nunca pára nas cassestes roubadas da última rádio onde trabalhou.
o vício é mais forte. partir. porque nunca há nada que o prenda. não há fé. não há raíz. não há porto para atracar. há a furiosa perseguição da vida. pelo sonho. pela liberdade. viajar.
sempre que pode. sempre que despe o fato e a gravata. parte. deixa a casa arrendada. (quando voltar logo encontrará outra)e segue. não procura ninguém em especial. não há ninguém especial. verdadeiramente. há pessoas que aceitamos melhor do que outras. encontra corpos. deixa camas vazias. nunca a alma. essa continua em viagem. estrada fora.
o vício é mais forte. partir. porque nunca há nada que o prenda. não há fé. não há raíz. não há porto para atracar. há a furiosa perseguição da vida. pelo sonho. pela liberdade. viajar.
sempre que pode. sempre que despe o fato e a gravata. parte. deixa a casa arrendada. (quando voltar logo encontrará outra)e segue. não procura ninguém em especial. não há ninguém especial. verdadeiramente. há pessoas que aceitamos melhor do que outras. encontra corpos. deixa camas vazias. nunca a alma. essa continua em viagem. estrada fora.
quarta-feira, maio 26, 2004
no abraço
apertado. de quem não quer largar. não quer deixar ir. preso pelos braços que juntam corpos. vidas. opostas. como só eu sei. quase gosto destes regressos. desta viagem que me parece sempre demasiado longa. destas saudades e destes silêncios. quase gosto. destes braços quebra-nozes. abraços de distância e desespero.
quase gosto destes abraços em que me encostas à parede. e o meu corpo é teu. os cabelos ficam presos entre os teus dedos. e a pele acaba por se confundir. num abraço. apertado. de desespero, desejo e saudade.
Tenho saudades de abraçar assim...
quase gosto destes abraços em que me encostas à parede. e o meu corpo é teu. os cabelos ficam presos entre os teus dedos. e a pele acaba por se confundir. num abraço. apertado. de desespero, desejo e saudade.
Tenho saudades de abraçar assim...
terça-feira, maio 25, 2004
Parada
parada. no meio da estrada. meio adormecida ou dormente. sem me importar com quem passa ao meu lado. se é que alguém passa. não sinto nada. permaneço quieta no meu pesadelo diário. o pensar que dói. numa noite tão escura como esta. em que o abismo espreita em cada entrada. e o próximo passo (quando o der será para lá. O absimo de sonhos. o caos antes da estrela. a chuva antes do sol. por enquanto adormecida ou dormente. parada. à espera da vida. à espera de mim mesma.
Com
palavras pequenas confesso: quero-te encontrar por aí. outra vez. quero que os nossos caminhos se voltem a cruzar e eu te possa dizer tantas coisas. essas mesmas que ainda não disse a ninguém. quero estar nua para ti. brilhar à luz branca do Luar. do teu. que adivinho nos beijos que trocámos que será um Luar pleno. de brilho e de magia. isso é só a minha imaginação. argumentas tu. será?
espero para ver. arrisco. num já consentido jogo. contudo temido. porque não sei o fim. não me imagino no fim. sei só que ainda sorrio. por mim.
espero para ver. arrisco. num já consentido jogo. contudo temido. porque não sei o fim. não me imagino no fim. sei só que ainda sorrio. por mim.
segunda-feira, maio 24, 2004
mil vezes
disse que era o fim. Que depois disto ou daquilo tudo haveria de terminar. queria um fim simples, sem muitas lágrimas, sem mais desilusões ou discussões. queria pelo menos conservar o teu sorriso entre os meus braços, o cheiro da tua pele na minha. queria que ficasse algo de bom depois de nós. queria que houvesse esse depois de nós. acabou. quebraram-se as pontes. ficou o silêncio das madrugadas em que já não nos veremos e o vazio das palavras que já não diremos um ao outro. nunca mais. nem mesmo em sonhos. a varanda, as noites e os cafés, as músicas e os cigarros vão continuar. agora apenas comigo. porque acabei por partir. sozinha.
domingo, maio 23, 2004
Sem mãos
porque já não preciso delas. As minhas não se podem unir com as tuas. sem olhos porque não posso ficar-te noites a contemplar-te enquanto dormes. sem sentidos porque não te posso sentir. Sem ouvidos porque não te ouço a chamar-me. sem voz porque não te posso dizer que te amo. sem nada. sem ti.
domingo, maio 16, 2004
Como se...
hoje fosse já amanhã, num dia bem mais tarde, onde eu te pudesse dar a mão sem ter de fechar os olhos com muita força. Como se eu te pudesse prender contra a parede e devorar o teu corpo com a ponta dos meus dedos. Como se as minhas palavras te pudessem hoje e para sempre prender. Como se não houvesse distância. Como se hoje e só por hoje tudo fosse mais do que um sonho. Como se hoje a minha realidade pudesse ser o teu sonho..
sexta-feira, maio 14, 2004
Mudo
de nome, de número de telefone, de morada e de cidade. Assim sei que não me vais poder encontrar. Assim é mais fácil perceber porque não sei de ti. Assim encontro uma boa desculpa para o teu silêncio. Não és tu que não queres saber de mim. Fui eu que desapareci. Repito mil vezes esta mentira. Um dia, num dia qualquer, ela tornar-se-à verdade em mim. No teu silêncio. E na minha espera.
sábado, maio 08, 2004
Em jeito
... de despedida falas-me de cavalos que são impossiveis de deter e que precisam de correr soltos por aí. Como tu, disses-me tu. Não te posso agarrar, nem prender. Falas-me de liberdade que tanto ambiciono e dás-me a solidão como factura. Mostras-me um mapa cheio de caminhos e de viagens que quero fazer e dizes-me para partir sozinha. Sem abraços, sem braços que me esperem depois, no regresso. Incerto e tardio, prevês tu. Com um beijo casto na testa, apelidas-me de guerreira. Não sei se sou, nem sei se quero ser. Acho que preferia acabar as minhas noites nos teus braços. Parto. Sozinha. Com a certeza que desta vez, não estarás à minha espera na estação. Em jeito de despedida, confesso-te: és capaz de ter razão há cavalos demasiado selvagens e sobretudo há quem não tenha força, jeito, sentimento, para os conseguir deter. Em jeito de despedida, digo-te ainda: amei-te. Por tudo o que não pudeste ser para mim.
Hoje sou
as palavras que me custaram a sair. Sou o eco das tuas palavras mal pronunciadas. Sou as lágrimas que não me atrevi a chorar à tua frente. Doeriam mais, entendes? Sou o silêncio que ficou quando saíste. A luz ténue de um quarto que conhecemos de cor. Sou as paredes brancas que pintámos com as palavras do nosso amor. Sou no fim sozinha. Sou o sol que fica depois de tantas chuvas. Sou a terra molhada que lentamente desperta. Sou tudo aquilo que sobejou depois de ti. Sou eu. Sem mais nada. Sou eu outra vez. Sem ti.
quarta-feira, maio 05, 2004
Queria
desesperadamente que me pedisses para ficar. Meia-hora. Um dia, uma semana, um mês. o tempo que fosse. o tempo suficiente para mais um beijo, uma carícia adormecida no meu rosto de menina pequena e traquinas. Bastava apenas uma palavra. Deste-me as reticências de um silêncio que conheço de cor. Que não quer dizer nada. Ou que pelo contrário diz-me tudo aquilo que não quero saber. Que não me vais pedir para ficar. Porque já cá não estás. Pede-me para ficar... meia hora, um dia, uma semana. num beijo, num gesto ou numa palavra.
segunda-feira, maio 03, 2004
sem sentido
isto, as emoções, a escrita, enfim tudo. Acho que me fico por aqui desta vez. Não há volta a dar. O resultado é sempre o mesmo. Até um dia...
quinta-feira, abril 29, 2004
vinho tinto
como sangue que escorre pelo teu corpo. pele branca que encarna um novo corpo. um novo espírito. beijo-te a pele molhada e escuto junto ao silêncio das noites murmuradas as tuas dores. Quase tão físicas que o corpo se contrai a cada palavra que se solta. a medo. com dor.
os movimentos tornam-se mais lentos e a língua solta-se com palavras que ainda não aprendi a dizer mas que me saem sem querer. sentes? delicadas, fortes como o sabor do vinho que ainda sinto nos lábios.
os movimentos tornam-se mais lentos e a língua solta-se com palavras que ainda não aprendi a dizer mas que me saem sem querer. sentes? delicadas, fortes como o sabor do vinho que ainda sinto nos lábios.
quarta-feira, abril 28, 2004
Sorrisos
Aprende-se assim:vivendo. Vive-se assim:lutando. Inaugurei hoje um novo sorriso em mim. Um sorriso desconhecido ou raramente aparecido para mim própria. Não é de euforia, alegria, paixão ou amor. É um desses sorrisos de felicidade. Inteira. Íntima. Que vem de dentro e cá fora adquire um brilho próprio. Sorrio. Por mim. Comigo.
domingo, abril 25, 2004
Abril
Olhá-lo e saber que é verdade. Estamos juntos e sós. Num quarto escondido do mundo. Sem saber como nem porquê, rimos ás gargalhadas; de nós e dos outros que observamos pela janela. Brindamos com copos de papel cheios de água à nossa solidão. Matamos todos os que pertencem ao mundo lá de fora. Aqui, só importa o agora. Agora, só nos importamos connosco. Não, não somos egoístas. Afinal, lá fora, quem é que se importou connosco?
Tantos ou tão poucos, que fomos condenados a esta solidão interior, de existir apenas neste aqui e neste agora. Daqui a pouco tempo morreremos. Vão-nos matar. Assassinar a alma e os pensamentos. Vai restar o corpo. Esse, eles, deixam para mim. Eles não podem matar o meu corpo. É crime, e eles são profissionais respeitáveis. Mas o que vai restar de mim, depois?
Agora, ainda tenho tudo. Tenho a consciência de que perdi tudo. A família, os amigos, o trabalho e que amanhã vou perdê-lo. Mas lutei, lutámos contra o inimigo escondido em cada esquina, em cada rosto que passava por nós na rua. Resisti enquanto pude. Mas esta não é uma batalha só minha... o meu tempo esgota-se. Acredito e quero acreditar até ao fim que algum dia tudo vai mudar.
Estou sozinha com ele. O meu corpo está junto ao dele, de tal forma que o oiço viver, em batidas tão coordenadas que me dá vontade de chorar. Penso que amanhã, ou depois, quando descobrirem este lugar, não vão haver lágrimas. Eles não as merecem. Só ele. Que cansado, adormeceu, encostado a mim. Vão-nos separar. Esse vai ser só o princípio de tudo. Angustiados e exaustos, iremos confessar coisas inimagináveis. Estaremos já mortos nesses instantes.
Morreremos pela Pátria. Sem honras ou futuras lembranças. Seremos apenas mais dois que amámos a liberdade mesmo quando ela ainda significa a nossa morte.
Foram apenas dois amantes, a quem não deixaram esperar por Abril...
Tantos ou tão poucos, que fomos condenados a esta solidão interior, de existir apenas neste aqui e neste agora. Daqui a pouco tempo morreremos. Vão-nos matar. Assassinar a alma e os pensamentos. Vai restar o corpo. Esse, eles, deixam para mim. Eles não podem matar o meu corpo. É crime, e eles são profissionais respeitáveis. Mas o que vai restar de mim, depois?
Agora, ainda tenho tudo. Tenho a consciência de que perdi tudo. A família, os amigos, o trabalho e que amanhã vou perdê-lo. Mas lutei, lutámos contra o inimigo escondido em cada esquina, em cada rosto que passava por nós na rua. Resisti enquanto pude. Mas esta não é uma batalha só minha... o meu tempo esgota-se. Acredito e quero acreditar até ao fim que algum dia tudo vai mudar.
Estou sozinha com ele. O meu corpo está junto ao dele, de tal forma que o oiço viver, em batidas tão coordenadas que me dá vontade de chorar. Penso que amanhã, ou depois, quando descobrirem este lugar, não vão haver lágrimas. Eles não as merecem. Só ele. Que cansado, adormeceu, encostado a mim. Vão-nos separar. Esse vai ser só o princípio de tudo. Angustiados e exaustos, iremos confessar coisas inimagináveis. Estaremos já mortos nesses instantes.
Morreremos pela Pátria. Sem honras ou futuras lembranças. Seremos apenas mais dois que amámos a liberdade mesmo quando ela ainda significa a nossa morte.
Foram apenas dois amantes, a quem não deixaram esperar por Abril...
sexta-feira, abril 23, 2004
Depois de um beijo
Regresso ao beijo, ao abraço, às palavras e às ternuras para te dizer que depois não é preciso haver vazio, nem arrependimentos, nem promessas. Depois basta um sorriso para saber que valeu a pena. Basta ter o coração aberto. Depois basta voltar às nossas antigas vidas mesmo que não haja próxima vez. Depois é o hoje em que não sei muito mais o que te dizer de ontem. Depois ainda está por acontecer.
terça-feira, abril 20, 2004
Pele
sempre mais. Muito mais. As mãos avançam lentamente. A medo. Com muito medo. Mas prosseguem por trilhos estranhos e desconhecidos. Não percebo porque não tens medo das minhas mãos. Não percebo se as queres no teu corpo. Continuo. Sinto-te. Ouço-te. E no fim de tudo, reconheco-te como meu. És?
sábado, abril 17, 2004
sem pensar
... evito as chatices do costume e não penso. Deixo a lógica de lado. E esqueço os conselhos dos outros. E vivo. Sabe-se lá o quê. E por quanto tempo. Vivo. E isso é de tudo o mais importante.
quinta-feira, abril 15, 2004
de pés descalços...
... pintando à luz de um dia que ela teima em não deixar terminar. Só. De pernas sobrepostas. Em pose de artista. De vendida. Ao mundo dos sonhos. Ao que está para lá das tintas e das telas. Ao que está para lá destas palavras que a tentam descrever sem conseguir. As calças dela deixaram de ser brancas no momento em que as começou a usar para pintar. Agora são uma tela. Como uma ela. Que é Mulher. E só por isso linda. Os cabelos curtos conferem-lhe um ar maroto que os olhos de menina endiabrada confirmam. É arte. É paixão no corpo das formas que as minhas mãos precisam de agarrar. No sorriso que me prende a esta janela onde a observo sem pudor. Porque ela é minha. Porque a reinvento na minha solidão. Ela, de calças brancas, pés descalços pintando. Enquanto eu escrevo...
quarta-feira, abril 14, 2004
Incompletos e suspensos
Sei e tenho-o como uma verdade quase absoluta, dessas que provém apenas do coração que entre nós, não nem haverá mais do que isto. Estes momentos irrepetíveis em que toda eu tremo ao tocar o teu rosto. As minhas mãos percorrem os olhos fechados, constroem linhas imaginárias até ti. Linhas que nunca te chegam a alcançar.
Calas-te. Fechas os olhos. E o silêncio é o nosso. As palavras e os desejos emigraram para um qualquer lugar distante onde ficaram também os rótulos, as pessoas e tudo o resto que não faz parte de nós, mas que é parte integrante de mim e de ti. E que existe. Mas não hoje. Não agora.
Não preciso de confirmação. Isto somos nós. A música sai deste silêncio de palavras caladas, porque é de todo impossível confessar-te que talvez sejas tu, o tal. Aquele que me pode prender a uma realidade diferente. Tenho medo. Eu que sempre me orgulhei de não ter medo de nada. Tenho medo de ti. Medo de nós.
Medo das tremuras que sinto pelo corpo, medo da tua respiração acelerada, pelo ritmo das minhas mãos que te tocam em círculos lentos apenas pelo rosto, tocando levemente pelos lábios que nunca serão tocados pelos meus.
Assim sou eu. Assim somos nós. Num misto de certezas e de inseguranças, de carinho, de palavras e silêncios nessas madrugadas recheadas de tudo o que fica depois de um sorriso teu, de menino que apetece cuidar.
Mas não posso ser eu, pois não? Há um muro intransponível entre nós, feito de preconceitos, de ideais e de certezas que não podemos ultrapassar. Isso seria o caos, o qual acredito seria demasiado incontrolável para nós conseguirmos lidar.
Por isso fico por aqui. Por este espaço vazio. Por esta madrugada em que já te foste embora e te despediste como sempre, com um beijo na testa. Assim somos nós. Incompletos e suspensos
Calas-te. Fechas os olhos. E o silêncio é o nosso. As palavras e os desejos emigraram para um qualquer lugar distante onde ficaram também os rótulos, as pessoas e tudo o resto que não faz parte de nós, mas que é parte integrante de mim e de ti. E que existe. Mas não hoje. Não agora.
Não preciso de confirmação. Isto somos nós. A música sai deste silêncio de palavras caladas, porque é de todo impossível confessar-te que talvez sejas tu, o tal. Aquele que me pode prender a uma realidade diferente. Tenho medo. Eu que sempre me orgulhei de não ter medo de nada. Tenho medo de ti. Medo de nós.
Medo das tremuras que sinto pelo corpo, medo da tua respiração acelerada, pelo ritmo das minhas mãos que te tocam em círculos lentos apenas pelo rosto, tocando levemente pelos lábios que nunca serão tocados pelos meus.
Assim sou eu. Assim somos nós. Num misto de certezas e de inseguranças, de carinho, de palavras e silêncios nessas madrugadas recheadas de tudo o que fica depois de um sorriso teu, de menino que apetece cuidar.
Mas não posso ser eu, pois não? Há um muro intransponível entre nós, feito de preconceitos, de ideais e de certezas que não podemos ultrapassar. Isso seria o caos, o qual acredito seria demasiado incontrolável para nós conseguirmos lidar.
Por isso fico por aqui. Por este espaço vazio. Por esta madrugada em que já te foste embora e te despediste como sempre, com um beijo na testa. Assim somos nós. Incompletos e suspensos
segunda-feira, abril 12, 2004
Intimidades...
As roupas que caiem no chão. Atabalhoadamente. Com pressa. E sem jeito. É sempre a primeira vez, mesmo para nós, que já andamos nisto há alguns anos. Agora estamos assim: nus perante o outro. E olhamo-nos. Cessa o desejo. Pára o desatino. O tempo queda-se. Afinal é isto a intimidade. Descobres-me as cicatrizes e desvendas-me as rugas, enquanto eu em ti, procuro os primeiros cabelos brancos, uma qualquer tatuagem feita numa noite de loucura e paixão. E de repente, as mãos substituem-se aos olhos. E nesse mesmo repente já pensamos saber tudo um do outro. Pelo menos o que interessa. Que cada corpo é um corpo diferente. Que é sempre a primeira vez que as roupas caiem no chão, é sempre a primeira noite em que se sai a meio da madrugada, sem fazer barulho para não acordar o outro. É sempre mais um engano. Um prazer delimitado.
E que importam essas considerações agora? O teu corpo chama pelo meu. Pede-lhe ainda mais pele, com ainda mais ardor. E já não penso. Sou incapaz de realizar qualquer operação que não seja beijar-te ou ter-te. Ou beijar-te novamente.
E olhar-te. Cada pedaço de pele és tu. E eu quero-te. Mesmo que saias no meio de muitas madrugadas. Numa hás-de ficar. A tua roupa ficará no chão. O teu corpo enrolado no meu e os teus beijos serão os meus comprimidos para dormir, o teu ressonar será a minha canção de embalar, a tua pele será a minha almofada. Afinal, a intimidade também é isto.
E que importam essas considerações agora? O teu corpo chama pelo meu. Pede-lhe ainda mais pele, com ainda mais ardor. E já não penso. Sou incapaz de realizar qualquer operação que não seja beijar-te ou ter-te. Ou beijar-te novamente.
E olhar-te. Cada pedaço de pele és tu. E eu quero-te. Mesmo que saias no meio de muitas madrugadas. Numa hás-de ficar. A tua roupa ficará no chão. O teu corpo enrolado no meu e os teus beijos serão os meus comprimidos para dormir, o teu ressonar será a minha canção de embalar, a tua pele será a minha almofada. Afinal, a intimidade também é isto.
terça-feira, abril 06, 2004
Quando vens...
Vens. De braços abertos e desarmado, prometes tu. Vens com um sorriso inteiro que me abraça e me quer proteger. Dos outros e sobretudo de mim mesma. Dos meus medos. Que são muitos. Tantos que não te consigo enumerar. Ainda não te ganhei e já tenho medo de te perder.
Vens com a tranquilidade de um pôr-do-sol, prometes-me a noite, a madrugada, o dia, a vida inteira se for preciso. E enquanto vens e tornas a vir sempre com um sorriso eu fujo e tenho medo. Das armas que podes trazer escondidas, das mágoas que podem estar por vir, das feridas antigas que parecem nunca cicatrizar.
Vens com um beijo. Daqueles que não existem. Um roçar de lábios suave. A pele na pele. Lentamente. Vens e eu esqueço-me dos medos. De tudo. Esqueço-me das minhas defesas e dos meus enganos. Esqueço-me do que já fui. E só me lembro do que quero ser... contigo.
Vens com a tranquilidade de um pôr-do-sol, prometes-me a noite, a madrugada, o dia, a vida inteira se for preciso. E enquanto vens e tornas a vir sempre com um sorriso eu fujo e tenho medo. Das armas que podes trazer escondidas, das mágoas que podem estar por vir, das feridas antigas que parecem nunca cicatrizar.
Vens com um beijo. Daqueles que não existem. Um roçar de lábios suave. A pele na pele. Lentamente. Vens e eu esqueço-me dos medos. De tudo. Esqueço-me das minhas defesas e dos meus enganos. Esqueço-me do que já fui. E só me lembro do que quero ser... contigo.
domingo, abril 04, 2004
Afinal
os sábios tinham razão. A lua cheia não se aguenta por muito tempo. A minha já começou a mingar. Quem sabe se não é melhor assim. Fechar as portas, enterrar palavras, esquecer nomes, rostos e gestos. Queimar lembranças. E voltar a sorrir depois das lágrimas terem todas secado.
lua cheia
Garantem-me os sábios que a lua não fica cheia por muito tempo. Que vai mingar com o tempo e que é assim também o amor e os estados de alma. Que há altos e baixos. Em tudo. Mas hoje, esqueço-me de todas essas garantias e suspendo o tempo numa lua cheia que quero guardar para sempre. Em ti.
sexta-feira, abril 02, 2004
Ainda não acredito
nas palavras que caiem em nós, nos beijos que acontecem sem querer, sem um motivo, uma razão, porque tem mesmo de acontecer, sem enhuma explicação... depois quando é o meu olhar que sustenta o teu, sempre fixado em mim à espera. Ainda não acredito que haja este tempo tão presente, que acho sempre que se enganaram e isto, este presente, não é para mim.
Pegas-me na mão e sussuras-me baixinho: gosto de ti. E nessa altura, acredito em tudo. Acredito em ti. E acredito neste presente...
Pegas-me na mão e sussuras-me baixinho: gosto de ti. E nessa altura, acredito em tudo. Acredito em ti. E acredito neste presente...
quarta-feira, março 31, 2004
Caminhos
Por um caminho. Estranho. De terra batida e muito pouco conhecido. Foi nesse caminho que nos encontrámos e em que eu choquei contigo. Assim sem mais nem menos. Como toda a gente profetizou um dia " quando menos esperares, puf!, acontece!". E aconteceu. Acontece. Quando me inventas mundos, quando me dás a mão e o mundo parece apenas ser o nosso ou quando os teus lábios roçam suavemente os meus. Quando fecho os olhos, esqueço os medos. Esqueço-me de tudo. Mas encontro-te no mesmo caminho. À minha espera, desde sempre, garantes tu.
sexta-feira, março 26, 2004
Sem lua nem sol
porque há dias assim... cinzentos. Em que me apetece mandar o mundo à m****. Em que me apetece fugir e deixar de entender, há dias assim em que ponho tudo em causa, em que me ponho em causa. em que fumo demasiado. em que me sinto demasiado. Dias sem lua nem sol. Sem luz. Cinzentos e sem qualquer brilho que se arrastam por horas indefenidas em autocomiseração. São assim estes dias...
terça-feira, março 23, 2004
Eu, apenas, eu...
Gosto da vida. Dos seus constantes desafios. Das quedas que obrigam ao nascimento de feridas. Das lágrimas que brotam sem cessar. Mas gosto sobretudo da liberdade de olhar de frente para o mundo e da utopia que alimenta o sonho de o poder possuir um dia por inteiro. Nem que seja comprimido no corpo ou no sorriso inteiro e franco de alguém. Sem cordas. Sem prisões porque tal como as gaivotas, aspiro à liberdade. E o amor é uma forma de liberdade. Do corpo e do espírito.
Exponho-me. Entrego-me. Porque não quero perder tempo. Porque a vida é curta, como me ensinaste um dia. E, juro-te não quis acreditar. Éramos jovens, tinha o tempo todo para te confessar o que sentia. Até um dia, o tempo se ter esgotado entre nós.
Agora agarro a vida. Suspendo o tempo entre as minhas mãos e impeço o amor de se escapulir. Muitas vezes não consigo. Porque não depende de mim. As coisas que amo são livres de ir e voltar. Afinal a liberdade faz parte do amor. É isto o equílbrio do trapezista que vive sempre sem rede. É isto o voo interminável da gaivota. É isto o motor de arranque de qualquer viajante. É isto que me faz viver. E procurar. Sempre o mais. O meu mais.
Exponho-me. Entrego-me. Porque não quero perder tempo. Porque a vida é curta, como me ensinaste um dia. E, juro-te não quis acreditar. Éramos jovens, tinha o tempo todo para te confessar o que sentia. Até um dia, o tempo se ter esgotado entre nós.
Agora agarro a vida. Suspendo o tempo entre as minhas mãos e impeço o amor de se escapulir. Muitas vezes não consigo. Porque não depende de mim. As coisas que amo são livres de ir e voltar. Afinal a liberdade faz parte do amor. É isto o equílbrio do trapezista que vive sempre sem rede. É isto o voo interminável da gaivota. É isto o motor de arranque de qualquer viajante. É isto que me faz viver. E procurar. Sempre o mais. O meu mais.
sábado, março 20, 2004
A imagem foi retirada daqui
O horizonte a perder de vista. As gaivotas que se esvoaçam livremente pelos céus. Em busca de alimento. Voam. Pelo prazer de voar. De buscar. De atingir o limite dos céus. Da liberdade.
Cansadas, passam apenas a planar. Com a ajuda da breve brisa que as faz flutuar na superfície morna de um sonho incessante, mas já velho e doloroso demais para o esforço que implica voar.
Eu ainda voo. De asas feridas. Cansadas ou quebradas. Ignoro a dor de ontem. De hoje e de amanhã. Prefiro contemplar o horizonte. Na clasura de um sonho. De olhos abertos para o mundo.
segunda-feira, março 15, 2004
O convite
para beber um copo, para dançar num discoteca cheia de barulho, luzes e álcool, para um jantar, para uma ida ao teatro, ao cinema, a uma exposição de pintura, a um jardim, a uma aldeia perdida no meio de Portugal num fim-de-semana repleto de aventuras. Os convites. Consecutivos e quase sempre irrecusáveis. Até ao último.
"Queres ser a minha madrinha de casamento?"
Madrinha de casamento, repeti sem cessar para mim mesma. Porque não? Porque não sentia vontade de aceitar aquele último convite?
A resposta descobri-a nessa noite quando me olhei ao espelho e vi nele reflectida a verdade. Madrinha?! não. Porque não. Porque gostava dele. E era tarde demais para lhe dizer. Já não havia tempo para um último convite. Nem para mais nada. Madrinha? Porque sim. Porque ele é o meu melhor amigo. Porque lhe devo isso. Afinal é o seu último convite...
"Queres ser a minha madrinha de casamento?"
Madrinha de casamento, repeti sem cessar para mim mesma. Porque não? Porque não sentia vontade de aceitar aquele último convite?
A resposta descobri-a nessa noite quando me olhei ao espelho e vi nele reflectida a verdade. Madrinha?! não. Porque não. Porque gostava dele. E era tarde demais para lhe dizer. Já não havia tempo para um último convite. Nem para mais nada. Madrinha? Porque sim. Porque ele é o meu melhor amigo. Porque lhe devo isso. Afinal é o seu último convite...
sexta-feira, março 12, 2004
Não me canso
de te olhar, de espreitar em ti as cores que me inundam de alegria. De te tocar e de sentir os meus dedos a percorrer lentamente a tua pele. De te ouvir. De te calar com o meu silêncio que não é mais do que a falta de palavras. Da ausência de saudades inconfessáveis. Não me canso disto, seja lá o que isto for...
quarta-feira, março 10, 2004
Um novo blog
Nasceu! É bonito. Ou promete ser. Fala de amor. Da história de amor deles e é escrita por ambos. Dá vontade de acreditar que eles existem mesmo e que é de verdade o que sentem e o que escrevem. Às vezes como hoje dá vontade de acreditar no Amor. Pelo menos o deles. Começa assim a história:
"Sem príncipes ou princesas...
Não há lugar nesta história para príncipes ou princesas. Nem há fadas que tornem a nossa história possível. Nem sequer há bruxas para nos envenenar. Não há florestas encantadas onde nos possamos encontrar à luz mágica do luar. Não há ficção. " Encontrem o resto desta história feita de seda e ganga aqui
"Sem príncipes ou princesas...
Não há lugar nesta história para príncipes ou princesas. Nem há fadas que tornem a nossa história possível. Nem sequer há bruxas para nos envenenar. Não há florestas encantadas onde nos possamos encontrar à luz mágica do luar. Não há ficção. " Encontrem o resto desta história feita de seda e ganga aqui
A®dor
Doença infecto-contagiosa. Vírus letal. Prisão perpétua. Quarentena eterna, em camas impessoais, onde me deito, me esqueço de ti e me lembro que dói. Tudo. Corpo vivo a morrer em chama ardente. Memória lembrada por esquecer. Ferida que dói e se sente. Vela. Ardor, que inflama o corpo. Dói. Muito... Aqui e agora neste espaço pequenino em que as tuas mãos não tocam nas minhas. Em que estás longe, mesmo que eu te sinta perto. Tanto que parece insuportável não te poder tocar. Frases curtas com palavras grandes que não conseguem esgotar o frio que não se aquece, o ardor que não arrefece, nem com as lágrimas que congelam antes de despontarem nos meus olhos.
Fugir, esquecer, lembrar que estar viva é arrombar cofres e pilhar todos os sorrisos amarelos que se encontrarem. Perder-me para me depois me encontrar num café cheio sorrisos estranhos, onde pedir colo é tão simples como pedir um cigarro ou um gole de água. Morrer devagar, esfumando-se no sabor estranho do tabaco proibido.
Esconderijo forçado. Submundo da solidão. Onde não te encontro e por isso te choro. Pedaço de tempo retirado ao mundo, em que respiro um ar carregado de longos silêncios ,encobertos pela escuridão da noite.
Luz fraca, que não põe a descoberto a ferida e não fere os olhos. Mar imenso e fundo onde mergulho, sem querer, todas as noites. Mais uma noite. Dor. Sempre a dor. E o ardor que vence quase todos os meus sorrisos.
Abril 2001
Fugir, esquecer, lembrar que estar viva é arrombar cofres e pilhar todos os sorrisos amarelos que se encontrarem. Perder-me para me depois me encontrar num café cheio sorrisos estranhos, onde pedir colo é tão simples como pedir um cigarro ou um gole de água. Morrer devagar, esfumando-se no sabor estranho do tabaco proibido.
Esconderijo forçado. Submundo da solidão. Onde não te encontro e por isso te choro. Pedaço de tempo retirado ao mundo, em que respiro um ar carregado de longos silêncios ,encobertos pela escuridão da noite.
Luz fraca, que não põe a descoberto a ferida e não fere os olhos. Mar imenso e fundo onde mergulho, sem querer, todas as noites. Mais uma noite. Dor. Sempre a dor. E o ardor que vence quase todos os meus sorrisos.
Abril 2001
quinta-feira, março 04, 2004
Morte:
Branco, tudo muito branco: velas, lágrimas e dor. Entranhada nos ossos e nos pequenos músculos do coração que o fazem bater mais lentamente, como se quisesse também ele parar. Negro, escuro. Nas roupas carregadas de mágoa.
Uma borracha branca, instantes efémeros que se escreveram a lápis num tempo e num espaço distante. Palavras ignoradas, beijos adiados e quilómetros que não se percorreram.
Tudo branco, os nossos momentos, transformados em mágoas, que nos consomem devagar, lentamente, naquela morte cinzenta de se ir acabando, entre lembranças e lágrimas.
Altar de ninguém; sítio onde não te encontro; muro que separa dois amantes que se queriam juntos e juntos se fizeram eternos, nas lágrimas de cera derretida em igrejas e capelas. Frio, que não se aquece, sombra que não se esquece. Silêncio magoado. A dor ignorada ontem, hoje tão nossa, tão minha, lembrada nos meus dedos que ainda te escrevem cartas, nos olhos que ainda te procuram nos imensos olhos do mundo, nas minhas mãos que ainda querem as tuas. Fogueira. Auto sem Fé. Chamas. Não te oiço, mas sei que me chamas, a tua voz percorre a distância dos quilómetros de estrada com sentido único. Sem mapa e sem sentido. Sinal de paragem obrigatório. Stop, no cruzamento errado. Pelas nossas contas, o sinal só deveria estar muito à frente. Quando fôssemos velhinhos e já não precisássemos de dizer nada. Seria um stop natural, para o silêncio que ficaria quando os nossos olhares se tocassem e as palavras emigrassem para longe de nós. Morte. A tua. A minha.
Julho de 2000
Uma borracha branca, instantes efémeros que se escreveram a lápis num tempo e num espaço distante. Palavras ignoradas, beijos adiados e quilómetros que não se percorreram.
Tudo branco, os nossos momentos, transformados em mágoas, que nos consomem devagar, lentamente, naquela morte cinzenta de se ir acabando, entre lembranças e lágrimas.
Altar de ninguém; sítio onde não te encontro; muro que separa dois amantes que se queriam juntos e juntos se fizeram eternos, nas lágrimas de cera derretida em igrejas e capelas. Frio, que não se aquece, sombra que não se esquece. Silêncio magoado. A dor ignorada ontem, hoje tão nossa, tão minha, lembrada nos meus dedos que ainda te escrevem cartas, nos olhos que ainda te procuram nos imensos olhos do mundo, nas minhas mãos que ainda querem as tuas. Fogueira. Auto sem Fé. Chamas. Não te oiço, mas sei que me chamas, a tua voz percorre a distância dos quilómetros de estrada com sentido único. Sem mapa e sem sentido. Sinal de paragem obrigatório. Stop, no cruzamento errado. Pelas nossas contas, o sinal só deveria estar muito à frente. Quando fôssemos velhinhos e já não precisássemos de dizer nada. Seria um stop natural, para o silêncio que ficaria quando os nossos olhares se tocassem e as palavras emigrassem para longe de nós. Morte. A tua. A minha.
Julho de 2000
quarta-feira, março 03, 2004
Palavras
de estar aqui, de escrever como agora... em que os meus dedos são as palavras que sinto e essas são tão poucas que não te dizem porque ainda continuo por aqui... a escrever. Porque sim, às vezes também eu me canso de escrever e de ser assim. Também penso em desistir destas palavras, destes sentimentos todos e de todas estas memórias inventadas ou não. Mas resisto. Persisto em escrever. Em ser assim. À espera de dias melhores. Aqui. Sozinha. Com as minhas palavras que são os dedos que tocam à noitinha em surdina.
terça-feira, fevereiro 24, 2004
Cantos e recantos
A imagem foi retirada daqui
Sobrou a cadeira de baloiço. Sobraram as tardes. As árvores e as cores que faziam deste recanto, o nosso cantinho. Mesmo quando ainda só havia esta cadeira de baloiço, o colchão, o fogareiro de campismo e duas canecas azuis pintadas por ti. As canecas partiram-se na nossa primeira discussão. O fogareiro foi para o lixo. Sobrou a cadeira de baloiço. Sobrou a terra húmida em que enterrávamos as mãos para a cultivar. Sobraram as árvores ardidas que morreram de pé num desses Verões quentes que ainda acontecem por aí. Ainda sobrou muita coisa. Sobrei sobretudo eu. Sobraram as memórias de momentos perenes que os instantes não deixaram durar.
domingo, fevereiro 22, 2004
Previsões metereológicas
Céu nublado. Cheia de nuvens. Carregadas de energia e prontas a explodir numa magnífica trovoada colorida de relâmpagos. E chuva. Que em mim são lágrimas tuas.
sábado, fevereiro 21, 2004
Labirinto
Ando um pouco mais. Perco-me. Vislumbro um novo caminho e volto a andar um pouco mais. Perco-me. E sem saber como nem porquê, sei que estás do outro lado deste labirinto. Volto a andar com a esperança renovada de todos os viajantes perante mais uma encruzilhada. Ultrapasso as armadilhas. Por uma única recompensa. Tu. Agora perdi-me novamente. De ti. E tantas mais vezes de mim mesma.
terça-feira, fevereiro 17, 2004
O vestido
A preto e branco. Como nos filmes. Que deveriam terminar com um beijo longo e apaixonado. Cheio de magia, de cores e sabores. Em que eu deveria conhecer a tua boca e saber de cor o seu sabor, a textura dos teus lábios, de olhos fechados. Mas não há beijo, há apenas o regresso de uma viagem ao Porto que não cheguei a fazer. E há o vestido de noite que não chegou a acontecer. E há o resto. O inexplicavél que já nem sequer vale a pena falar. Sem pausas. Porque tinha que ser assim.
sexta-feira, fevereiro 13, 2004
Pausas
uma pausa...justa, merecida e sobretudo muito necessitada. Vou de férias. Para o Porto. Eu porque preciso e o blog por acrescento. Vou esvaziar a cabeça. Tentar não pensar em nada e sobretudo tentar não sentir nada. Nada mesmo. Não é uma fuga. Porque mesmo que quissese fugir de ti, nunca poderia fugir de mim mesma.
quinta-feira, fevereiro 12, 2004
de veludo
em pequenos toques que me acariciam a pele. O beijo pequeno dado no canto da boca à espera de mil promessas, as mãos entrelaçadas numa troca sempre silenciosa. O filme na Tv. As palavras que saiem agarradas sempre umas às outras agrafadas a ternuras e aventuras. A minha pele na tua pele, deslizando e arrancando-te a alma. O som, o silêncio. Eu e tu. Enterrados em veludo. A sabermos tudo sobre nós. A esquecer-nos de dizer o essencial. A lembramo-nos de nós mesmos quando a pele toca a pele. Quando o prazer acontece. Quando és quase quase quase meu. E eu sou tão tua que me esqueço por vezes de ser minha.
terça-feira, fevereiro 10, 2004
Tantas e tantas histórias
fazem este blog. Dão corpo às palavras. Dão-me alma a mim. Devolvem-me sorrisos. E são minhas. Rasgadas, queimadas, filtradas. Esquecidas. Requentadas uns tempos depois. Quentes ou arrefecidas. Leves ou carregadas com o peso do caminho. Do passado. E do futuro. Do que ainda não se fez. São as minhas histórias. Quase tão vossas como minhas. Porque são reinventadas por vocês...
Garrafinhas d'água
Ainda te lembras da expressão? E da descoberta? Das palavras à voz, da voz à imagem? Foi apenas um único instante num naufrágio aparente de ideias, ilusões e sentimentos. De palavras que se colaram umas às outras e que se fizeram desaparecer. Mergulharam num azul profundo e esqueceram-se de ser palavras. De unir pessoas. De suprimir distâncias. Flutuam apenas. Como garrafinhas d'água que alguém quis largar em mar alto. Aqui bem perto de nós...
Anoitece
como se fosse possivél o dia acabar entre nós. Como se a luz da noite quissese enfranquecer o nosso brilho. Como se o silêncio pesado das madrugadas se pudesse substituir as nossas palavras. Como se fosse possivél cristalizar sentimentos e estes pudessem ficar suspensos num único dia. Como se fosse possivél que a noite nos intimide e nos faça esvanecer. Em fragmentos. Que são estrelas. E que se avistam ao fundo. Inertes.
Anoiteces. Ainda que nos meus braços. Mas já tão distante...
Anoiteces. Ainda que nos meus braços. Mas já tão distante...
terça-feira, fevereiro 03, 2004
E poderia ter sido tudo tão diferente...
Não poderia? Deixa-me acreditar que sim. Que eu poderia ter outro corpo. Que tu me poderias ter amado. Que poderias ter entrelaçados as tuas mãos com as mãos e que no fim dia poderíamos ter sido felizes. Eu poderia ter outro corpo que tu descobrisses lentamente. Com os olhos, mãos e língua em movimentos totais e absolutos. Como poderia ter sido o teu amor por mim. Absoluto. Como poderia ter sido amor, em vez dessa outra coisa qualquer indefinivél que sentias por mim. Que me fez agarrar-me a ti, enquanto me acabava a separar de mim mesma. Poderia ter sido tudo tão diferente, se tivesses amado o meu corpo ou seu pudesse ter outro. Poderia ter evitado as lágrimas e os cortes na pele. O sangue a alagar o meu corpo que já pede redenção depois de tantas dores. Poderia ter sido tudo tão diferente. Até me poderias ter amado. E eu assim poderia ter uma boa razão para viver.
Assim foi...
o esgaçar da nossa pulseira. O inicio de algo que pretendíamos duradouro. Que pudesse iludir a solidão de dois corpos habituados a resistir sozinhos às intempéries. Assim foi numa noite, numa cama vazia de si, que ela se desprendeu de mim. Há sempre um tempo para tudo. Até para o fim. Para o o fim destes elos que pensámos inquebráveis assim que nos comprometemos a existir no leve espaço de um beijo ou de uma palavra. Assim foi o esgaçar da nossa pulseira. Do nosso elo. Assim foi o nosso fim, numa cama vazia de ti e de mim.
sábado, janeiro 31, 2004
Xaile
preto, carregado de franjas, histórias e mistérios. O xaile da minha avó. Que pus por brincadeira um dia para me assemelhar a ela. Naquelas brincadeiras de infância em que queremos ser grandes e parecidas com as pessoas de quem mais gostamos. Eu gostava dela e gostaria de ser como ela.
O xaile que me assenta como uma luva hoje é apenas um pormenor no muito que me assemelho à minha avó. O rosto e as minhas histórias parecem por vezes um decalque do que foi a vida dela. Cheia de franjas de um fado triste e vadio, de histórias de rua e mistérios de um coração que nunca nenhum homem acabou por verdadeiramente desvendar. Assim foi ela. Assim sou eu. Por acabar de desvendar.
O xaile que me assenta como uma luva hoje é apenas um pormenor no muito que me assemelho à minha avó. O rosto e as minhas histórias parecem por vezes um decalque do que foi a vida dela. Cheia de franjas de um fado triste e vadio, de histórias de rua e mistérios de um coração que nunca nenhum homem acabou por verdadeiramente desvendar. Assim foi ela. Assim sou eu. Por acabar de desvendar.
terça-feira, janeiro 27, 2004
quebra-se
o vidro do relógio, os ponteiros afastam-se e o tempo esfuma-se na areia espalhada da ampulheta. Quebram-se os ossos num abraço apertado de encontros fortuitos e de regressos adiados. Quebram-se os pratos em gritos atirados pela janela fora. Quebram-se palavras perante o silêncio de um fechar de olhos já distantes. Quebra-se a pele em beijos e toques ardentes. Quebra-se o som em excitantes gemidos murmurados ao ouvido.
Em mim ... onde tudo me quebra devagarinho. Em ti onde se quedam as minhas lágrimas
Em mim ... onde tudo me quebra devagarinho. Em ti onde se quedam as minhas lágrimas
sexta-feira, janeiro 23, 2004
absolutamente
a entrega, o sentimento. o hoje, o aqui e agora sem nos preocuparmos com o depois de amanhã feito de lágrimas, quedas e feridas por cicatrizar. almas escuras, almas magoadas. asas quebradas ou lágrimas para limpar. não. isso tudo seriam apenas pormenores de um dia como o de hoje. em que te amo assim. absolutamente. sem medos. sem pensar. só sentindo. os cheiros, as texturas que fazem disto uma coisa absoluta. pelo menos por hoje, por agora, aqui neste espaço fechado onde te invoco, te recordo e te sorrio. . sentindo-te apenas, sentindo-me apenas.absolutamente
quinta-feira, janeiro 22, 2004
de noite
sempre de noite. A luz ténue lá em cima. O convite expresso no sorriso dos teus lábios ainda húmidos do último beijo. Os cabelos desalinhados. A erva. A terra molhada pela chuva que nos apanhou desprevenidos e felizes. De noite. À noite, enquanto passeávamos pela serra e esperavámos conquistá-la. Não era difícil. Tudo parecia ser possível ali. Os beijos, os abraços, as promessas de olhares e as juras de silêncio à luz daquela Lua assemelhavam-se a qualquer coisa de eterno que ficaria sempre gravado nos troncos de àrvore em que deixávamos os nossos nomes e o sinal de + entre eles. Esquecemo-nos apenas de pôr o = . Ou se calhar, não esquecemos. Era de noite e estávamos distráidos. A chuva apanhou-nos desprevenidos. Éramos jovens. E não podíamos saber, ninguém nos avisou que as serras não se conquistam e que a seguir à noite, vem sempre o dia. Mesmo que venha devagar. A noite também morre. Como nós. Assim era este o resultado da soma que tanto quisemos gravar nos troncos das árovores. A nossa forma de eternidade. O sonho da noite. Antes mesmo do dia despontar no nosso horizonte com um sorriso ainda maior do que o nosso. É possivél?
Em branco
Sem luz. Neste canto escuro onde escondo a alma, onde sinto a falta de tudo. Sinto falta de mim. Não me levanto. Não sou capaz. Submersa entre os cobertores e a solidão teço as minhas lágrimas num sal que não enfeita nenhuma história, mas que tempera apenas as minhas dores. Em branco. Sem luz.
terça-feira, janeiro 20, 2004
(...)
Esqueço-me do teu olhar, ignoro os teus sorrisos e rejeito chamadas. Por isso neste momento não te penso, não te sinto e mesmo por isso me esqueço. De ti e depois de mim. Enterro-me viva. Ou mais ou menos morta porque já não há sonho. Não há espera. E não há sobretudo razão para continuar. É um funeral tardio e adiado vezes sem conta, apoiada na ilusão esperançada de que talvez amanhã pudesse ser melhor. Não o é, nem o vai ser nunca. Por mais que doa, por mais que seja também essa a verdade. Isolo-me e escondo. Não quero as manhãs, as tardes ou as noites. Não quero nada. Só talvez o descanso. Espera-me a solidão inevitavél, o desespero e depois disso tudo... o resto.
domingo, janeiro 18, 2004
Sei que não
que não me é permitido sentir o que sinto. Que não posso dizer o que quero, que não te posso beijar ou abraçar quando tenho vontade. E, sinto em mim, em nós, demasiados nãos. E não os suporto. E não os quero carregar mais dentro de mim. Por isso vomito-os todos num rompante de mágoa, de raiva e de amor. Agora tudo o resto não passa desse bocado de massa informe que ficou espalhada no chão à espera que alguém limpe. Já não te espero. Nem sequer sei se ainda te quero.
Agora e daqui em diante sou gelo. Inquebravél e distante. Cortante e indiferente a tudo. A todos. A ti e principalmente a mim ao que sinto. E ao que quero deixar de sentir.
Agora e daqui em diante sou gelo. Inquebravél e distante. Cortante e indiferente a tudo. A todos. A ti e principalmente a mim ao que sinto. E ao que quero deixar de sentir.
sexta-feira, janeiro 16, 2004
The end of us
Just the end. In you eyes. In your litlle smile. In my words. In my silence. Just the final end. Without tears or regrets. The end of us.
quinta-feira, janeiro 15, 2004
"Lê o que passa atrás de meus olhos."
"Lê o que passa atrás de meus olhos." Vacuum
Gosto de ti. Através da sombra. Escondida entre palavras e devaneios que são pequenos espasmos de dor que às vezes não consigo suster em mim. E saem cá para fora. Como gritos silenciosos que nem sei se quero que ouças. Porque uma palavra a mais e depois? Por isso quero que me leias através dos meus olhos, das minhas mãos que tremem ao tocar-te, dos meus sorrisos parvos, das palavras que te vou confessando a conta-gotas e que te dizem tudo. Mesmo aquilo que não queres ouvir. Porque tens medo de que tudo se quebre. Eu escondo-me nesse teu medo e recolho-me na sombra. Ainda à tua espera.
Gosto de ti. Através da sombra. Escondida entre palavras e devaneios que são pequenos espasmos de dor que às vezes não consigo suster em mim. E saem cá para fora. Como gritos silenciosos que nem sei se quero que ouças. Porque uma palavra a mais e depois? Por isso quero que me leias através dos meus olhos, das minhas mãos que tremem ao tocar-te, dos meus sorrisos parvos, das palavras que te vou confessando a conta-gotas e que te dizem tudo. Mesmo aquilo que não queres ouvir. Porque tens medo de que tudo se quebre. Eu escondo-me nesse teu medo e recolho-me na sombra. Ainda à tua espera.
terça-feira, janeiro 13, 2004
Sem palavras
hoje sou assim... sem palavras. Ou com palavras difíceis de pronunciar que se ficam nas imediações de algum sítio que conheço de cor. Hoje sou o beijo que não te roubei ontem. O pedido que não fiz. A mão que não te agarrou. Sou o silêncio do primeiro olhar matinal. Sou o toque suave que pede sempre mais, mesmo sabendo que não pode ser. Sou a história incompleta e fugidia. Sou todos os medos. Todos os ventos que te arrastam para longe. Sou as ilusões que não me atrevo a confessar-te. Sou as fantasias que não me deixam dormir. As ousadias que não me permito ter. Sou sem palavras... apenas eu. Apenas tua.
sexta-feira, janeiro 09, 2004
E porque
porque o teu olhar se encontrou com o meu. E porque um beijo aconteceu porque não deveria acontecer. E porque te escrevo porque sei que não me lês. E porque gosto de ti no segredos dos meus sonhos. E porque as minhas mais secretas palavras não te dizem nada. E porque te ouço em noites intermináveis sem sono. E porque o vento te traz, mesmo quando te empurro para lá de mim. E porque não me consegui ainda libertar de ti. E porque falo sempre do mesmo. E porque ainda te trago dentro de mim. Num recanto qualquer cheio de sorriso que por teimosia insisto em coleccionar. E porque gosto de ti... escrevo-me nestas linhas de lua cheia.
quinta-feira, janeiro 08, 2004
quarta-feira, janeiro 07, 2004
Pedaços de ti
Fragmentos que te esqueceste de levar contigo. Ou então talvez já nem sequer os quisseses de tão presos que ficaram em mim. Não me disseste adeus, foste-te despedindo aos poucos, como quem pede desculpa por se ir embora, quando já não pode mesmo ficar. E tu não podias. Fui apenas um porto em que demoraste apenas o tempo suficiente para deixares esta memória imensa: um filho. Nosso, no momento que mo deste agrafado a um beijo e um malmequer. Mas meu com pedaços de ti encrustrados nos olhos, no cabelo e no sorriso. Olho-o e sorrio. É por ele que vale a pena sorrir.
Espero
recolho-me nas sombras de uma noite que teima em não passar. Escondo-me aqui, nestas palavras que ninguém lê e permito-me à noite adormecer com a tua imagem nos meus olhos e o teu nome mil vezes repetido pelos meus lábios, embala-me os sonhos. Talvez seja por isso que não durmo em paz. Que tenho pesadelos e que acordo sempre sozinha. Talvez seja por isso que procuro noutra qualquer coisa, aquilo que sei que não podes dar. Mas ainda espero, mesmo sabendo que não posso esperar. E continuo à procura de algo que engane a falta que me fazes.
Plágios...
Sou contra, absolutamente contra estes absusos. Se escrevemos o que escrevemos é porque é íntimo e é nosso, apesar de estar publicado, apesar de meia dúzia de pessoas os lerem, estes pequenos contos e/ou apontamentos são nossos. Falo por mim. Pelo prazer, às vezes doloroso, de escrever. Porque desvendamos segredos e intimidades, porque construímos histórias à volta de nós próprios e porque muitas vezes nos permitimos ser nós próprios enquanto escrevemos. É por isso que aquilo que escrevemos é tão nosso. Pode ser partilhado. Mas continua ainda dentro de nós, porque só o som da nossa voz lhes dá o sentido e o sentimento. Assim por direito e por sentimento sou contra esses abusos que a Eva denuncionou no seu limbo e que também já me tinha acontecido a mim pela mesma pessoa.
Não...
Não, não desapareci do blog, nem deixei de escrever. Foi apenas uns desentendimentos técnicos comigo e com os computadores, nada de grave portanto! Obrigado pela preocupação de todos aqueles que me escreveram preocupados com o possivél fim deste Luar.
sábado, janeiro 03, 2004
A viagem
A chuva pingava nos vidros. Os outros, os amigos, lá atrás iam aos poucos adormecendo ao som do cansaço de mais uma viagem e de mais uma passagem de ano. Os kilómetros de estrada passavam por nós indiferentes. E nós, por eles, ainda mais indiferentes, serenos e certos do nosso destino. Tão calculado e quase tão previsivél que nada podia alterar aquela ordem das coisas.
Numa população qualquer estivemos parados imenso tempo à espera que um rebanho de ovelhas resolvesse acabar de passar a estrada. E nesse pequenino espaço de tempo, tudo se comprometeu, tudo se alterou. Eles dormiam embalados pelas brincadeiras, pelo alcóol e pelos sonhos. Nós acabávamos de acordar. Devagar. A custo. Como se cada gesto nos magoasse e nos fosse doloroso. Tínhamos medo. Mas também tínhamos tempo. O rebanho era grande. Elas eram lentas. E chovia. Eles dormiam.
Eu fui a primeira a descer neste lento regresso a casa. Já não chovia. Já não havia rebanhos e eles já tinham acordado. Mas nós ainda nos tínhamos. Com um beijo que não chegou a acontecer, mas que ficou preso nos cantos dos nossos lábios. Como uma promessa. À espera de uma outra viagem. De outro rebanho e de uma outra chuva.
Numa população qualquer estivemos parados imenso tempo à espera que um rebanho de ovelhas resolvesse acabar de passar a estrada. E nesse pequenino espaço de tempo, tudo se comprometeu, tudo se alterou. Eles dormiam embalados pelas brincadeiras, pelo alcóol e pelos sonhos. Nós acabávamos de acordar. Devagar. A custo. Como se cada gesto nos magoasse e nos fosse doloroso. Tínhamos medo. Mas também tínhamos tempo. O rebanho era grande. Elas eram lentas. E chovia. Eles dormiam.
Eu fui a primeira a descer neste lento regresso a casa. Já não chovia. Já não havia rebanhos e eles já tinham acordado. Mas nós ainda nos tínhamos. Com um beijo que não chegou a acontecer, mas que ficou preso nos cantos dos nossos lábios. Como uma promessa. À espera de uma outra viagem. De outro rebanho e de uma outra chuva.
Sem resoluções
Rompi a tradição este ano: Não comi passas. Não pedi os 12 desejos. Mas assim que ouvi as 12 badaladas, fechei os olhos com muita força e pensei em ti. Quando os abri de novo. Estavas à minha frente a perguntar-me pelas minhas resoluções de ano novo. Não te respondi. Não podia. Afinal tu és a minha mais firme resolução neste novo ano.
Em mim
Voltei. Ao lugar que criei sem quase sem querer e que aos poucos se tornou uma parte importante de mim. Voltei. Um ano mais velha. Com mais lágrimas, mais sorrisos e sobretudo com mais sonhos. Com mais energia e mais vontade de ser feliz. De sair do limbo, dos túneis perversos onde por vezes eu me escondo da luz. Porque ela fere os olhos. Voltei. A mim. Um ano mais velha, prontinha para tentar ser feliz neste novo ano. Feliz 2004!
Subscrever:
Mensagens (Atom)